Marketing: Luxo amadurece no Brasil e cresce 129% em cinco anos

Junho 5, 2011 by  
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O Brasil é o país do Luxo. Pelo menos é o que aponta um estudo da GfK em parceria com a MCF Consultoria e Conhecimento, que mapeou o desempenho do segmento nos últimos cinco anos. Segundo o levantamento, o mercado brasileiro de Luxo faturou US$ 8,9 bilhões em 2010, o equivalente a cerca de R$ 15,7 bilhões. Em 2006, o setor movimentava apenas US$ 3,9 bilhões, um crescimento de 129% no período, se considerados os valores em dólar.

Para 2011, a projeção é de que as vendas de produtos e serviços de Luxo cheguem a US$ 11,9 bilhões por aqui, o que representaria uma expansão de 33% comparado a 2010. Acompanhando a expansão do faturamento, a média salarial do setor no Brasil também aumentou, passando de R$ 2.667,00 em 2008, para R$ 4.080,00 em 2010.

Os números são acompanhados pelo otimismo dos executivos do setor. Apenas 17% afirmaram que os resultados do ano passado ficaram abaixo do previsto. “Para 46%, o desempenho foi melhor do que o planejado e para 37% se manteve igual. Ou seja, 86% das empresas tiveram resultados pelo menos iguais ao planejado para 2010”, diz Paulo Carramenha, Diretor-Presidente da GfK, durante palestra no Atualuxo 2011.

Luxo democrático é tendência
Em relação às tendências, o destaque é a ideia de democratização do acesso ao Luxo no Brasil, defendida por 71% das empresas. No mesmo sentido, 70% discordam que uma marca só será de Luxo se for exclusiva, de difícil acesso e restrita. Mas quando o assunto é tornar o Luxo acessível às classes aspiracionais para que o setor se expanda no país, os resultados são equilibrados: 46% concordam, 53% discordam e apenas 1% não sabe.

Hoje, a penetração de produtos e serviços de Luxo no Brasil é estimada em apenas 2,5% da população, o que se restringe às camadas mais altas da população, predominantemente Classe A1 e parte da A2. Para expandir o setor, as estratégias das empresas devem considerar o aumento da presença das marcas em camadas mais baixas, sem perder o apelo aspiracional. Conquistar os clientes da faixa A2 que ainda não consomem Luxo e considerar a classe B1 significaria cerca de 26,3 milhões de novos consumidores.

Sobre o perfil dos clientes, a maioria é composta por homens, mas as mulheres têm conquistado espaço, passando de 46% para 49%, entre 2009 e 2010. No último ano, a maior parte dos consumidores (34%) se concentrou na faixa de 35 a 45 anos. Mas é importante estar atento aos jovens. Os clientes até 35 anos já representam 25% do faturamento das companhias.

Glamour e tradição
Para 39% dos entrevistados, o glamour e a tradição da marca são o principal motivo de atração. Aparecem ainda exclusividade (33%), atendimento personalizado (15%), variedade (7%), localização (3%) e preço (3%). Quando o assunto são as marcas benchmark, a H.Stern é a mais citada entre as brasileiras, com 18%, enquanto a Louis Vuitton é a estrangeira que mais se destaca, com 14%. A empresa francesa, no entanto, registrou queda, comparado aos 18% registrados em 2009. Já a Giorgio Armani saiu de 5% para 8%.

Além de H.Stern, foram lembradas também as nacionais Fasano (10%), Osklen (8%) e Daslu (3%). Porém, todas apresentaram queda, tendo alcançado 14%, 13% e 5%, respectivamente, no ano anterior. Para 14% das empresas entrevistadas, o Brasil não conta com marcas que sejam exemplos para o segmento de Luxo.

Internet na estratégia do Luxo
O levantamento da GfK realizou entrevistas pela internet com 79 empresas nacionais e internacionais, entre abril e maio de 2011. De acordo com os entrevistados, os investimentos no Luxo no Brasil em 2010 ficaram em torno de US$ 1,89 bilhão, ou 21,1% do faturamento do setor. Para este ano, a expectativa é que sejam investidos US$ 2,57 bilhões.

Um dos principais focos em investimento são os eventos. O mercado de Luxo é o que mais lança mão deste tipo de ação. Mas a surpresa é a importância crescente da internet na estratégia de Marketing das empresas. Das companhias pesquisadas, 61% fizerem uso de redes sociais para divulgação no último ano. A maioria esmagadora (98%) das ações foi realizada no Facebook. Em seguida aparecem o Twitter, com 71%, e o Orkut, com 13%.

“A Louis Vuitton tem mais de dois milhões de fãs no Facebook, por exemplo. O desafio é alinhar todas as estratégias dos canais. É importante coerência nas ações. A internet tem custos mais baixos e é mais ágil, às vezes, podendo levar a atitudes que não estão alinhadas com o propósito da marca”, orienta Carramenha.

Belo Horizonte é destaque
Outro cuidado que deve ser tomado na web é a presença em sites multimarcas de e-commerce, que podem não entregar a experiência da marca, colocando em jogo sua essência. Quando o assunto são as lojas físicas, há também novidades. Aos poucos, o foco sai do eixo-tradicional. Em 2010, 71% acreditavam que a capital paulista era a principal cidade para expansão da marca. Este ano, o número caiu para 66%.

Já Belo Horizonte passou de 29% para 34% no período. O cenário promissor não é exclusividade da capital mineira. Curitiba também tem atraído o olhar das empresas de Luxo. Em 2010, a cidade não era destaque para as companhias, com 8% de intenção de expansão. Em 2011, o índice passou para 22%.

São Paulo, no entanto, ainda é o principal mercado-alvo. Segundo a Revista Forbes, a cidade é a sexta do mundo a reunir mais bilionários, são 21, que somam um patrimônio de US$ 85 bilhões. O Rio de Janeiro aparece em seguida, com três bilionários, incluindo o mais importante entre os brasileiros, Eike Baptista.

Tributação ainda é principal obstáculo
No quesito “cidades mais promissoras do Brasil”, excluindo São Paulo e Rio de Janeiro, o destaque é Brasília, com 42% em 2010, mas uma leve redução, já que apresentou 53% em 2009. Belo Horizonte aparece mais uma vez, saindo de 4% para 19%. Boa parte das companhias (70%), entretanto, ainda não se mostra confiante sobre o fim da crise financeira no país.

O principal obstáculo para o desenvolvimento das empresas no Brasil ainda é a tributação elevada, item citado por 67% em 2011. Destes 73% são compostos por multinacionais. “Os clientes compram produtos fora do país por questão de preço. Se houvesse um ajuste na questão tributária, mais dinheiro ficaria aqui”, acredita o Diretor-Presidente da GfK, destacando que, de acordo com a pesquisa, se os consumidores passassem a comprar produtos e serviços das marcas apenas no Brasil, o faturamento teria um incremento de 39%.

Levando em consideração o ticket médio mensal, que passou de R$ 2.726,00 em 2009 para R$ 4.710,00 em 2010, o aumento seria considerável. “O valor representa o que as companhias têm para buscar no consumidor, o chamado share of pocket”, ressalta Carramenha.

Fonte: Mundo do Marketing



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