Empreendedorismo: Tem uma ideia de negócio? O microcrédito pode financiá-la

Março 30, 2012 by  
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Destinado a desempregados ou pequenos empresários, o microcrédito oferece condições mais favoráveis no que respeita aos juros, prazos de reembolso e garantias associadas.

Um mês chegou para que Fátima Garcia obtivesse a aprovação e o consequente financiamento do seu projecto de negócio. O microcrédito foi a via seguida, numa altura em que o crédito tradicional junto das instituições financeiras é cada vez mais caro e difícil.

Este tipo de financiamento de valor reduzido destina-se, sobretudo, a pessoas que pretendam desenvolver uma actividade económica mas estejam em situação de desemprego ou sejam pequenos empresários.

São vários os bancos que concedem financiamento nestes moldes, alguns através da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC), do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) ou da Santa Casa da Misericórdia. Outras instituições apresentam produtos autónomos de microcrédito.

A ANDC é um bom ponto de partida. A associação, sem fins lucrativos, apoia quem não têm acesso ao crédito bancário. Desde 1999, foram já concretizados 1.621 projectos, dos quais 27 são já relativos a este ano. A ANDC tem protocolo com três bancos: a CGD, o BCP e o BES. O IEFP é também um dos seus parceiros e financiador da associação.

A ANDC financia um máximo de 10 mil euros, podendo haver lugar a um aumento de 2.500 euros, após um ano e mediante uma reavaliação do projecto. O prazo máximo do financiamento é de quatro anos. Já o BES financia entre 250 e 12.500 euros, de três a 48 meses, para fundo de maneio ou aquisição de pequenos equipamentos.

As taxas aplicadas neste tipo de financiamento dependem da instituição financeira em causa. Na ANDC, à Euribor a três meses é acrescido um “spread” de 2% a 3%, explicou ao Negócios Edgar Costa, gestor operacional. Mas há quem ofereça uma taxa equivalente à Euribor a três meses à qual é somada um “spread” de 6%, como é o caso do BES. O microcrédito pode ainda ter carência de capital ou a bonificação dos juros, como forma de apoio.

Uma condição essencial para conseguir obter um financiamento é não ter incidentes bancários prévios.

O processo começa com a elaboração de um projecto de negócio. Depois é apresentada uma candidatura, que é avaliada pelas instituições em causa, nomeadamente quanto à viabilidade económica do projecto. Entre as vantagens do financiamento nestes moldes está também o acompanhamento que é feito por parte de gestores das instituições, durante o período de amortização.

Em 2011, a ANDC avaliou e aprovou cerca de 200 projectos. “Este ano, esperamos crescer, no mínimo, 20%”, estima Edgar Costa. Fonte oficial do BES explica que “o aumento do desemprego e a diminuição de alguns subsídios tem levado as pessoas a procurarem mais por soluções de criação do seu próprio posto de trabalho. Nesse âmbito, o microcrédito é um apoio bastante adequado, uma vez que tem condições mais favoráveis do que outras formas de financiamento, no que diz respeito a montantes, taxas de juro, prazo de reembolso, garantias associadas, e critérios de apreciação do crédito diferentes do crédito normal de mercado”.

O QUE FAZER PARA SE CANDIDATAR AO MICROCRÉDITO? Apresente um projecto de negócio “robusto”

Antes de preencher a ficha de candidatura ao microcrédito, faça uma análise cuidada ao projecto que vai apresentar. Realize estudos detalhados que lhe permitam estar seguro da viabilidade do negócio.

Pesquise todas as alternativas disponíveis

Informe-se de todas as entidades que disponibilizam microcrédito, seja autonomamente, seja através de protocolos com a ANDC ou o IEFP. Avalie as opções que apresentam as características mais atractivas e que melhor se adequam aos seus objectivos.

Fonte: Jornal de Negócios

Empreendedorismo: Apoios à criação do próprio trabalho: o que foi não volta a ser

Março 30, 2012 by  
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De 2010 para cá encolheram substancialmente os apoios à criação do próprio emprego. O dinheiro a fundo perdido foi substituído por crédito bonificado, mas há casos em que pode continuar a valer a pena

Aos 33 anos de idade, dois já bem contados como empresário, Gonçalo Peres acumula a condição de beneficiário de uma linha de apoio à criação do próprio emprego com a de consultor de projectos para desempregados que queiram recorrer às ajudas do Estado.

