Shark Tank Portugal: Análise ao Episódio 3

Shark Tank Portugal

Shark Tank Portugal – Série 1 – Episódio 3 (ACTUALIZADO)

Considerações sobre os 5 projectos apresentados:

Sigurati Simone (Toucas e Toalhas de microfibra) – A Empreendedora solicitou 10 mil€ por 10% Royalties. É uma Atleta que se está a preparar para os jogos para-olímpicos e desenvolveu um produto interessante para a prática da natação. A possibilidade de associação do produto a uma causa nobre como a preparação de uma atleta para-olímpica cativou pela primeira vez todos os Sharks a investir no negócio, e por 10 mil euros terão direito a 10% de Royalties das vendas do Produto. Tratou-se de um Bom Investimento e de uma boa Causa.

(ACTUALIZAÇÃO: Simone Fragoso, acusada de mentir no Shark Tank Portugal (encontra-se neste momento suspensa pela Federação) (http://www.flashvidas.pt/a_ferver/detalhe/simone_acusada_de_mentir_aos_tubaroes.html) e Mário Ferreira (Shark) decidiu cancelar o seu investimento no negócio da Atleta (http://www.flashvidas.pt/a_ferver/detalhe/tubarao_cancela_apoio_a_simone.html). Atendendo aos motivos expostos, só posso concordar com a posição do “Shark” Mário Ferreira: https://www.facebook.com/mario.ferreira1/posts/511963858935788)

V8 Waterless (Produto de limpeza Auto sem usar água) – O empreendedor inicialmente pedia 45 mil€ por 10% (avaliação de 450 mil€). No início do pitch e após um “tiro no pé” afirmando que o “produto está a “morrer” de imediato foi questionado “Se o produto está a morrer como vale 450 mil€?”, justificando-se com o facto de que “As vendas em 2014 foram de 24 mil €”. Logo de imediato propõe 45 Mil€ por 45% (avaliação de 100 mil€) e arranja uma 2ª versão em que avaliaria a Empresa da família no todo em 250 mil€.
Depois de um segundo tiro no pé “Época “horrível” em Portugal” teve o feedback “Ninguém entra num negócio “horrível”. Foi acusado de ser um potencial “Sócio que ouve pouco”. Depois do mau pitch, fiquei admirado em como é que um dos Sharks ainda quis investir: 20 mil€ em capital + 25 mil€ empréstimo por 60% do controlo do produto (avaliação de 33 mil€). O Empreendedor acabou por ceder a maioria do negócio V8 Waterless, avaliando-o em 13 vezes menos do que o valor inicial. Ficou por provar, através de demonstração do produto em que é que esse produto é diferenciador face às alternativas que já existem no mercado. Se a vantagem competitiva for um preço ligeiramente inferior, o produto poderá continuar a “morrer” mantendo a sua época “horrível” em Portugal. Se o produto tiver propriedades diferenciadoras face a outros produtos do género, então poderá ter potencial. Sem a demonstração, considero este investimento questionável, apesar de ter potencial de internacionalização.

Xperimental Shoes (Design de Sapatos) – Empreendedoras solicitavam 40 mil€ por 15% (Avaliação de 267 mil€). O pitch foi interessante, bem conduzido, e as vendas em 2014 foram de 96 mil€, com 900 Pares de sapatos vendidos, uma média superior a 100€ o par. O Tim Vieira e o João Rafael Koehler investiram no negócio 40 mil€ de capital + 40 mil€ de empréstimo por 35% da empresa (Avaliação de 114 mil€) avaliando a empresa num valor semelhante a cerca de 1 ano de facturação actual. Tratou-se de um preço competitivo, abaixo das expectativas das empreendedoras, no entanto o facto de terem 2 Sharks experientes nesse ramo de negócios permitiu avançar com a negociação. Foi um investimento interessante e com potencial.

Sumo Pontífice (Sumos Detox e vitamínicos) – Empreendedores pediram 100 mil€ por 20% da empresa (avaliação de 500 mil€). A apresentação foi fluída e sem hesitações, mas o negócio falhou na rentabilidade financeira e consequente avaliação do negócio. Já investiram 100 mil€ numa loja própria, além dos 2 franchisados. O que falhou? Os Royalties de cada franchisado são de 5,5% que agora rendem 500€ a 600€/Mês (2 unidades franchisadas), segundo os empreendedores, ou seja é possível calcular que cada loja factura 5mil€/mês (550/2*100/5,5). É possível então saber que cada loja tem cerca de 33 clientes/dia e 1.000 clientes/mês (atendendo à média de 5€ gastos por cada cliente segundo os empreendedores). Com uma rentabilidade de 7.000€/Ano em royalties (com 2 franchisings) e lojas com 33 clientes/dia como é que um negócio pode valer 500 mil€? Um retorno do investimento superior a 70 Anos??? A Avaliação disparatada e a fraca rentabilidade do negócio deitou tudo a perder.

Note Books comestíveis (Caderno de apontamentos comestível) – Investidor pedia inicialmente 2.500€ por 25% (Avaliação de 10.000€). A ideia é muito engraçada, com Folhas comestíveis (papel de hóstia) e canetas (com tinta de pasteleiro). Produzir cada produto custa 3,5€ de forma artesanal, e são vendidos por 7€ ou 10€. O problema actual é que de forma artesanal apenas é possível produzir 3 a 4 por dia, o que daria uma facturação de 14 mil€/Ano. O Tim Vieira e o Mário Ferreira entraram numa “Million Dollar Idea”, e até propuseram 20.000€ por 70%. Considero que esta ideia pode ser mecanizada e industrializada, e além dos Cadernos comestíveis podem ser lançadas Cartas comestíveis, Cartões comestíveis, etc. A atitude humilde e realista do empreendedor foi uma mais-valia deste projecto, ao contrário de outros projectos que tinham boas ideias mas falharam pela atitude dos empreendedores ou pela avaliação exagerada dos negócios. Esta foi uma Boa ideia e um Bom Investimento por parte dos Sharks.

Vídeo do Episódio Completo:

 

Sobre o Autor

Bruno Silva

Bruno Silva

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# Coach, Consultor e Formador nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo, desde 2009 na InnovMark, colaborando também com Instituições de Ensino Superior, Entidades de Consultoria e de Formação profissional, Associações Empresariais, onde se incluem projectos geridos pela AEP, IAPMEI, IEFP, CIG, etc.

# Speaker / Orador, desde 2009, com mais de 100 presenças nos principais Congressos, Seminários, Workshops e Conferências nacionais e Feiras de Negócios nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo.

# Fundador e Community Manager, desde 2006, do Portal Inovação & Marketing, que conta actualmente com mais de 70.000 Subscritores, considerando todos os formatos de subscrição, sendo um dos maiores projectos deste género em Portugal.

# Fundador e Community Manager, desde 2013, do “Dish Mob Portugal” que promove o espírito “Dish Mob”, e que está a transformar-se num dos principais movimentos nacionais de promoção do networking e aceleração de ideias nas áreas da inovação e do empreendedorismo.

– Licenciatura em Gestão pela Universidade do Minho.
– Pós-Graduação em Marketing pelo IPAM – Marketing School.
– Pós-Graduação em Gestão da Tecnologia, Inovação e Conhecimento pela Universidade de Aveiro
– Curso de Especialização em Empreendedorismo de Base Tecnológica pela Universidade de Aveiro
– Formações Profissionais em Vendas, Excelência Pessoal, Inteligência Emocional e Criatividade, Gestão do Stress, Organização de Eventos, Comunicação em Público, E-Business para PME´s, e também Pedagógica de Formador.