Portugal… Que Estratégia?

Por Bruno Silva

In Blog Empreender (Secção Connectis)

De acordo com a teoria do ciclo de vida do produto de Vernon, existem 3 estágios de produtos: 1 – Novo produto onde a componente mão-de-obra qualificada e a inovação são fundamentais. 2 – Produto maduro assumindo o marketing e o custo do capital papeis de primordial importância. 3 – produto standardizado, onde o consumo de massa, alicerçado pelas matérias primas, capital e mão-de-obra pouco qualificada é essencial.

Nas últimas décadas Portugal assentou a sua estratégia nas indústrias apoiadas em mão-de-obra pouco qualificada, que têm disponibilizado produtos em fase de standardização, ou seja, produtos de baixo valor. Com a concorrência Chinesa e de Leste este posicionamento deixou de ter fundamento já que relativamente a esses atributos perdemos muita competitividade no mercado onde actualmente estamos abrangidos.

Por sua vez, Michael Porter defende a existência de 3 factores fundamentais para o posicionamento estratégico: 1 – criação de um posicionamento único e de valor, o que normalmente se chama de “unique selling proposition”, 2 – estabelecimento de trade-offs, ou seja, definir o que não deve ser feito, e onde se deverá alocar grande parte dos recursos, 3 – a criação de “fits”, ou seja, a forma como as actividades de uma organização interagem e se reforçam mutuamente, impossibilitando que facilmente se efectue Benchmarketing à própria organização, ou seja, a comparação dos concorrentes face às melhores práticas do sector.

O Posicionamento envolve então a performance de diferentes actividades face aos rivais, onde a componente de Inovação é fundamental, e também a aposta no desenvolvimento de actividades similares apresentando diferentes formatos dos concorrentes, onde o Marketing possibilita a diferenciação das percepções apreendidas pela mente dos consumidores.

Atendendo a estes aspectos, torna-se premente para Portugal efectuar uma forte aposta nos dois primeiros estágios de produto, onde os vectores chave deverão assentar na qualificação dos recursos humanos, capacidade inovadora e empreendedora, financiamento e apoio ao investimento, através da maior aposta no capital de risco por parte do sector financeiro, e por ultimo nas acções de Marketing, onde a criação de marcas internacionais é cada vez mais um imperativo para as organizações nacionais.

Para tal aposta vingar teremos de estabelecer trade-offs, abandonando actividades pouco rentáveis ou com fracas perspectivas a médio-longo prazo, ou seja, actividades fortemente assentes na mão-de-obra barata e pouco qualificada, e realocando recursos apostando num novo posicionamento que nos permita aumentar o valor dos produtos / serviços produzidos.

Finalizando, através deste reposicionamento estratégico difícil de ser concretizado num curto espaço de tempo, mas urgente e necessário, poderá ser possível começar a resolver o famigerado problema da produtividade nacional, elevando a riqueza produzida em Portugal.

Sobre o Autor

Bruno Silva

Bruno Silva

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# Coach, Consultor e Formador nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo, desde 2009 na InnovMark, colaborando também com Instituições de Ensino Superior, Entidades de Consultoria e de Formação profissional, Associações Empresariais, onde se incluem projectos geridos pela AEP, IAPMEI, IEFP, CIG, etc.

# Speaker / Orador, desde 2009, com mais de 100 presenças nos principais Congressos, Seminários, Workshops e Conferências nacionais e Feiras de Negócios nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo.

# Fundador e Community Manager, desde 2006, do Portal Inovação & Marketing, que conta actualmente com mais de 70.000 Subscritores, considerando todos os formatos de subscrição, sendo um dos maiores projectos deste género em Portugal.

# Fundador e Community Manager, desde 2013, do “Dish Mob Portugal” que promove o espírito “Dish Mob”, e que está a transformar-se num dos principais movimentos nacionais de promoção do networking e aceleração de ideias nas áreas da inovação e do empreendedorismo.

– Licenciatura em Gestão pela Universidade do Minho.
– Pós-Graduação em Marketing pelo IPAM – Marketing School.
– Pós-Graduação em Gestão da Tecnologia, Inovação e Conhecimento pela Universidade de Aveiro
– Curso de Especialização em Empreendedorismo de Base Tecnológica pela Universidade de Aveiro
– Formações Profissionais em Vendas, Excelência Pessoal, Inteligência Emocional e Criatividade, Gestão do Stress, Organização de Eventos, Comunicação em Público, E-Business para PME´s, e também Pedagógica de Formador.

Incentivos aos centros de inovação

Julho 18, 2006 by  
Filed under Notícias

In Dn 18/07/06

Cada euro de incentivo público às infra-estruturas tecnológicas dá origem a uma produção superior em seis vezes. De acordo com o estudo realizado pela Agência da Inovação (AdI) sobre as infra-estruturas tecnológicas no sistema nacional de inovação, em 2005, os incentivos públicos a projectos totalizaram cerca de dez milhões de euros, tendo esses centros e institutos realizado 62,5 milhões de euros em vendas e prestações de serviço. Isto contabilizando 34 centros tecnológicos, centros de transferência de tecnologia e institutos de novas tecnologias.

Paulo Sá e Cunha, vice-presidente da AdI, que ontem apresentou o estudo, revela que as estruturas tecnológicas são hoje mais equilibradas financeiramente. De acordo com o levantamento da AdI, estas infra-estruturas tiveram, em 2005, lucros de 58 mil euros, depois de um ano de quebra em 2004 para 12 mil euros, o que ficou a dever-se, realçou o mesmo responsável, a atrasos na aprovação de candidaturas a programas de incentivos públicos.

Também em 2001 houve uma quebra, que levou aliás a valores negativos, devido à transição entre quadros comunitários de apoio. Paulo Sá e Cunha salientou que os apoios não são dados de “mão beijada”, garantindo que há critérios quantificados para se atribuir até 75% do projecto. No total dos apoios, a instituição não pode receber mais do que 40% do total de prestação de serviços que realiza.

Castro Guerra, secretário de Estado da Inovação, garantiu que os “modelos de financiamento em alguns casos estão mal definidos, pois não são sustentáveis no longo prazo”. O governante também questionou o modelo de governação, assegurando que “é preciso profissionalismo, rigor, gestão, responsabildade”. Por fim, criticou a actuação destas instituições isoladamente sem se constituírem redes de inovação. Para Castro Guerra não existem, no entanto, instituições em excesso. Na mesma óptica, Paulo Sá e Cunha salientou ao DN que “se não se pensar no sistema como um todo, num modelo de financiamento, no papel do Estado, no networking (trabalho em rede), pode haver excesso e as instituições que estão criadas podem não cumprir o seu papel”.

Do debate que decorreu na apresentação do estudo, ficou patente a necessidade de se clarificar os conceitos existentes de infra-estruturas tecnológicas e encontrar enquadramento para elas. Apenas os centros tecnológicos têm um diploma regulamentar. Os laboratórios do Estado foram tema “quente”, nomeadamente a possível extinção do INETI, num momento em que está em discussão pública a reforma destas instituições por parte do Governo.

Nota do G/M: Os estudos internacionais indicam claramente que os países com maior riqueza são os que apresentam população mais qualificada e que apostam mais em Investigação e Desenvolvimento. O caminho é conhecido, mas demorado. Como tal, quanto mais nos esforçarmos em trilhar esse trajecto, mais rapidamente poderemos alcançar um futuro melhor.