Inovação: Supercomputador da IBM é usado para criar receitas

Março 15, 2013 by  
Filed under Notícias

O computador Watson, da IBM, venceu campeões do programa de perguntas e respostas “Jeopardy”, há dois anos. Mas será que ele conseguiria criar algo saboroso na cozinha?

Esta é apenas uma das perguntas que a IBM vem fazendo enquanto tenta expandir sua tecnologia de inteligência artificial e transformar o Watson em algo que faça sentido comercial.

A empresa está apostando que poderá criar um bom mercado levando a tecnologia do Watson a outros campos. Os usos demonstrados a analistas de Wall Street num recente encontro em seu Centro de Pesquisas Almaden, em San Jose, Califórnia, incluíram ajudar a desenvolver medicamentos, prever quando máquinas industriais precisam de manutenção e até mesmo inventar receitas inovadoras para comidas. Na área de saúde, o Watson está treinando para se tornar um assistente de diagnóstico em alguns centros médicos, incluindo a Cleveland Clinic.

Os novos projetos de Watson – alguns à beira da comercialização, outros ainda iniciativas de pesquisa – estão na vanguarda de um mercado muito mais amplo para a IBM e outras empresas de tecnologia. Esse mercado envolve ajudar empresas, agências do governo e laboratórios científicos a encontrar percepções úteis num fluxo crescente de dados vindos de inúmeras fontes – páginas na web, mensagens de redes sociais, sinais de sensores, imagens médicas, registros de patente, dados de localização de celulares e outros.

Avanços em diversas tecnologias computacionais abriram esse mercado, hoje chamado de Big Data, e alguns dos mais importantes são as técnicas de software de inteligência artificial como o aprendizado de máquinas.

Big Data

A IBM vem desenvolvendo esse mercado há anos, com aquisições e investimentos internos. Hoje, a empresa diz estar realizando trabalhos analíticos e de Big Data com mais de 10 mil clientes no mundo todo. Sua força de trabalho inclui 9 mil consultores de análises comerciais e 400 matemáticos.

A IBM prevê que sua receita com trabalho de Big Data atingirá US$ 16 bilhões em 2015. Executivos da empresa comparam o encontro em San Jose a um em 2006, quando Samuel J. Palmisano, então CEO, pediu que os analistas de investimentos dos escritórios da IBM na Índia demonstrassem o crescente negócio nos mercados em desenvolvimento, o que havia se mostrado um mecanismo de crescimento para a empresa.

A IBM possui muitos concorrentes no mercado de Big Data, de startups a grandes organizações, incluindo Microsoft, Oracle, SAP e SAS Institute. Essas empresas, como a IBM, estão empregando tecnologias de extração de dados para reduzir custos, projetar produtos e encontrar oportunidades de vendas no setor bancário, manufatura, varejo, saúde e outros ramos de atividade.

Mas a iniciativa do Watson, segundo analistas, representa um trabalho pioneiro. Com algumas daquelas aplicações, como sugerir receitas inovadoras, o Watson está começando a ir além de gerar respostas estilo “Jeopardy” para investigar as fronteiras do conhecimento humano e orientar descobertas.

“Isso não é algo que pensamos quando começamos com o Watson”, afirmou John E. Kelly III, vice-presidente de pesquisa da IBM.

Os projetos Watson da IBM ainda não são grandes geradores de receita. Mas segundo Frank Gens, analista chefe da IDC, eles indicam que a IBM possui tecnologia avançada e profundo conhecimento industrial para realizar coisas que outros fornecedores não conseguem – o que pode ser um mercado de ampla margem e dar à IBM uma vantagem como parceira estratégica com grandes clientes. E as novas ofertas do Watson, acrescentou ele, são serviços que os futuros usuários poderão aproveitar através de um smartphone ou tablet.

Isso pode ampliar significativamente o mercado do Watson, disse Gens, além de afastar potenciais concorrentes caso a tecnologia de responder perguntas (como o Siri, da Apple, e o Google) melhore.

