Inovação: Aproveitar a cortiça para desenvolver as palmilhas ideais para obesos e carteiros

Março 9, 2011 by  
Filed under Notícias

A 3DCork, empresa de moldação de cortiça, em Santa Maria da Feira, está a desenhar um apoio para indivíduos com sobrecarga de peso permanente ou temporária.

O projecto chama-se Stress Less Shoe, representa um investimento de 120 mil euros, comparticipados na sua maioria pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e envolve várias parcerias.

A 3DCork, empresa de moldação de cortiça, localizada em Paços de Brandão, Santa Maria da Feira, está neste momento a desenvolver duas palmilhas em cortiça com o objectivo de proporcionar maior conforto a quem tenha sobrecarga de peso permanente ou temporária. Como obesos, carteiros, montanhistas, caminheiros, operários que trabalhem em pé, trabalhadores de empresas petrolíferas, entre outros. No final do ano, as palmilhas serão lançadas no mercado nacional e internacional.

A 3DCork está habituada a produzir componentes para calçado, já fabrica palmilhas de conforto e tacões em cortiça, e decidiu rentabilizar o seu know-how para investir num novo produto. Contactou o Centro Tecnológico do Calçado de São João da Madeira para criar uma palmilha especial com especificidades nunca antes sentidas no mercado. Os estudos já começaram e os apoios para o pé estão em testes laboratoriais para que os materiais, além da cortiça, sejam seleccionados.

O que já está decidido é que haverá uma palmilha para obesos e outra para os restantes pés que estejam sujeitos a sobrecargas temporárias de peso. Sara Nunes, gestora comercial e financeira da 3DCork, adianta que os estudos realizados revelaram que o pé de um obeso tem uma configuração diferente dos indivíduos que estão muito tempo em pé. “Estudámos as zonas de pressão do pé onde interessa haver uma certa correcção do andar”, explica.

Depois das palmilhas desenhadas, duas empresas do sector do calçado desenvolverão um sapato apropriado à incorporação do apoio do pé. “Será um calçado específico. O objectivo é minimizar o desconforto provocado pela sobrecarga de peso”, sublinha a responsável. Os testes prosseguem e Sara Nunes ainda não adianta preços. “Será um produto que terá uma boa aceitação no mercado. Será uma palmilha interessante, tendo em conta o resultado que irá obter.” E as características da cortiça encaixam na perfeição nos resultados que se pretendem obter: um produto maleável, confortável e amigo do ambiente.

Logo que o projecto começou a dar os primeiros passos, procuraram-se parceiros para que o desenvolvimento das palmilhas fosse o mais rigoroso possível. O Centro Tecnológico do Calçado de São João da Madeira, a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a Faculdade de Engenharia do Porto e o Instituto Superior de Saúde da Universidade do Porto também participam.

A 3DCork molda a cortiça conforme as exigências do cliente. O processo parece simples. O granulado de cortiça é colocado em moldes que determinam a forma das peças requisitadas e que entram em máquinas a temperaturas certas. Os estudos e testes até à fase da produção exigem tempo à empresa que se dedica à comercialização de produtos em cortiça para decoração, artigos de escritório, componentes para calçado e peças de rigor técnico para utilização industrial.

Em 2010, desenvolveu uma peça única a pedido de um cliente dinamarquês, radicado em Portugal: uma protecção em cortiça para o iPad. “Nunca antes se tinha feito uma peça com essas características, é uma protecção que encaixa no iPad e que garante a estabilidade dimensional da peça.” Em Novembro, a protecção foi lançada para o mercado. A empresa produz ainda saboneteiras, bases para travessas, tapetes, punhos para ski, carteiras, bolas de críquete. Tudo em cortiça.

É sobretudo no centro da Europa que moram os seus principais clientes. “É onde há uma maior consciência ecológica e onde a cortiça tem uma maior aceitação”, afirma a gestora financeira. Os EUA são o mais recente mercado em exploração. Com alguns clientes portugueses, a empresa exporta praticamente a totalidade da sua produção, mesmo que de forma indirecta, uma vez que os produtos vendidos em território nacional acabam por ter o mercado externo como destino. “É um negócio de pormenores, não se ganham milhões, mas é um nicho interessante.” Em tempos de crise, Sara Nunes não concretiza o valor da facturação, mas garante que de 2009 para 2010 a empresa registou um crescimento de cerca de 30 por cento.

Fonte: Oje – o Jornal Económico



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