Inovação: Conheça cinco projectos nacionais que ganharam bolsas milionárias de Investigação
Outubro 29, 2010 by Inovação & Marketing
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O Conselho Europeu de Investigação escolheu cinco investigadores portugueses e atribuiu-lhes bolsas superiores a um milhão de euros.
A imagem do cientista isolado no seu laboratório não lhes serve. Colaboram com institutos franceses, ingleses, norte-americanos e com várias instituições portuguesas para chegar aos resultados das suas experiências. Vão receber, dentro de um mês, o suficiente para cumprir um projecto em larga escala, para comprar equipamentos novos e para dar destaque internacional à sua investigação. Ou seja, bolsas de cerca de 1,5 milhões de euros do conselho Europeu de Investigação.
Para Bruno Santos, do Instituto de Medicina Molecular, da Universidade de Lisboa, “estas bolsas são muito importantes pelo prestígio que trazem e pela oportunidade de fazer projectos bem mais ambiciosos do que seria possível com uma bolsa típica. Podemos ambicionar a técnicas e a equipamentos que de outra forma não estariam ao nosso alcance”.
Com a bolsa de 1,5 milhões de euros que negociou com o Conselho Europeu de Investigação, Bruno Santos vai “investigar em detalhe como é que populações de linfócitos, isto é, glóbulos brancos que combatem infecções, se diferenciam, ou seja, como é que se tornam capazes de montar uma reposta contra a infecção”. As doenças de que vai tratar são a “malária e tuberculose, particularmente relevantes porque temos uma capacidade clara de obter melhores vacinas para doenças que matam milhões de pessoas”.
Hélder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular, da Universidade do Porto, conta como conseguiu uma bolsa de 1,5 milhões de euros para “tentarmos perceber como é que determinados aspectos da dinâmica da célula no momento em que ela divide são coordenados de forma a assegurar que a informação genética contida numa única célula é transmitida à geração de células “filhas” de uma forma absolutamente fiel”. Hélder Maiato resume estes projectos numa frase: “nós estamos interessados em perceber a vida”.
No caso de Isabel Gordo, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), o valor da bolsa, 1,167 milhões de euros, vai ser usado para “estudar a adaptação de bactérias na presença de um factor que elas encontram normalmente quando estão na transição entre passar de viver mutualisticamente connosco para serem patogénicas”. Mas, na prática, estas bolsas servem para pagar salários, “para empregar duas pessoas que já têm doutoramento e outras duas que queiram fazer o doutoramento” na investigação de Isabel Gordo e para comprar equipamento. Todos os projectos incluem a compra de um equipamento científico que custa cerca de 200 mil euros, o valor de uma bolsa da FCT. Além disso, lembra Isabel Gordo, “existe, em todas as bolsas para projectos, algo chamado ‘overhead’, uma quantidade de dinheiro, tipicamente 20%, que reverte para os gastos da instituição onde se vai realizar esse projecto”.
Teresa Teixeira teve direito a uma bolsa de 1,49 milhões de euros para um projecto que tem como “objectivo desvendar o chamado problema da replicação das extremidades de ADN e como este problema afecta o controlo da divisão celular “. É um mistério a resolver, “não nos podemos contentar com estas falhas de conhecimento quanto mais não seja pela importância que as pontas dos cromossomas têm no envelhecimento e cancro”, diz a investigadora, que trabalha no Institut de Biologie Physico-Chimique, em França.
Mónica Dias também recebeu “o valor máximo da bolsa”: 1,5 milhões de euros. A sua investigação na área da multiplicação das células vai poder contar, portanto, com um “microscópio específico, com maior resolução, que permite filmar ao vivo o que se passa dentro da célula”, conta a cientista, também do IGC. Além disso, a bolsa vai possibilitar dar “contratos de trabalho”, continua Mónica Dias, tocando num dos pontos sensíveis da investigação científica em Portugal. Para a cientista, “é uma das coisas a mudar na investigação no nosso país”, o facto de haver “investigadores a trabalhar com bolsas” de pós doutoramento.
Os impostos sobre a actividade científica são outro problema apontado pelas duas cientistas portuguesas contactadas pelo Diário Económico. “Se estiver a fazer investigação científica, a partir de 1 de Janeiro, vou pagar 23%. Isto não é muito competitivo”, reclama Isabel Gordo, apoiada por Mónica Dias.
