A marca registrada de um empreendedor

Março 15, 2011 by  
Filed under Notícias

Por Valdemar Fonseca *

Características empreendedoras” são para mim, qualidades que nos dão suporte para o exercício do empreendedorismo. Tais qualidades, necessariamente, não são genéticas, ou seja, pessoas que num primeiro momento, aparentemente, não as possuem, podem sim, desenvolve-las e utiliza-las como excelentes ferramentas pessoais para obtenção do sucesso (tanto do ponto de vista pessoal como empresarial), destacando que mais importante que uma definição generalizada de sucesso, o que importa, é o sucesso que você deseja para você mesmo, sendo este o que lhe proporciona felicidade e sentimento de satisfação e realização pessoal, e não aquele imposto pelos que lhe rodeiam.

Como em artigos anteriores, se não me engano o que trata de escolas empreendedoras, citei que tais características poderiam ser plantadas e desenvolvidas nos alunos a fim de lhes dar condições de ter mais uma opção frente às oportunidades de mercado (obviamente a partir de uma metodologia pedagógico-científica preestabelecida e validada pelos órgãos competentes), decidi escrever uma série de onze artigos, onde estarei abordando as questões básicas do ser empreendedor (introdução) e dez características que elegi, sendo no meu ponto de vista, as dez principais que compõem o perfil de um verdadeiro (se é que podemos dizer assim) empreendedor.

Antes de iniciarmos, quero combinar mais ou menos nosso roteiro para não divagarmos do foco central, estaremos abordando neste primeiro: a origem do termo empreendedor, uma breve reflexão a respeito da definição contemporânea (uma das), não obstante, das características empreendedoras não fazerem diferenciação de sua aplicabilidade pelo tamanho do negócio, tentarei justificar meu objetivo em focar nos pequenos empreendimentos ou como preferirem, nos empreendedores de pequenos empreendimentos (tentarei ser breve) e finalmente elencarei as dez principais, que serão desenvolvidas nos próximos escritos.

Independente de conectarmos quase que automaticamente o termo Revolução Industrial (meados século XVIII) à Inglaterra, tal Revolução foi um acontecimento Internacional, e seu prelúdio caracterizou-se por um aumento gradativo da produção, que passou de artesanal, para uma produção de maior escala, com processos sistematizados, calculados, a fim de atender cada vez mais a demanda crescente do mercado, principalmente na indústria têxtil. Aqueles que financiavam este “desenvolvimento” eram conhecidos como “capitalistas” (os donos do capital) que compravam máquinas, construíam unidades fabris cada vez mais elaboradas e contratavam grandes massas de mão-de-obra, porém, estes só conseguiam tocar suas fábricas se houvesse matéria prima no volume necessário, caso contrário, como produzir? A tão conhecida figura do “fornecedor” estava começando a tomar forma.

Foi na França, por volta do século XVII que se ouviu pela primeira vez o termo “empreendedor” com objetivo de classificar aquelas pessoas que assumiam riscos. Tais pessoas eram vistas como “indutoras” do desenvolvimento, ou seja, o capitalista injetava dinheiro, financiava; já o empreendedor, assumia o risco para fornecer a matéria prima, era sua ousadia ao assumir tal compromisso, que induzia e possibilitava a produção, o desenvolvimento. Você pode pensar que foi fácil para aqueles empreendedores na época, eu não, pelo contrário, fico imaginando as dificuldades para quem tinha que fornecer couro por exemplo, ou algo semelhante, sem as facilidades de comunicação que temos hoje em dia, como identificar os fornecedores menores? Como coletar a produção? Como acondicionar? Como transportar? Com que transportar? Por onde?… Enfim, era o século XVII !!! E não tenho dúvida que era essa criatividade em romper esses desafios da época que os faziam “empreendedores” desenvolvendo novas e melhores formas de agir a fim de alcançar seus objetivos e cumprir com os compromissos assumidos.

Na metade do século passado o termo empreendedor voltou a ser usado para classificar pessoas criativas capazes de alcançar o sucesso por meio da capacidade de fazer inovações, hoje, podemos enumerar centenas de especialistas e literaturas que abordam o tema em todo o mundo, e a partir de algumas definições que gosto juntamente com a própria conceituação que possuo a respeito, preferi construir a definição que segue:

Empreendedor é aquele que permanentemente busca a mudança, reage a ela e a explora como uma oportunidade, é aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação. Empreendedor, é quem enfrenta e vence as mais diversas barreiras para tornar seus sonhos em realidade. É perseverante, contagiante e motivador.

Quando leio definições como esta, a impressão que tenho é que se trata de uma super pessoa com qualidades infalíveis, e que o fracasso corre gritando de medo dela, o sucesso é certo, tal como é certo se molhar se saímos na chuva sem nenhuma proteção, e sinceramente, é esta a impressão que fica rodeando minha mente, da mesma forma quando assistimos, lemos ou escutamos palestras motivacionais que muito tem a ver com o tema, e quando olhamos pra dentro de nós mesmos e não conseguimos enxergar ou reunir um volume/quantidade tal destas características, fazendo com que naquele momento nos identifiquemos com a definição que acabamos de ler… Nossa… É o fim, e o fracasso está à espreita, pois não somos “super” .

