Marketing: Apelo tecnológico leva consumidor a pagar pelo que não usa

Agosto 5, 2011 by  
Filed under Notícias

Já foi o tempo em que ter eletroeletrônicos com tempo longo de vida era motivo de orgulho e status. Antigamente, quem tinha a geladeira que durava mais de 15 anos podia se gabar de ter comprado o melhor produto. Agora, aqueles que quiserem se destacar por causa do aparato tecnológico atualizado precisam investir em novos dispositivos, pelo menos, de dois em dois anos.

Essa é a regra oculta da atual indústria da inovação, que estabelece um curto período de vida útil aos aparelhos eletrônicos para que o consumidor sinta a necessidade de estar em dia com toda a tecnologia disponível e, por isso, abandone equipamentos em perfeito estado para ter acesso a recursos que muitas vezes nem são usados.

Entram em cena os gigantes televisores de LCD e LED com conexão à internet, os tablets e notebooks com recursos audiovisuais avançados, os smartphones com acesso à web e suporte a uma infinidade de aplicações e geladeiras com comandos automáticos.

Perdem espaço aqueles eletrodomésticos que às vezes não têm tanto tempo de uso, ainda funcionam e que, se bem conservados, poderiam ser aproveitados ainda por muito tempo.

Um dos quartos do apartamento do ortopedista Jorge Ferraz, 29 anos, que mora em Ipatinga, em Minas Gerais, é destinado a tudo que ele não usa mais. Entre roupas e sapatos, estão dois televisores, uma de tubo de 29 polegadas e outra de LCD, 32 polegadas, um desktop com tela plana de 18 polegadas, um notebook, um aparelho de som com toca-discos e fitas, além de um microondas.

Ele assume que todos ainda podem ser muito bem aproveitados e confessa que não conseguiu resistir à renovação porque os equipamentos oferecidos atualmente são bem mais atraentes, tanto pelo design quanto pelas tecnologias envolvidas.

No lugar do aparelho de som, está um dockstation portátil com entrada para iPhone e iPod. Ao invés da tevê de 29, um televisor de LED de 42 polegadas com conexão à internet. O notebook comprado em 2006 foi substituído por um mais novo, lançado em 2010, e também pela primeira versão do iPad. Um smartphone Motorola com plano de dados 3G tomou o lugar do celular que tinha apenas tecnologia WAP para acesso à web. E o que ele faz com tudo que está guardado no quarto? Nada.

– Sei que não é bom acumular esse tanto de aparelhos. Já pensei em vender, mas alguns amigos já disseram que vai ser difícil alguém comprar, porque estão ultrapassados e, hoje, existe uma facilidade muito grande para adquirir os novos.

Ferraz, que está pensando em doar o material “aposentado” a instituições ou pessoas que se interessarem.

Antes de substituir aparelhos, um dos fatores que os consumidores devem observar é justamente o destino dos equipamentos usados, na análise do professor especialista em Tecnologia, Alan Alencar.

– Se eu pegar a minha tevê velha e jogar no lixo, o serviço de coleta não vai apanhá-la, pois é composta por materiais tóxicos.

Como solução par ao descarte, ele indica o que na Europa tem sido chamado de “Consumo Colaborativo”, que seria uma espécie de aluguel dos aparelhos usados para quem precisa usar por um tempo determinado.

– Atualmente é comum, por exemplo, as pessoas comprarem uma tevê nova só porque vão receber hóspedes por alguns dias. Com o consumo colaborativo, seria apenas um aluguel de alguém que já tem.

Alencar diz que, dessa forma, o meio ambiente seria poupado de uma quantidade significante de lixo eletrônico.

Para o especialista, outro problema, que vai além do acúmulo de aparelhos que poderiam ser melhor reaproveitados, é o fato de as pessoas comprarem simplesmente por causa do encanto pela tecnologia.

O consumidor é cada dia mais bombardeado com um leque de novas funcionalidades e, na maioria das vezes, vai no embalo dos lançamentos sem saber o que está comprando. Alencar alerta para outro detalhe antes da compra: será que realmente todos os recursos comprados são consumidos?

Fonte: R7



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