Talvez porque tenha sido consultor de si próprio, no primeiro papel, é um cliente satisfeito. Foi a tempo de aproveitar um dos incentivos mais generosos que já foram concedidos, entretanto extinto, e a sorte de ter privado com um centro de emprego de excelência. Já enquanto consultor, é mais crítico: do fraco suporte técnico que em geral é dado aos candidatos e da marcha-atrás que o Estado fez nesta área, emagrecendo os benefícios numa altura em que o desemprego dispara para níveis estratosféricos e são necessários estímulos adicionais à tomada de risco.

Gonçalo Peres abriu um “franchising” da Fiducial, uma empresa de contabilidade e consultoria, na recta final de 2009, recorrendo ao programa iniciativas locais de emprego (ILE). Tratou-se de um apoio precioso para se lançar por conta própria, porque permitia conjugar a antecipação do subsídio com 7.545 euros por cada posto de trabalho e mais 12.500 euros para cobertura das necessidades de investimento.

Hoje em dia já não há nada que se assemelhe. Quando o final de 2009 Portugal e a Europa resolveram mudar subitamente de rumo e trocar os estímulos á actividade económica por uma austeridade draconiana, as ILE foram levadas no vendaval. Actualmente, os apoios públicos resumem-se à antecipação do subsídio de desemprego e à disponibilização de linhas de crédito bonificadas (ver página seguinte) e Gonçalo ressente-se desta contracção. Ao seu escritório, na Fontes Pereira de Melo, já quase não chegam clientes para projectos para a criação do próprio emprego. “Em 2010 ainda fizemos alguns projectos porque, apesar da extinção das ILE, a antecipação do subsídio de desemprego ainda oferecia 5.000 euros a fundo perdido”, mas até este suplemento acabou por ser retirado. Hoje em dia os projectos de microcrédito continuam a ter planos de negócio associados, mas “como a banca deixou de emprestar dinheiro, também esta vertente se contraiu bastante”.

Se fosse hoje, não teria arriscado lançar-se por conta própria: “Os apoios seriam escassos para fazer frente aos custos do próprio franchising, que ainda são elevados”. Mas como cada caso é um caso, há situações em que pode compensar. Mas convém que no meio do voluntarismo não se atropelem regras básicas.

Uma delas é ter um estudo de mercado. “O plano de negócios é determinante porque nos organiza mentalmente, é uma espécie de guião onde vamos perceber qual o produto que estamos a prestar, definimos o cliente-alvo e conhecemos o mercado, que é influenciado por factores muito casuísticos”. Depois, é preciso avaliar as necessidades de financiamento. “No início é preciso ter dinheiro na conta bancária. Quando se ouve dizer que as empresas morrem no primeiro ou no segundo ano de vida, é mesmo assim. É um período em que sai muito mais dinheiro do que o que entra, é preciso estar preparado”. É neste contexto que é importante avaliar os apoios públicos e em que medida chegam para cobrir as necessidades.

Depois, será preciso estar preparado para não ganhar dinheiro instantâneo. A situação varia muito de sector para sector, mas dois anos depois de ter criado a sua própria empresa de contabilidade e consultoria, Gonçalo continua a remediar-se com um salário baixo e não recebe dividendos. “Mas o negócio da contabilidade é isso mesmo, só atinge a maturidade aí pelo 4º/5º ano, porque depende muito da angariação de clientes”. Ainda assim, está satisfeito. “Já estou acima dos meus custos fixos. Corre razoavelmente bem”.

3 CONSELHOS A TER EM CONTA AO CRIAR O PRÓPRIO EMPREGO

Ter um plano de negócios
O plano de negócios é determinante porque nos organiza mentalmente, é uma espécie de guião. Vamos perceber qual o produto que estamos a prestar, obriga-nos a definir o cliente-alvo e a conhecer o mercado.

Avaliar necessidades de financiamento
No início é preciso ter dinheiro na conta bancária. É um período em que sai muito mais dinheiro do que o que entra.

Não há dinheiro rápido
Os negócios não são todos iguais, e muitos só se equilibram muitos anos depois. É preciso estar preparado.

Fonte: Jornal de Negócios