Marketing: Portugal tem vantagem em exportar 43 produtos mas só aproveita dois

Abril 26, 2011 by  
Filed under Notícias

Há toda uma série de bens que o País pode vender lá fora com mais facilidade. Mas só é líder na cortiça e nas fibras sintéticas.

Há 43 tipos de produtos diferentes que Portugal pode exportar com grande vantagem comparativa, em termos de custos face a outros países. Desses, a economia nacional é líder mundial nas exportações de apenas dois: cortiça e fibras sintéticas e artificiais. É o retrato do comércio externo de um país que aposta tudo nas trocas internacionais para evitar uma recessão profunda em 2011.

De acordo com um estudo da economista Elsa de Morais Sarmento, do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE), do Ministério da Economia, a economia portuguesa tem grande facilidade para exportar uma série de bens que vão desde os mais óbvios – cortiça, calçado, têxteis e cerâmica, por exemplo -, aos mais incomuns – fibras sintéticas, armas e munições. O estudo, baseado nos dados da recém-publicada “Base de dados dos produtos portugueses com maior vantagem comparativa revelada”, pelo GEE, tem por objectivo “expressar as vantagens relativas de custos entre diferentes países a partir das suas especializações comerciais”, refere Elsa Sarmento. Nesse sentido, continua, “países com maior vantagem comparativa na produção de um bem deveriam conseguir exportar mais facilmente uma maior proporção desse bem, relativamente a outros países”.

Seguindo a lógica, e tendo em conta os valores apresentados no estudo, a economia tem muito mais para dar ao exterior do que cortiça e têxteis: produtos cerâmicos; tabaco e sucedâneos manufacturados; bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres; obras de pedra, gesso e matérias semelhantes; e até mesmo armas e munições. Todos estes produtos apresentam um valor significativo no índice de vantagem comparativa.

Mas, de acordo com os últimos dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Portugal é líder mundial apenas na exportações de cortiça e fibras sintéticas e artificiais. Elsa Sarmento frisa que o estudo das vantagens comparativas reveladas, elaborado até ao ano de 2007 – últimos dados disponíveis -, “fornece apenas uma retrospectiva, ou seja, uma análise ‘a posteriori’, sobre os sectores que se apresentaram mais vantajosos em termos de exportação”. Nesse sentido, apenas se foi capaz de traduzir a posição de vantagem que Portugal tinha para ser líder mundial em dois produtos.

Exportações crescem ao maior ritmo desde 1996

Apesar de não aproveitar ao máximo a vantagem em termos de custos em alguns bens transaccionáveis, Portugal não está a sair mal na fotografia do comércio externo. As exportações nacionais cresceram nos dois primeiros meses do ano, por exemplo, 20% face a igual período de 2010. Mais: contando só com o mês de Fevereiro, as exportações cresceram 21,1% em termos homólogos, o maior ritmo desde 1996.

“Se mantivéssemos este ritmo já não entrávamos em recessão”, disse na sexta-feira Basílio Horta, presidente da AICEP. “Se chegássemos ao fim do ano com um aumento de 12%, seria possível um crescimento modesto mas que não fosse negativo”, frisou, durante um encontro com empresários.

Com a austeridade imposta ao País, não restam grandes alternativas que não as exportações para revitalizar um pouco a economia. No Orçamento do Estado para 2011, aliás, já o comércio externo era a grande aposta do Governo para fazer a economia crescer este ano. Basílio Horta admite que será difícil manter o ritmo de crescimento revelado nos primeiros dois meses do ano, mas diz que o sector transaccionável tem que continuar a ser a aposta da economia. E, de acordo com o estudo do GEE, há ainda vários produtos onde Portugal revela já alguma vantagem comparativa, que pode tentar dinamizar: produtos farmacêuticos; químicos orgânicos; e máquinas e materiais eléctricos, por exemplo, têm ainda muito para dar à economia.

Fonte: Económico



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