Biblioteca Digital Mundial da UNESCO

Abril 22, 2009 by  
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O português é uma das sete línguas da nova biblioteca

Biblioteca Digital Mundial da UNESCO já está disponível na Internet e é gratuita

Se o leitor for à Internet ao sítio www.wdl.org, tem, desde hoje, acesso gratuito à Biblioteca Digital Mundial (BDM), um novo programa de informação e divulgação cultural que acaba de ser posto em linha numa iniciativa conjunta da UNESCO, da Biblioteca do Congresso Americano e da Biblioteca de Alexandria.

Nesse novo endereço, entre mais de mil documentos, vai poder encontrar, por exemplo, aquele que é apresentado como “o primeiro mapa de Portugal de que se tem conhecimento”: trata-se da Descrição atual [sim, já com a grafia do novo acordo ortográfico, ainda que com várias imprecisões no português utilizado] e precisa de Portugal, antiga Lusitânia, datado de 1561 e de autoria do matemático e cartógrafo Fernando Álvares Seco. Mas terá também outro mapa, relativo ao Reino do Algarve (século XVIII); uma fotografia (1906) de um guineense junto com uma descrição desta província portuguesa; ou ainda um Diário da Viagem de Magalhães (1525), atribuído ao veneziano António Pigafetta.

Relativa à história do mundo em geral – que, na nova BDM, está dividido em nove zonas geográficas e culturais –, podem encontrar-se outros mapas e cartografias, livros e manuscritos, gravuras e fotografias, filmes e gravações sonoras. E entre eles estão tesouros como a jóia da literatura japonesa O Diário de Genji, de Murasaki Shikibu, uma autora do século X/XI; o primeiro mapa com referência ao continente americano, datado de 1507 e feito pelo monge alemão Martin Waldseemueller e ainda, segundo os responsáveis, aquele que é a peça mais antiga, uma pintura descoberta na África do Sul, que terá oito mil anos e representa antílopes ensanguentados.

Os destinatários desta BDM, disponível em sete línguas, são os estudantes, professores e o público em geral. Dantes, “a escola preparava os jovens para ir à biblioteca, mas, hoje, as bibliotecas tornaram-se digitais”, constata, citado pela AFP, o tunisino Abdelaziz Abid, coordenador deste projecto que, para já, reúne trinta bibliotecas de outros tantos países em todo o mundo (incluindo o Iraque, a Rússia, a China, o Uganda, o Egipto e o Brasil), mas que, até final do ano, quer duplicar os participantes.

O principal responsável por este projecto é James H. Billington, director da Biblioteca do Congresso Americano e ex-professor de História em Harvard. Foi ele que, em 2005, o propôs à UNESCO, assegurando que o espírito da nova biblioteca digital universal não seria “competir” mas complementar dois outros programas congéneres já existentes: o Google Book Search, também lançado em 2005 e que actualmente tem sete milhões de obras acessíveis ao publico; e a Europeana, uma biblioteca criada em Novembro do ano passado, que conheceu também um êxito inesperado e já disponibiliza 4,6 milhões de documentos – esperando chegar aos 10 milhões até 2010.

A Unesco acaba de lançar uma Biblioteca Digital Mundial grátis e acessível através da internet, naquele que pode ser considerado como mais um importante passo para a afirmação da Sociedade do Conhecimento.

Para além desta iniciativa, por exemplo, a Google está a desenvolver um importante trabalho de digitalização de obras disponíveis em Bibliotecas Americanas, que poderão passar a ser consultadas através do Google Books.

E muitas outras iniciativas deste género, globais, nacionais, locais, ou organizacionais, irão acabar por surgir.

Ainda chegará o dia em que as obras “físicas” deixarão de ser requisitadas nas Bibliotecas do “Futuro”, passando a figurar nos Museus.