A reflexão que gostaria de fazer sobre ser empreendedor é justamente desmistificar, desprender nossa mente das definições que encontramos, e observe que não estou dizendo que as definições estão erradas. Errado, é tentar se “adequar” a uma definição de forma literal, ao invés de “extrair” da definição um aprendizado adequado à minha realidade, a sua realidade, identificando não defeitos, mas sim, oportunidades de melhoria que podem ser implementadas para que eu me torne melhor a cada dia, dentro das possibilidades possíveis sem que isso se torne um “sofrimento”. Tive um Gerente que dizia: “trabalho é meio de vida, e não meio de morte”. Ser empreendedor é principalmente ser feliz e reproduzindo as palavras de Mário Quintana, completo: “louco, é aquele que não consegue ser feliz com o que tem”. Digo isso, não com o objetivo de tolher a sadia ambição empreendedora de querer mais, mas sim, tentar exortá-lo do câncer que ela pode se tornar e da dor, do sofrimento que isso pode causar se não for bem amadurecido e trabalhado em sua mente.

Em visita a uma cidade no interior do Mato Grosso, conheci um empresário cuja empresa fabrica temperos e conservas, e contando sua história ele me disse que há dois anos, era vigilante e sua esposa servente numa escola. Muito bem, sua esposa aproveitando a oportunidade de qualificação oferecida pela Prefeitura local, fez um curso que ensinava como fazer temperos e conservas de forma caseira, e foi muito bem. Começou em casa e teve sucesso no desenvolvimento do que havia aprendido, recebendo elogios dos vizinhos, e alguns começaram a pedir encomendas, enfim, eles arriscaram tudo, saíram dos seus empregos, juntaram os valores de suas humildes indenizações e começaram a “empreender”. Procuraram apoio da Prefeitura local, receberam orientações, capacitações e foram crescendo. Hoje, empregam 05 pessoas e buscam um terreno para construção da pequena fábrica, a fim de possibilitar aumento da produção, sair da residência e contratar mais pessoas, pois o negócio esta crescendo.

Semelhante a esta história espalhados por todo Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, não tenho dúvida, que existem milhares de histórias semelhantes. Pessoas que arriscaram tudo, acreditaram, buscaram o caminho, tomaram iniciativa e foram para batalha, sobrevivendo dia a dia a um mercado desleal, a um cenário fiscal que melhorou, mas que ainda em algumas atividades é desigual, a escassez de capital, capacidade de investimento reduzida, dificuldade em encontrar apoios, subsídios ou crédito com facilidade e sem burocracia, e muitos outros cenários onde as Micro e Pequenas Empresas são tratadas de igual forma as grandes corporações, sem nenhuma facilidade ou diferenciação. Verdadeiros Davis num mercado dominado por muitos Golias. São empreendedores e empresários, que além das características empreendedoras, possuem coragem. Esta é minha justificativa em focar nos pequenos negócios. Nada contra, pelo contrário, tudo a favor aos empreendedores que possuem grandes volumes de capital, empresários de grandes empresas, e que andam nos seus helicópteros ou jatinhos particulares, que podem “errar”, perder alguns milhares de reais sem que necessariamente tenham que “sair” do jogo, ratifico, nada contra, o mercado, o poder público e até mesmo as micro e pequenas empresas precisam dos “Golias” corporativos, pois eles geram grandes volumes de impostos e negócios para os pequenos (além de outras coisas), mas é para os empreendedores dos micro e pequenos empreendimentos que dedico minhas humildes palavras sobre o tema, na esperança de ajudá-los no amadurecimento deste processo de autoconhecimento em descobrir-se empreendedor, sabendo identificar sua marca registrada, suas características que devem ser a cada dia desenvolvidas e aprimoradas, para melhoria e consolidação dos seus negócios.

Finalizo pedindo sua escusa pela extensão deste artigo, e sem delonga elenco abaixo as dez características empreendedoras que estaremos (em artigos menores, risos) desenvolvendo nos próximos escritos que serão apresentados. Grande abraço.

Enxerga oportunidades e toma iniciativa

Pondera os riscos e não tem medo de assumi-los

Busca qualidade e eficiência continuamente

Age com perseverança e convicção

Tem compromisso com seus objetivos

Abre a mente para o aprendizado e busca as informações

Tem clareza de onde quer chegar

Tem controle e não age por impulso

Valoriza, alimenta e mantém sua rede de contatos

Acredita em si mesmo e mostra independência

* Valdemar Fonseca – Tecnólogo em Mecânica, Pós graduado em Eng. de Manut.e Segurança do Trabalho; Empresário e Secretário Geral – Femicro-ES

Fonte: Incorporativa



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