Marketing: Marcas brancas são 30% mais baratas e qualidade não fica atrás

Janeiro 26, 2011 by  
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Consumo de produtos de marca própria aumentou nos piores anos da crise e representa já 25% do mercado alimentar

Os portugueses têm-se rendido às marcas brancas, já que a crise fez das suas e ditou um maior aperto no orçamento das famílias. Não surpreende que o consumo de marcas próprias da grande distribuição tenha crescido nos piores anos da crise, em 2008 e 2009, e que já represente 25% do mercado alimentar, segundo a associação das empresas de distribuição (APED). Os produtos de marca branca são, de resto, 30% mais baratos, em média, do que os outros, pelos cálculos da DECO.

«Especialmente em momentos de crise económica, o consumidor está mais disponível para optar por uma solução que oferece um relação de qualidade/preço mais interessante», explicou à Lusa o presidente da APED, Luís Reis.

Outra das razões que justificam o aumento do consumo de marcas próprias, em especial no mercado alimentar, é o facto de o distribuidor estar a introduzir cada vez mais produtos de marca própria.

«Havendo mais oferta, há também mais procura». Com mais produtos e com os consumidores mais sensíveis à relação qualidade-preço, até por causa da crise, «é natural» que se opte cada vez mais pelas marcas brancas. Criadas em 1990, «ganharam a confiança» do consumidor que já não teme pela qualidade destes produtos. «Especialmente em 2009 as marcas da distribuição cresceram e as marcas dos produtores não cresceram».

Crescimento tem limites

Iogurtes, leite cereais e bebidas são alguns dos vários produtos de marca própria expostos nas prateleiras das grandes superfícies, a um preço mais barato do que os produtos semelhantes com marca do produtor.

«Neste momento a média europeia de penetração das marcas dos distribuidores na área alimentar é de 35%. Em Portugal estaremos próximos dos 25%. Ainda existe um grande espaço para crescer a percentagem das marcas próprias no total do cabaz das famílias portuguesas».

Luís Reis deixa no entanto o aviso de que existe um limite para esta escalada, até porque a média de crescimento na Europa está próxima da barreira aceitável, porque o consumidor quer uma relação de qualidade/preço, mas também quer ter variedade: «A distribuição tem de saber equilibrar as marcas de penetração próprias com a variedade de produtos».

O economista António Souto da Deco Proteste adiantou que «nos estudos comparativos que temos feito, os produtos de marca própria são muitas vezes a escolha acertada, pela sua qualidade e preço, e num cabaz alimentar permitem, de uma forma geral, poupanças de 30% aos consumidores».

Vamos a exemplos: na edição de Outubro desta revista foram testados dez dentífricos, tendo-se concluído que os produtos mais eficazes contra as cáries, a placa bacteriana e o tártaro e mais protectores das gengivas estavam entre os mais baratos e eram marcas próprias de supermercados.

«As pastas Continente Tripla Acção e Auchan Creme Total revelaram-se as mais eficazes depois das análises no laboratório. Como custam 99 cêntimos por embalagem (75 ml) reúnem a melhor relação entre a qualidade e o preço e recebem os títulos de Melhor do Teste e Escolha Acertada».

Os técnicos da DECO concluíram ainda que, ao corrigir o preço em função das perdas, aquelas pastas de dentes custam 1,08 euros e 1,09 euros, respectivamente, permitindo ambas poupar mais de 2,90 euros face à Sensodyne Total Care (4,01 euros de preço corrigido) e, segundo o estudo, garantem melhor protecção para os dentes.

«O consumidor já sente um certo à vontade em comprar marcas próprias, às quais está conferida uma certa qualidade. Qualidade ao ponto do estabelecimento ter colocado lá o seu nome como marca».

Fonte: Agência Financeira

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