Inovação: A inovação no ambiente corporativo

Setembro 24, 2011 by  
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Estamos diante de ambientes corporativos com características multigeracionais. Profissionais da “Geração Y” – com idades entre 20 e 29 anos – têm ascendido a postos de trabalho e se tornado líderes e gestores de produtos, serviços e marcas conduzidos por funcionários de outras gerações (em especial a X). Todos os funcionários – inclusive os que têm deficiências – estão inseridos em um novo ambiente de trabalho que requer uma combinação de habilidades pessoais, profissionais e sociais.

Viver em rede hoje parece ser essencial. Pessoas estão em redes, empresas valorizam equipes em rede, cada vez mais dependemos uns dos outros. Ainda assim, diferenças entre as pessoas continuam no epicentro da desagregação. Em redes também, nos amarramos a determinadas ideias, posturas e maneiras de agir, fincamos raízes e dali não arredamos pé. Por que temos imensas dificuldades em lidar com as diferenças? Deficiente visual e diferente pelos próprios padrões da sociedade, me confrontei com essa resistência ao novo, quando meu primeiro cão-guia se aposentou. E, por muito pouco, quase sucumbi à intransigência, ao conservadorismo.

Em todos os ambientes, inclusive no corporativo, posturas que resistem à inovação lançam barreiras difíceis de transpor: dificultam a percepção das habilidades de cada um, atravancam o desenvolvimento (“eu já sei como se faz, por que preciso aprender mais ou fazer de outra maneira?”), anestesiam os sentidos e comprometem a adaptação a mudanças e a saudável – e produtiva – integração. Essa é uma ameaça real e eu vivenciei essa experiência. Quando o cão-guia Diesel entrou em minha vida, estava acostumada ao brilhantismo de meu primeiro cão, o Boris – nossa integração era total. Em perfeita sintonia, formávamos uma equipe bem preparada e extremamente ciente do dever a cumprir.

Boris conduzia todas as situações – e me conduzia – com seriedade; ao menor gesto, compreendia a situação como se lesse a minha mente. Em 10 anos, nossa pequena equipe desafiou padrões sociais injustos. Estabelecemos um diálogo rico, transparente, para enfrentar um cotidiano cheio de adversidades com posturas inovadoras, bem-humoradas e flexíveis. Estávamos motivados pela coragem de sempre buscar a superação. Na disputa que durou seis anos com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Boris foi um protagonista de peso – carismático e destemido!

Chegou então o dia da aposentadoria de Boris. E surgiu o Diesel. Bem estabelecida na minha zona de conforto, resisti ao novo, à mudança. Como mudar uma equipe tão bem sucedida? Embora houvesse uma necessidade real de abrir espaço para a inovação, deparei-me com a dificuldade de aceitar um outro cão-guia. Resistência intuitiva ao novo, medo do desconhecido, a crença absoluta de que é impossível alcançar os mesmos objetivos com práticas diferentes São muitos os fatores que, como barreiras invisíveis, nos afastam das mudanças, do que é diferente. Deixamos de olhar para cada situação com a esperança de resolvê-la ou melhorá-la; deixamos de sentir que o diferente também pode nos conduzir a resultados muito positivos.

Diesel, a despeito da minha resistência inicial, revelou-se um excelente profissional e um companheiro excepcional. Diferente, sim! Mas, excepcional e inteligentíssimo. Por muito pouco, não me deixei levar pelas aparências. Se persistisse na intransigência e no conservadorismo, certamente teria feito fenecer habilidades e competências que Diesel sempre teve e que eu demorei a descobrir.

Os ambientes corporativos contemporâneos são cenários de histórias parecidas com a minha, porém, muitas delas sem final feliz. A construção de uma nova parceria produtiva é proporcional à coragem de encarar o novo sem comparações descabidas. Lidar com as diferenças no ambiente de trabalho – e não estou falando apenas da inclusão de pessoas com deficiência – requer ouvir com atenção; entender aquilo que se está ouvindo; colocar-se na posição do outro; colocar prós e contras na balança; discordar, quando for o caso, esclarecendo a sua posição; abrir espaço para a comunicação fluida, transparente; e investir na superação. Será que as empresas brasileiras estão investindo na superação? Líderes e liderados devem ser parceiros no desafio de superar resistências pessoais e estigmas.

Estamos diante de ambientes corporativos com características multigeracionais. Profissionais da “Geração Y” – com idades entre 20 e 29 anos – têm ascendido a postos de trabalho e se tornado líderes e gestores de produtos, serviços e marcas conduzidos por funcionários de outras gerações (em especial a X). Todos os funcionários – inclusive os que têm deficiências – estão inseridos em um novo ambiente de trabalho que requer uma combinação de habilidades pessoais, profissionais e sociais. Nesse cenário de plena transformação, não há espaço mais para o conservadorismo, para o medo da mudança. O diferente, em todas as suas versões – comportamentais, espaciais, culturais, profissionais – exige mentes abertas, motivadas, inspiradas e capazes não só de lidar mas de catalisar o que há de melhor nas diferenças, buscando caminhos inovadores.

Como podemos atender às necessidades de nossos clientes quando sequer percebemos as necessidades daqueles que estão próximos; daqueles, inclusive, que atuam em nossa equipe? Em palestras que ministro em empresas, ONGs e estabelecimentos de ensino, ressalto que a almejada inovação – o “Eldorado” de organizações de segmentos distintos – é possível somente mediante uma postura agregadora. Ser inovador é aprender a aprender com as diferenças. Ser inovador é expandir limites e possibilidades. É construir um sonho corporativo coletivo. Ser inovador é tornar as diferenças sinônimo de diferenciais competitivos, associando-as ao crescimento pessoal, profissional e coletivo.

Fonte: Bagari



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