Indústria local deve “ancorar” investimentos

Julho 20, 2006 by  
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In Dn 19/07/06

A indústria local deve ser encarada como um parceiro dos governos para “ancorar” os investimentos das multinacionais. Só assim o risco das deslocalizações pode ser minimizado, apesar de os governos, per se, não terem capacidade de controlar o movimento. A solução proposta pelo Centro de Inovação Inteli e pela AFIA-Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel é apoiada por Basílio Horta, presidente da API (Agência Portuguesa para o Investimento), que defende a criação de clusters.

Apoiando-se no caso mais mediático – a GM da Azambuja – Basílio Horta considera que “juntar uma fábrica de componentes junto a uma fábrica automóvel é fundamental”. E aponta a Autoeuropa como um exemplo a seguir, também noutros sectores. Aloísio Leão é da mesma opinião e acusa o Governo, no caso particular do sector automóvel, de ter somente “em consideração os construtores, excluindo o sector dos componentes”, que considera “essencial para ancorar o investimento dos primeiros”.

Na hora de decidir um processo de deslocalização, as multinacionais procuram, sobretudo, compensar défices de competitividade gerados pela perda de atractividade dos locais onde estão instalados ou por lógicas de racionalidade económica inerentes às próprias dinâmicas empresariais. Os custos de mão-de-obra ou a redução de linhas de incentivos são as desvantagens comparativas mais referidas pelos (des)investidores. Contudo, realça o Inteli, existem outros factores que afectam igualmente a performance competitiva do território. São eles: “as ineficiências logísticas, a carência de recursos humanos qualificados, a dinâmica dos fornecedores locais e a ausência de ligações a fontes de conhecimento, inibindo o upgrade tecnológico do tecido empresarial local”.

Um levantamento da CGTP-IN, que José Cartaxo, da estrutura sindical, considera “parcial”, revela que, nos últimos três anos, 39 empresas estiveram envolvidas em processos de encerramento ou deslocalização, afectando 27 500 trabalhadores, dos quais 9600 ficaram sem os seus postos de trabalho devido à transferência para outros mercados, principalmente para o Leste. Os sectores têxtil, do calçado, dos componentes e a indústria da montagem automóvel são os mais afectados.

A CGTP-IN traçou um conjunto de medidas que considera urgente aplicar no caso das multinacionais em processo de deslocalização, entre elas a “divulgação pública dos contratos assinados com o Governo e o pagamento aos trabalhadores dos subsídios de desemprego, substituindo a Segurança Social nesta despesa.” A devolução integral dos apoios financeiros e o ficar impedida de receber incentivos no país para onde deslocaliza a produção são igualmente medidas preconizadas pela estrutura sindical.

Para Aloísio Leão, os sindicatos portugueses “devem rapidamente mudar algumas atitudes, de modo a responderem a um mundo global”. O receio dos fabricantes de componentes de que outras unidades de montagem possam encerrar são reais e apontam o dedo à PSA/Citroën de Mangualde, que, tal como a GM da Azambuja, é considerada uma unidade-satélite. Basílio Horta apela à “calma”. E cita o exemplo da Autoeuropa, que “foi um caso muito complicado”, tendo na altura “valido o bom senso dos trabalhadores”.

Compensar o défice de competitividade através de uma política que vise a protecção artificial do emprego, pode, segundo o Inteli, “acentuar o gap competitivo da região atingida pela iminência do processo de deslocalização”. A Renault de Setúbal é um exemplo que a indústria não esquece. Durante dois anos, a fábrica foi mantida pelo Governo na tentativa de procurar um investidor que acabou por não aparecer.

Nota: Industrias como a do têxtil, calçado, etc só conseguirão sobreviver se escolherem um posicionamento assente em estratégias de inovação (desenvolvimento de novos produtos, etc) e de marketing (criação de marcas, criação de canais de distribuição, etc). Doutra forma assistiremos a mais deslocalizações.

Portugal ‘tem de perder a vergonha’ de ser genuíno

Julho 20, 2006 by  
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In Dn 19/07/06

Tradição, hospitalidade, diversidade ambiental e pequena dimensão geográfica são algumas das vantagens competitivas de que Portugal dispõe na área turística e que tem de aprender a explorar devidamente. Quem o diz é Edson Athayde, especialista em marketing e publicidade, que considera que o País precisa de criar uma imagem consistente no mundo e, sobretudo, de dizer ao turista aquilo que ele quer ouvir.

Coube a Edson Athayde fazer uma análise das campanhas promocionais do turismo português na 3.ª Conferência Internacional em Hotelaria e Turismo, subordinada ao tema “Promoção e Branding dos Destinos Turísticos”. Considerando que “a imagem de um país já tem de existir antes de ser criada”, este responsável defendeu que Portugal precisa de aprender a comunicar “o que tem de diferenciador e que atrai os turistas”, deixando de ter vergonha de se assumir como “um país pequeno, hospitaleiro, com boas praias e que preserva as tradições”.

A questão, sublinha Edson Athayde, é que ainda está “meio confuso” o que Portugal quer transmitir com as suas campanhas de turismo. “Se o turista gosta de viajar, ficar numa praia agradável onde vê uns pescadores pela manhã e está disposto a gastar alguns milhares de dólares para o fazer, porque não? Não é isso que vai transformar Portugal num país de pescadores”, defende. E acrescenta: “É verdade que incomoda as classes mais cultas, que têm dificuldades em conviver com essas caricaturas, mas é isso que vende um destino turístico. As pessoas que viajam para a Jamaica não querem saber se o país cresceu ou não economicamente. Vão atrás de praia, e é um dos destinos que mais crescem no mundo.”

Para Edson, o turismo é, em si, um tema suficientemente abrangente para ser tratado em exclusivo. “O país enquanto atractivo de investimento, pólo industrial, símbolo de modernidade, tecnologia, etc., é uma questão que um dia será realidade, mas, até lá, o turismo não precisa de ficar à espera”, defende. A Espanha, adianta, resolveu muito bem essa questão, na década de 90, construindo a marca da paixão. “E não se preocupou em potenciar um preconceito, um estereótipo, que o resto do planeta tinha em relação à sua história, cultura e presença, tal como a Grécia não se incomoda em se publicitar enquanto destino de ilhas muito interessantes e divertidas, com casinhas brancas e telhados azuis”, acrescenta.

Portugal deveria recorrer ao clima, hospitalidade, diversidade ambiental e mesmo dimensão geográfica, que permite conhecer muitas coisas em pouco tempo, diz. “Mas isso é tudo o que tem vergonha de dizer. Que é pequeno, que é bom para ir à praia… E por isso diz de forma envergonhada ou por meias palavras, e não tira o devido proveito”. Porque, “enquanto fica a meio caminho tentando inventar alguma coisa, ou se reinventar, o tempo vai passando e outros países e destinos vão encontrando a sua lógica”.

Nota: Turismo, um dos clusters estruturantes em que se deve apostar.

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Julho 20, 2006 by  
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