O processo de incubação de empresas

Dezembro 27, 2010 by  
Filed under Notícias

Por Luís Todo Bom (Professor associado convidado do ISCTE)

O processo de incubação de empresas está intimamente ligado ao empreendedorismo e inovação, constituindo, por tal facto, uma área prioritária de atenção para o desenvolvimento empresarial.

Em países ou regiões com um grau de sofisticação e desenvolvimento tecnológico razoável, a incubação de empresas está diretamente associada ao nascimento de start-ups de base tecnológica.

Este campo de atuação é muito promissor mas está repleto de dificuldades, razão pela qual os indicadores de sucesso desta atividade no nosso país são tão pouco expressivos.

No entanto, as razões para esse facto são conhecidas, abundantemente descritas na literatura sobre “gestão da inovação e da tecnologia” e concentram-se em torno dos seguintes parâmetros:

– Trata-se de ‘um processo’, pelo que envolve um conjunto alargado de passos, devidamente ordenados no tempo, exigindo uma grande disciplina estratégica.

– Faz apelo a um conjunto alargado de conhecimentos e ferramentas teóricas, cobrindo além da área da gestão estratégica das organizações, todas as funções instrumentais de gestão – marketing, finanças e operações.

– Exige um conhecimento detalhado das ferramentas teóricas tradicionais, mas também, a sua aplicação e ajustamento a produtos e mercados inovadores, que utilizam algoritmos muito diferentes.

– Obriga à interação e negociação com um conjunto muito alargado de instituições e organizações, públicas e privadas, muito especializadas nas suas áreas de intervenção, com uma linguagem técnica hermética.

Todo este conjunto de exigências de conhecimento, teórico e aplicacional, no domínio da ‘gestão da inovação e da tecnologia’, é colocado a jovens empreendedores com atração pelo risco (e portanto não gestores) que provêm da área científica e tecnológica, portadores de uma ideia com potencialidades de sucesso empresarial, suportada em conhecimento específico detalhado e que esteve na base do registo da respetiva patente.

Se tentarmos transformar este jovem empreendedor num gestor, perdemos o primeiro e não conseguimos construir o segundo.

A chave para esta contradição reside na qualificação, conhecimento efetivo e detalhado e empenho, das organizações que acolhem, suportam e apoiam os jovens empreendedores no processo de incubação de empresas e na concretização dos respetivos projetos de investimento.

Infelizmente a ignorância sobre as ferramentas teóricas necessárias, a falta de rigor e de detalhe na análise, preparação, avaliação e apoio aos processos de incubação e a incapacidade para definirem e acompanharem os vários passos do ‘processo de incubação’ constituem a matriz-base deste tipo de organizações.

A alteração desta situação só ocorrerá com a avaliação permanente da performance destas entidades, através de ações de benchmarking sistemáticas em relação às melhores práticas europeias.

É urgente e necessário proceder a esta mudança.

Fonte: Expresso



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