Inovação: O que é feito da Sony?

Julho 12, 2012 by  
Filed under Notícias

Em 66 anos de história, a Sony nunca tinha tido um tão mau. Os 4,6 mil milhões de euros de prejuízos só reflectem em números o que se passa com a gigante nipónica: a Sony perdeu a magia.

Podemos justificar o mau momento com a valorização do iene, com as inundações na Tailândia, o desastre nuclear no Japão e tantas outras circunstâncias que conspiraram para a queda.

Mas a verdade é que estes desastres só agravaram uma decadência que já se iniciou há bastante mais tempo. A Sony ficou tão grande que foi vítima do seu próprio sucesso.

Não é preciso analisar sector a sector. Basta olhar para alguns, como o das consolas. Em 2005, a consultora IDC previa que nenhuma marca seria capaz de destronar a PlayStation da liderança absoluta; era impensável. Um ano depois, a Nintendo lançou a Wii e catapultou-a para o topo das vendas. A PS3 deu tantos prejuízos que até hoje a divisão não recuperou como deve ser.

Outro flop é o dos telemóveis. A joint-venture com a Ericsson, formada em 2001, teve um início brilhante e conquistou bastante quota de mercado. A Sony Ericsson era inovadora, com os seus telemóveis-concha cheios de cores e câmaras. Mas a euforia desapareceu depressa, e nem a ligação à PlayStation conseguiu trazer o sexy de volta aos smartphones Sony Ericsson.

Isto para não falar do autêntico escândalo de segurança que aconteceu no ano passado, quando cerca de 100 milhões de contas de utilizadores foram comprometidas por um ataque à rede online da PlayStation e a outros sites Sony.

E nem comecemos a pensar nas televisões, onde a Sony levou uma abada da Samsung. Longe vão os tempos das Trinitron. A Sony abandonou o fabrico de ecrãs planos demasiado cedo e agora não se consegue diferenciar em nada.

Mas o maior sinal da decadência da Sony está no sector da música. Aqui temos uma empresa que detém uma editora discográfica e que ao mesmo tempo inventou a música pessoal com os Walkman. Esta empresa não foi capaz de juntar 2+2 e pensar em casar as duas coisas. O software Sony Connect, para usar os Walkman em versão digital, era terrível e foi descontinuado. A Sony foi ultrapassada pela direita pela Apple, que no que respeita a música não sabia ler nem escrever.

Ao contrário do que acontece com a Apple, a Sony nunca conseguiu dar uma experiência mais rica ao utilizador que comprasse vários aparelhos da marca. Uma televisão Sony não funciona melhor se o portátil for Sony. É como se não houvesse relação entre as empresas do grupo, exceptuando reportarem todas ao mesmo presidente.

Entretanto, uma ressalva: o problema não é só da Sony, e não é de agora. Em 2008 já se escrevia que o Japão estava a perder a liderança na inovação tecnológica para a Coreia do Sul na Ásia e novamente para os Estados Unidos. A Panasonic não está em grande forma, e até a Nintendo está numa fase complicada.

Talvez seja a estrutura das organizações. Talvez seja um sinal dos tempos. Talvez o sucesso tenha sido a origem de toda a complacência. A Sony é um exemplo, e um aviso, de que qualquer gigante que tropece pode cair.

Fonte: Dinheiro Vivo



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