Marketing: Economia Digital será fundamental para o crescimento da Europa

Outubro 24, 2011 by  
Filed under Notícias

A actual situação económica coloca vários desafios aos governos. Se por um lado é necessário cortar nos custos por outro é essencial que haja investimento. Em entrevista ao iGOV, Neelie Kroes, Vice-presidente da Comissão Europeia e Comissária responsável pela Agenda Digital para a Europa, explicou que é importante que os governos percebam que o recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação são uma mais-valia para prestar melhores serviços e que a Economia Digital é um dos poucos sectores que vai crescer nos tempos mais próximos. «Necessitamos de investir para crescer», alerta.

Qual o impacto que a actual situação económica que vários países da União Europeia atravessam pode ter no desenvolvimento de projectos na área do eGovernment?

O impacto será, provavelmente, negativo, mas também o poderá não ser. Estou convicta que as crises nos proporcionam as melhores oportunidades para fazer alterações substanciais, para melhor. Um governo sólido e confiável, capaz de criar um ambiente propício para o crescimento, para o empreendedorismo e para a inovação social poderá ter um impacto tremendo. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são muitas vezes vistas como um custo, e temos muitos exemplos de projectos que correram mal. Contudo, muitas vezes a verdadeira questão e os maiores desafios prendem-se com a mudança organizacional. As TIC são o motor para fazer as coisas de forma radicalmente diferente. Não se pode, simplesmente, ficar preso ao que se passa ao nível mais elevado dos governos, das estruturas e dos processos. Quando os governos percebem isso e se comprometem em tornar possíveis as alterações fundamentais, então percebem que as TIC representam uma tremenda mais valia para a redução de custos e para toda uma nova forma de interagir com os cidadãos e as empresas.

O desenvolvimento dos projectos definidos na Agenda Digital Europeia poderá sofrer algum atraso, dada a conjuntura económica e financeira de alguns Estados-Membros?

Por enquanto isso não se tem notado. A criação de um mercado europeu online para as compras públicas irá ser uma forma de relançar a economia, daí ser importante a criação de um quadro europeu para a eID (Identificação Digital Europeia). Outras áreas em que se deve investir são a redução da burocracia para as empresas, e o aumento da confiança dos consumidores nas transacções online.

Na sua opinião, quais são as áreas em que o recurso ao eGovernment poderá ser importante para reduzir custos?

Em primeiro lugar, a redução de custos deverá ser apenas um dos objectivos dos projectos de eGovernment. É mais importante disponibilizar melhores serviços e apoiar as pessoas na procura de emprego, reduzir as barreiras administrativas às empresas e trabalhar com todos os parceiros nestes processos e não de costas voltadas para os mesmo. Os ganhos de eficiência podem ser feitos no backoffice; sendo a entrega dos impostos por via electrónica um exemplo óbvio disso.

As compras electrónicas, assim como a assinatura electrónica e a factura electrónica, são meios para cortar nos custos tradicionais das transacções, que levarão também a uma maior eficiência. Mas as TIC podem ainda ajudar os governos na promoção de condições de trabalho mais flexíveis que permitam dar uma melhor resposta às necessidades do actual estilo de vida dos funcionários públicos.

Um melhor uso do «Cloud Computing» e a racionalização de todas as infra-estruturas de Tecnologias de Informação e Comunicação governamentais irão também permitir um corte significativo nos custos.

Qual o papel que poderá ter a economia digital na saída do actual cenário de crise que a Europa atravessa?

A economia digital será o sector que mais crescerá tanto na Europa como a nível mundial. Um estudo recente da Oxford Economics mostra que, se a Europa aumentar os seus investimentos em TIC para níveis semelhantes aos dos EUA e de alguns países europeus lideres nesta área (como o Reino Unido e os países da Escandinávia), então este sector terá um contributo de cinco por cento para o crescimento económico em 2020. Os números existentes mostram que depois de um país introduzir a tecnologia de banda larga, o PIB per capita tem um crescimento entre 2,7 e 3,9 por cento, e que um crescimento de dez por cento na taxa de penetração da banda larga representa um aumento anual do PIB entre 0,9 e 1,5 por cento. Em 2006, a banda larga foi responsável pela criação de 440 mil empregos no sector dos serviços e de 549 mil empregos em outros sectores da economia.

Actualmente, cerca de 70 por cento dos utilizadores da Internet usam o comércio electrónico. E é expectável que, até 2015, os lucros do comércio electrónico cresçam 10 por cento ao ano tanto na União Europeia como nos EUA, para valores na ordem dos 134 biliões de euros e dos 205 biliões de euros, respectivamente. Por último, o investimento futuro em «Cloud Computing» e em redes de banda larga cada vez mais rápidas irá aumentar o potencial de crescimento e levar a ganhos na área do emprego. Por exemplo, a contribuição do «Cloud Computing» para o aumento do PIB deverá situar-se entre os 0,1 e os 0,4 pontos, anualmente, criando 400 mil empregos em cinco anos, até 2015.

É obvio que não nos podemos apenas focar na consolidação fiscal e na disciplina orçamental; necessitamos também de investir para crescer. Mas os ganhos que tenho vindo a mencionar apenas serão possíveis se começarmos a actuar de imediato. Temos que investir nas redes de banda larga do futuro. Temos que cortar na burocracia e assegurar que as start-up têm acesso ao financiamento, bem como apoiar o crescimento das Pequenas e Médias Empresas. E temos que implementar outras medidas contempladas na Agenda Digital, nomeadamente as relacionadas com a política do espectro, com a criação do mercado único digital, com a Investigação e o Desenvolvimento, e também com as competências das pessoas. É por isso que investir em redes de banda larga de alta velocidade é tão importante. Em mais nenhum sector o potencial de crescimento é tão elevado como na economia digital.

Fonte: iGOV



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