Inovação: Miguel Vieira, um negócio da China em que a cópia ganha ao original

Outubro 9, 2012 by  
Filed under Notícias

Tal como apostou no Brasil, na África do Sul ou na Rússia, pensou também em vender as suas criações na China. Não pode. O estilista Miguel Vieira, cuja marca é o seu nome e o logotipo a sua assinatura – tal qual como a do bilhete de identidade – viu-se impedido de fazer o registo do que criou naquele país asiático, porque já estava registado. Foi há oito anos e desde então, sem que desista, procura recuperar o que é seu.

“Ao longo da minha vida, uma das preocupações que tive foi procurar registar a minha marca país a país, nomeadamente. Houve contudo um a que não dei grande importância, a China, por achar que nunca iria vender nada para lá. No entanto, de há uns anos a esta parte, comecei a verificar que a China representava um grande potencial, sobretudo porque nos apareciam vários clientes desse país. Há cerca de oito anos, recolhi toda a documentação necessária para registar a marca naquele país. Foi-me dito que não era possível, porque já estava registada”, conta Miguel Vieira.

Através de advogados, procurou entrar em contacto com a pessoa que fez o registo, no sentido de poder negociar. Foram-lhe pedidos dois milhões de euros. Não fez negócio, mas quando voltou a insistir da ideia de vender para China voltou a ser surpreendido.

“A pessoa que tinha feito o primeiro registo vendeu esses direitos a uma empresa que foi criada de raiz na China, que se chama Miguel Vieira Company. Por sua vez, a empresa registou o logoptipo e a assinatura Miguel Vieira em dez classes, onde inclui, além de vestuário e calçado, óculos, serviços, hotéis e até facas e garfos”, lembra o estilista. Multiplicado por dez registos, o dinheiro que a chinesa Miguel Vieira Company poderá ascender a 20 milhões de euros.

“Trabalhamos muito para exportação. Vendemos para fora cerca de 80% do que produzimos. Somos visitados inclusive por muitos chineses, não para copiar, mas com a intenção de comprar os nossos produtos para venda em lojas de boas marcas internacionais. Para eles, a nossa marca é apelativa, mas posso vender-lhes seja o que for, porque nesse caso estaria a fazer contrafacção da minha própria marca”, explica. Se é verdade que Miguel Vieira não pode vender na China, a Miguel Vieira Company também não o pode fazer fora daquele país. No entanto, tal como lembra o estilista, o mercado chinês é um mundo.

Com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da AICEP e do embaixador de Portugal na China, Miguel Vieira tem procurado reverter a situação, mas até agora sem sucesso. Desgostoso, afirma contudo que recusa desistir dos seus intentos. “É uma mágoa, mas este é um processo do qual não pretendo desistir”, afiança.

Fonte: Jornal de Notícias



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