Inovação: Mulheres empreendedoras criam mais serviços inovadores

Abril 6, 2011 by  
Filed under Notícias

Empresas inovadoras e de alto crescimento lideradas por mulheres têm mais facilidade em atrair e reter talentos do que as lideradas por homens, item considerado o maior entrave de qualquer empreendedor. Enquanto 57,7% dos homens declararam ter dificuldades na área de recursos humanos ou no processo produtivo, este porcentual cai para 34,6% entre as mulheres. O levantamento aponta, ainda, que elas trazem mais inovação ao setor de serviços, área que já responde por 60% do PIB do país e apresenta maior potencial de crescimento.

Estas e outras conclusões fazem parte de uma pesquisa conduzida pela ONG Endeavor com empreendedores inovadores de ambos os sexos, considerados exemplos a serem seguidos por outros empresários. Trata-se da primeira pesquisa no mundo sobre empreendedores inovadores que procura entender as diferenças entre os gêneros. A sondagem integra um estudo mais amplo da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), financiado pelo governo sueco. Além do Brasil e da Suécia, Suíça, Estados Unidos, Uganda e Jordânia também participam do estudo. Os resultados completos, com comparações entre os seis países, serão divulgados em julho de 2011.

Foram entrevistados empreendedores proprietários de companhias com alto crescimento e faturamento anual entre US$ 10 mil e US$ 10 milhões. Segundo o IBGE, essas empresas são aquelas que apresentam crescimento médio do pessoal ocupado assalariado maior de 20% de maneira sustentada por um período de 3 anos. As companhias têm, pelo menos, 10 funcionários assalariados.

“A escolha por essas empresas não foi aleatória. As empresas de alto crescimento representam apenas 1,7% dos negócios com empregados no Brasil, mas foram responsáveis pela criação de 57,4% dos empregos gerados entre 2005 e 2008, totalizando 2,9 milhões de novos postos de trabalho. É muito importante entender melhor como estes empreendedores alcançam este nível de sucesso para multiplicá-lo pelo Brasil”, diz Juliano Seabra, diretor de Educação, Pesquisa e Cultura da Endeavor.

Inovação em serviços

A pesquisa aponta ainda que, enquanto os homens se concentram em áreas mais tradicionais, como a indústria, e inovam principalmente na criação de produtos — o que gera níveis mais elevados de registro de patentes entre as empresas lideradas por eles —, as mulheres inovam no processo produtivo, assim como na implementação de novas técnicas de marketing, recursos humanos e integração da equipe. Consequentemente, suas inovações são menos visíveis, o que faz com que elas tenham mais dificuldade em obter financiamento privado e público. Segundo a pesquisa, 38,5% dos homens entrevistados obtiveram algum tipo de financiamento governamental para suas inovações, enquanto somente 19,2% das mulheres conquistaram o mesmo.

“É preciso que as instituições de fomento aprendam a lidar com o jeito diferente de fazer negócios das mulheres. Afinal, um levantamento recente do Global Entrepreneurship Monitor mostrou que 51% dos empreendedores brasileiros são do sexo feminino”, diz Amisha Miller, gerente de pesquisa da ONG. “Além disso, o IBGE aponta que o setor de serviços é o maior gerador de empregos formais do país. Em uma área em que as mulheres mais inovam, é natural esperar que elas tenham um potencial ainda maior de crescer rapidamente”, complementa.

Obstáculos sociais

As mulheres começam seus negócios com uma rede menor de contatos, o que diminui as oportunidades de interação com outros empresários e instituições de fomento e financiamento. Isso acontece principalmente porque as mulheres tendem a ter menos sócios — apenas 26% das empreendedoras tem 3 ou mais sócios, metade do índice encontrado entre homens. De acordo com Amisha, “ao contrário dos homens, que veem na abertura da empresa um objetivo e buscam sócios para atingi-lo, as mulheres se tornam empreendedoras mais “por acaso”, como consequência de sugestões recebidas ou expertise na área de atuação”

Algumas das entrevistadas se sentem discriminadas por bancos, governos e financiadores, em grau bem maior que os participantes homens. “Se eu fosse homem, talvez tivesse sido mais fácil me posicionar frente a instituições”, diz uma das mulheres ouvidas. Outra queixa feminina é a discriminação pela idade, reclamação ausente entre os homens, mesmo entre os que começaram quando jovens. “Muitos clientes não acreditavam que eu era a empresária, por causa da minha idade. Eles achavam que eu era representante de vendas”, diz outra entrevistada.

São muitas as diferenças, mas também há semelhanças. O percentual de homens e mulheres que acham, por exemplo, que a família é mais importante que o trabalho, é de 40% para cada sexo. Este comportamento é mais comum após o casamento, entre ambos os sexos. Homens e mulheres empreendedores também valorizam igualmente o crescimento de suas empresas, preferindo expandi-la geograficamente a diversificar os setores de atuação. Ambos obtêm informações de fontes variadas e valorizam a retenção de talentos.

A pesquisa

A Endeavor entrevistou 52 empreendedores entre setembro e novembro de 2010, sendo 26 homens e 26 mulheres, proprietários de companhias com alto crescimento. O levantamento teve como objetivo entender um segmento especifico da população formado pelos os empreendedores inovadores e entender como estas pessoas são bem-sucedidas e podem compartilhar suas lições com outros empreendedores.

Fonte: Zero Hora



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