“Levará anos para que essas tecnologias de consumo concorram com o Watson, mas esse dia certamente virá”, declarou Gens.

John Baldoni, vice-presidente de tecnologia e ciência da GlaxoSmithKline, entrou em contato com a IBM logo após assistir ao triunfo do Watson no “Jeopardy”.

Ele viu que o Watson frequentemente tinha a resposta correta, mas “o que realmente me impressionou foi que ele peneirava tantas respostas erradas com uma rapidez incrível”.

Isso representa um grande desafio na descoberta de medicamentos, que se resume em fazer apostas de alto risco, ao longo de anos de testes, sobre o sucesso de um composto químico. O índice de fracassos é alto. Aumentar essas chances, disse Baldoni, pode gerar uma enorme recompensa econômica e médica.

Pesquisas farmacêuticas

Pesquisadores da Glaxo e da IBM fizeram um teste com o Watson. Eles o alimentaram com toda a literatura sobre malária, remédios conhecidos e outros compostos químicos. Watson identificou corretamente medicamentos conhecidos antimalária e sugeriu outros 15 compostos como potenciais remédios para combater a doença. Agora as duas empresas estão discutindo outros projetos.

“Ele não apenas responde perguntas; ele o estimula a pensar de forma mais ampla”, declarou Catherine E. Peishoff, vice-presidente de química computacional e estrutural da Glaxo. “Ele basicamente diz: olhe desta forma, pense sobre isto. Esse é um dos fatores interessantes nessa tecnologia.”

Mineração

Pesquisadores da IBM começaram a trabalhar no ano passado com a Thiess, empresa mineradora australiana que opera uma frota de equipamentos valendo US$ 3 bilhões. A manutenção preditiva aprimorada pela tecnologia em maquinários, como motores de jatos, vem sendo desenvolvida há anos. Mas o projeto da Thiess parece empurrar as coisas ainda mais longe para cobrir as operações mineradoras como um todo. Os dados incluem não só informações dos 200 sensores num caminhão que monitora viagens, pesos de carga, velocidade e estilos de direção, mas também clima, terreno e modelos econômicos de operações mineradoras.

O Watson foi capaz de entregar complexas análises preditivas, explicou Michael Wright, vice-presidente executivo da Thiess. Segundo ele, estão sendo implementadas mudanças nas operações – mudanças orientadas por dados –, e as economias serão mensuradas nos próximos seis meses.

Culinária

Em San Jose, a IBM serviu um doce de café da manhã concebido por Watson, chamado “crescente espanhol”. Trata-se de uma colaboração do software do Watson e James Briscione, instrutor de chefs do Instituto de Educação Culinária, em Manhattan.

Pesquisadores da IBM observaram e conversaram com Briscione enquanto ele trabalhava, selecionando ingredientes e criando pratos. O Watson leu essas notas, 20 mil receitas, dados sobre a química de ingredientes culinários e avaliações de sabores de que as pessoas gostam em categorias como “prazer olfativo”.

A tarefa do Watson era criar receitas que fossem inovadoras e tivessem sabor. No caso do doce do café da manhã, o Watson foi solicitado a inventar algo inspirado pela cozinha espanhola, mas incomum e saudável. Os ingredientes do computador incluíam cacau, açafrão, pimenta do reino, amêndoas e mel – mas sem manteiga, o aparente toque do Watson para uma alimentação mais saudável.

Então Briscione, trabalhando com esses ingredientes, teve de adaptar as porções e fazer o doce.

“Se eu pudesse ter usado manteiga, teria sido muito mais fácil”, afirmou o chef, que acabou usando óleo vegetal em seu lugar.

Michael Karasick, diretor do laboratório da IBM, experimentou recentemente um dos crescentes espanhóis no café da manhã;

“Bem saboroso”, foi seu julgamento científico.

Fonte: iG



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