Inovação: Em apenas dez anos a penetração dos carros eléctricos na Europa poderá chegar aos 25%

Junho 5, 2011 by  
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Reduzir a dependência do petróleo, diversificar as fontes energéticas ou cumprir as metas traçadas no que respeita às emissões de gases com efeito de estufa são objectivos bem conhecidos. Mas o sector dos transportes ainda está longe de encontrar respostas duradouras. Já há algumas, como os veículos eléctricos ou os híbridos, mas a gasolina e o gasóleo continuam a dominar o sector. Será que há apenas um problema tecnológico?

Primeiro, temos pensar naqueles que usam os meios de transporte. Ou seja, a mudança de paradigma decorrerá ao ritmo que os consumidores vierem a impor, viabilizando as melhores alternativas que o mercado tiver para oferecer. A proposta adoptada mais rapidamente pelos consumidores será aquela que irá ter melhor eficiência prática, sem limitações de uso.

Ao mesmo tempo que a oferta de híbridos aumenta em todas as marcas, surgem as primeiras soluções funcionais de electrificação do automóvel, através dos Híbridos Eléctricos Plug-in (PHEV), e ao aperfeiçoamento dos veículos 100% eléctricos. Ou seja, já há várias soluções na calha, mas ainda não existe uma que satisfaça, em simultâneo, as necessidades de mobilidade actuais do ser humano, conjugadas com as de baixar o impacto dos transportes no meio ambiente.

Carros eléctricos, híbridos, a hidrogénio e outros, precisam ainda de evolução tecnológica para se tornarem realmente num modo de deslocação automóvel com capacidades similares aos actuais movidos com base em produtos derivados do petróleo. Mesmo os movidos a etanol, grande aposta do Brasil em termos de mobilidade, perderam alguma força perante os investimentos que este país se encontra a fazer na exploração de combustíveis fósseis. Várias companhias automóveis disponibilizam soluções nesta vertente. É o caso da Ford, por exemplo, cujos veículos da gama Flexifuel são movidos com uma mistura de 85 % de bioetanol e 15 % de gasolina sem chumbo.

Através de um apoio mediático muito forte, o governo português colocou o desenvolvimento dos carros eléctricos na agenda da sua política energética. Para os apoiantes acérrimos, a opção pelos carros eléctricos é uma prioridade. Não só pela oportunidade tecnológica, mas também devido às energias renováveis constituírem uma resposta à dependência do petróleo.

Em Portugal os objectivos são ambiciosos. O executivo pretende que a renovação anual da frota automóvel pública seja feita com pelo menos 20 % de veículos eléctricos. E espera implementar uma rede nacional de mobilidade eléctrica com 1300 locais de abastecimento até final de 2011.

Robert Stüssi, presidente da Associação Europeia para os Veículos a Híbridos, Bateria ou Célula Combustível, em entrevista ao site Cars21, diz que as projecções dos operadores apontam para uma penetração entre os 5 e os 25% dos veículos eléctricos na Europa em 2020, com excepção da Volkswagen, que é mais cautelosa e prevê valores entre 0 e 5%. Para a Renault, estes números crescem para 5 a 10% e, para a Ford, para 15 a 20%. Claro que são valores optimistas, pois podem estar influenciados pelo desejo que estas empresas têm de liderar o mercado global de veículos eléctricos.

A moderação destas previsões decorre das dúvidas dos operadores quanto à fiabilidade e competitividade desta tecnologia. Do ponto de vista ambiental, elevadas quotas de mercado dos veículos eléctricos poderão ser desejáveis, mas serão insuficientes se não forem acompanhadas da descarbonização do sector da energia no seu todo, nomeadamente ao nível da produção da electricidade.

Como a fiabilidade de autonomia das baterias continua ainda muito dúbia, o desenvolvimento dos veículos eléctricos será lento, o que torna esta opção viável essencialmente para circuitos urbanos.

A disponibilidade de estações de troca de baterias e o desenvolvimento das smart grids (redes eléctricas inteligentes) serão necessários, para a implementação mais generalizada dos carros eléctricos. Países como a Holanda, por exemplo, estão já a estabelecer pontos de carregamento dos veículos eléctricos. Mas alguns deles raramente são usados, porque as pessoas preferem carregar as suas viaturas em casa e estes espaços são mais utilizados como parques gratuitos.

A realidade é que ainda ninguém definiu o modelo exacto de negócio para as diferentes modalidades da infraestrutura de carregamento, diz Robert Stüssi. “Ninguém sabe como os consumidores vão reagir e qual o modo de carregamento que vão escolher”.

Fonte: Jornal de Negócios



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