“Este ano o ministério da Ciência resolveu, através da FCT, não financiar bolsas de doutoramento de cidadãos estrangeiros que venham trabalhar em Portugal”, aponta ainda Bruno Santos. Assim, a bolsa do Conselho europeu vai servir também para pagar “o salário da estudante de doutoramento que veio da Alemanha para iniciar este projecto”, conclui Bruno Santos.
O investimento em investigação em Portugal “tem sido uma prioridade nos últimos anos”, concordam os cientistas contactados pelo Diário Económico. Criou-se “massa crítica, com mais pessoas a investigar e mais instituições”, acrescenta Mónica Dias. No entanto, com a crise, diz Bruno Santos, “estamos a andar para trás”. E, sublinha, “este ano já se nota alguma quebra, mas o pior receia-se que ainda esteja para vir. E, nesse sentido, estas bolsas dão-nos uma enorme tranquilidade”.
Investigadores de topo:
– Mónica Dias vai “tentar perceber como uma célula normal regula o número” de centríolos (uma estrutura celular). “O que acontece no cancro, por exemplo, é que há mais ou a estrutura é anormal”.
– Hélder Maiato quer “perceber como toda a coreografia do processo de divisão celular é coordenada de forma a que a informação genética seja transmitida de forma fiel”.
– Isabel Gordo vai “estudar os passos que uma bactéria pode evoluir para escapar à predação” pelas células macrófagas que existem no nosso corpo.
– Bruno Santos vai “investigar em detalhe como é que populações glóbulos brancos que combatem infecções como é se tornam capazes de montar uma reposta contra a infecção”
– Teresa Teixeira quer “utilizar uma levedura como modelo experimental para estudar o problema de replicação das extremidades”. O projecto vai tentar “perceber como as pontas dos cromossomas lineares são duplicadas”.
Fonte: Económico
Marketing: Estudo coloca Portugal em 18.º nos gastos online
Outubro 29, 2010 by Inovação & Marketing
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Portugal surge na 18.ª posição numa lista que integra 22 países europeus, ordenados em função do dinheiro gasto, per capita, em compras, serviços e publicidade na Internet. O ranking faz parte de um estudo encomendado pela Google à empresa de consultoria Boston Consulting Group.
O relatório, publicado hoje, analisa, entre outros indicadores, o valor das transacções de comércio electrónico (tanto entre empresas, como em vendas a consumidores) e o investimento em publicidade online.
Abaixo de Portugal estão apenas a Suíça, Eslováquia, Itália e Grécia. Sem surpresas, a lista é encabeçada pelo Reino Unido (o país sobre o qual o estudo incide), Dinamarca e Alemanha (contando com os poucos países não europeus no estudo, o terceiro lugar é dos EUA).
Manuel Paula, da direcção da Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva, explica que a penetração de computadores e de Internet de banda larga, onde Portugal ainda tem terreno a recuperar face aos países que tipicamente lideram estes rankings, é um dos entraves ao crescimento das vendas online.
Para além disto, Paula aponta outra “ameaça” ao crescimento das compras online: a transmissão de dados pessoais e o método de pagamento (os consumidores portugueses são tipicamente relutantes em fazer compras na Internet com cartão de crédito). “Há normalmente um sentimento negativo em torno do que acontece nos pagamentos online”, refere Manuel Palma.
A propósito do investimento publicitário, também contabilizado pelo Boston Consulting Group, Paula lembra que “o segmento online é o que mais cresce no mercado publicitário e está a crescer a dois dígitos”. Mas “é um nível de investimento que não está no patamar dos ingleses e dos nórdicos”.
O estudo, que diz respeito ao ano passado, não inclui detalhes para os países listados e tem por objectivo analisar a o impacto da Internet na economia do Reino Unido – que, segundo o Boston Consulting Group, representa já 7,2 por cento do PIB deste país, num total a rondar os 114 mil milhões de euros.
Este valor inclui, para além das vendas electrónicas, também os serviços de telecomunicações (como o acesso à Internet) e investimento em infra-estruturas de rede.
O documento refere que “a contribuição da Internet para a economia britânica é mais importante do que a indústria da construção ou o sector dos transportes”.
Fonte: Público