Capital Humano: Recrutar nas redes sociais, a moda está a pegar

Julho 1, 2010 by  
Filed under Notícias

Empresas em Portugal como a Sonae, o Ikea ou a Microsoft já aderiram a esta nova forma de contratação de colaboradores. Conheça as vantagens e saiba porque é que deve ter o seu currículo ‘online’ sempre actualizado.

Não estava nos planos de Andreia Vieira regressar ao Porto nem continuar a trabalhar na área da Telecomunicações, mas um convite irrecusável da Optimus, que surgiu através da Star Tracker, acabou por mudar a sua vida. “A pessoa que me encontrou na rede, que viria a ser minha directora, andava à procura de um candidato exactamente com o meu perfil. Como sempre achei que é importante estarmos receptivos a novas oportunidades, por vezes bem distantes do caminho que traçamos, resolvi responder e ver o resultado”, diz Andreia Vieira, que actualmente trabalha como ‘account manager’ na operadora.

Apesar de terem surgido como um meio de comunicação interpessoal, cada vez mais empresas têm vindo a olhar para as redes sociais como uma ferramenta de recrutamento. Daí se explica que, depois do sucesso do Facebook ter lançado expectativas altas quanto às possibilidades destes meios, tenham vindo a surgir redes exclusivamente dedicadas ao recrutamento e comunicação profissional. LinkedIn, Monster ou mesmo a portuguesa Star Tracker são casos de sucesso.

Tiago Forjaz, fundador desta última, explica que uma das principais vantagens da fusão entre a comunicação pessoal e a procura de emprego é que “os nossos amigos podem indicar-nos um novo emprego ou até referenciar-nos para uma oportunidade. Mas a maior vantagem é a oportunidade encontrar-nos a nós”, explica.

As vantagens são muitas e vão além do investimento reduzido. As redes sociais contêm muito mais informação do que os currículos e, por isso, tornam-se mais ricas enquanto fontes vivas de investigação dos talentos que se estão a analisar, como adianta Tiago Forjaz.
“As redes são uma forma importante de recolha de informação para além das notas curriculares. Através da Internet é possível saber mais sobre as pessoas e o seu percurso, bem como recolher ‘feedback’ do próprio ou de terceiros”, concorda Miguel Rangel, director de relações institucionais, marca e comunicação da Sonae, uma das empresas que aposta neste sector e que até já criou a sua própria rede social de recrutamento (Rede Contacto).

Também o Ikea utilizou estas novas vertentes da contratação ‘online’ para colocar novos funcionários na sua loja de Loures, em Abril passado, o que representou uma “aposta clara na oportunidade, rapidez e amplitude que as novas tecnologias e, em particular as redes sociais profissionais, criam”, afirma Catarina Tendeiro, directora de recursos humanos do Ikea Portugal. “A tecnologia de que dispomos hoje é um facilitador nestes processos, já que nos permite ter acesso à informação muito mais rápido e, consequentemente, ter uma maior e melhor capacidade de resposta para as pessoas que nos contactam”, acrescenta.

Aliás, a rapidez, por vezes, surpreende, como aconteceu a André Bergonses: “Trabalhava na L’Oréal como gestor de produto, mas não me sentia satisfeito. Estava na altura de mudar. Fiz o meu currículo e nem sequer abri um jornal, comecei logo a pesquisar na Internet. Já estava no Star Tracker e encontrei um anúncio das Páginas Amarelas que me interessou. Respondi e obtive resposta logo no dia seguinte. Foi o primeiro ponto de contacto e foi muito rápido. Não estava à espera que a resposta chegasse tão rápido”, afirma. Hoje, André Bergonses continua na empresa que o contratou através desta rede e está a trabalhar em Antuérpia.

Mais do que um concorrente, as redes são um complemento
Em Portugal, empresas como o Ikea, a Sonae, a Optimus, a Microsoft ou as Páginas Amarelas são exemplos da adesão crescente ao potencial das redes sociais, mas as consultoras do sector do recrutamento continuam a ser as utilizadoras mais intensivas destes meios. É esse o caso da Boyden. “As redes sociais são cada vez mais importantes e globais. É uma base de dados mundial. Um complemento cada vez mais importante, porque cada vez mais pessoas estão ligadas”, explica Fernando Neves de Almeida. O presidente da empresa de ‘executive search’ lembra, no entanto, que, embora sejam uma boa fonte de recrutamento, “não são nem nunca serão a única. Claro que não descuramos essa forma de pesquisa, mas é perigoso quando se pensa que os candidatos se esgotam ali. As redes não servem para avaliar pessoas”.

É uma opinião partilhada por Miguel Rangel, da Sonae. “As redes sociais têm a vantagem de permitir uma maior interacção entre as empresas e os candidatos, facilitando o processo de selecção. No entanto, devem ser vistas como complementares no processo de recrutamento, já que ainda há variáveis que apenas o contacto pessoal permite aferir”, defende.

Esta visão traduz a resistência que ainda se vai sentindo a uma aposta mais forte na utilização das redes sociais. Para além do tabu, por parte dos candidatos, de admitirem que estão à procura de emprego na Internet, “o principal entrave ainda é a falta de conhecimento e fluência na utilização da tecnologia e a assiduidade de utilização da Internet por parte da maior parte das pessoas que realmente têm o poder de tomar estas decisões no mundo corporativo”, salienta Tiago Forjaz.

Assim, podemos dizer que as empresas portuguesas já vão utilizando estas novas oportunidades que surgem com as novas tecnologias, mas ainda pouco. A nossa realidade ainda está aquém do que acontece nos Estados Unidos, “onde 20% dos empregadores utilizam massivamente as redes sociais como fonte de recrutamento”, revela Tiago Forjaz.

Recrutados pela rede:

Margarida Pedroso, Corretora de seguros Aon, 30 anos
Margarida Pedroso foi contactada em Novembro passado no Linkedin, depois de ter sido indicada por uma pessoa da área de trabalho. Acabou por ser contratada e deu um salto na carreira. “Já tinha sido abordada três vezes pela rede por consultoras de recursos humanos, mas estava de licença de parto. A Aon contactou-me directamente. Considero o Linkedin muito útil em termos profissionais. A rede acabou por ser um óptimo veículo de comunicação”, diz a corretora de seguros.

André Bergonse, Páginas Amarelas 26 anos
André Bergonse não estava satisfeito com a sua situação profissional como gestor de produto na L’Oreal e, no final do ano passado, fez o seu currículo. “Nem sequer abri um jornal, comecei logo a pesquisar na Net”, afirma. Já estava no The Star Tracker e encontrou um anúncio que lhe interessou de emprego das Páginas Amarelas que lhe interessava para mudar de área. “Respondi e obtive resposta logo no dia seguinte. Não estava à espera que a resposta chegasse tão rápido”, diz.

Fonte: Económico



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