Empreendedorismo: Saiba como criar a sua própria empresa em tempo de crise

Maio 14, 2012 by  
Filed under Notícias

Para muitas pessoas desempregadas este modelo de negócio poderá ser uma oportunidade para a criação da própria empresa.

Em Março de 2010, pouco antes de a Grécia fazer o pedido formal de resgate externo e em pleno furacão da crise financeira, Catarina Vieira resolveu abrir um negócio. A opção, que para muitos parecia suicida, acabou por se tornar num sucesso. Esta lisboeta de 27 anos, licenciada em ciências da comunicação, queria há muito abrir a sua própria empresa. Um restaurante era a opção mais desejada. No entanto, o elevado investimento que a abertura de um restaurante exigia, levou-a a repensar a estratégia, a colocar os pés na terra e a encontrar uma solução mais racional. A aposta acabou por recair numa loja franchisada, a Depilconcept – focada em tratamentos estéticos como a fotodepilação, fotorejuvenescimento, ou tratamentos de combate ao acne, por exemplo. Para abrir a loja em Telheiras, necessitou apenas de fazer um investimento inicial na ordem dos 35 mil euros. E nem mesmo o facto de não perceber rigorosamente nada de tratamentos estéticos a demoveu de mandar o seu emprego “às urtigas” e montar a sua empresa. A contrariar as vozes mais pessimistas, o negócio não só correu bem, como em Agosto do ano passado Catarina Vieira abriu uma nova loja Depilconcept, desta vez em Alcobaça.

A empresária explica a razão do sucesso: “Eu faço tudo, faço a gestão das lojas, atendo ao público, faço os tratamentos estéticos e lavo o chão”. E adianta:”Mesmo em tempos de crise é possível fazer dinheiro. Exige é muito mais trabalho por parte das pessoas. Eu trabalho muito mais horas do que queria”. E deixa um alerta:”Quem abre um negócio de ‘franchising’ a pensar que contrata empregados e que o negócio se faz por si, sem ser necessário o acompanhamento de quem manda, está enganado”.

Apesar deste alerta, Catarina Vieira acredita que a aposta num negócio em ‘franchising’ pode ser uma boa solução para muitas pessoas, especialmente aquelas que se encontram desempregadas e que queiram apostar na criação da sua própria empresa.

A intuição desta jovem empresária vai de encontro aos números do sector de ‘franchising’ em Portugal. Segundo dados do Instituto de Informação e Franchising (IIF), no ano passado cerca de 22% das pessoas que visitaram a feira Expo Franchise estavam numa situação de desemprego. Por essa razão, Andreia Jotta, directora geral do IIF, adianta que, por causa da crise, há cada vez mais negócios de franchising que necessitam de montantes de investimento cada vez mais baixos. Cerca de 40% das oportunidades de negócios exige um investimento inicial inferior a 25 mil euros, refere a responsável. Mas há alguns negócios – como aderir à rede de consultores da empresa financeira Decisões e Soluções – cujo acesso é possível a partir de 1.500 euros. O facto de muitos negócios em regime de ‘franchise’ permitirem a criação de uma empresa com investimentos reduzidos é um dos factores que ajuda a explicar que cada vez mais portugueses optem por esta solução. Mas não é a única justificação. “Montar um negócio franchisado não é garantia de sucesso. Mas é uma oportunidade de começar uma empresa com a ajuda e o apoio de uma marca. E isso é um factor de segurança para muitos empreendedores, especialmente numa altura como esta”, refere Andreia Jotta. Esta responsável adianta ainda que, dada a actual conjuntura, os franchisadores (que cedem a marca e modelo de negócio) estão cada vez mais empenhados em “fazer um investimento humano e de tempo no apoio aos seus franchisados”. Eles ajudam os empreendedores a elaborarem um ‘business plan’, a agilizar os contactos com a banca para a obtenção de financiamento e a preparar candidaturas a programas de financiamento no âmbito do QREN, se for caso disso. Em alguns casos, até ajudam a co-financiar a compra de máquinas e equipamentos para a loja.

No entanto, não se pense que apostar num negócio em regime de ‘franchising’ funciona como um toque de Midas, em que tudo o que toca se transforma em ouro. Os números mostram que há lojas franchisadas que não têm sucesso e acabam por encerrar. No ano passado, por exemplo, 256 negócios de ‘franchising’ fecharam as portas. E são várias as razões que ditam o insucesso dos negócios. “Ou há um desentendimento entre os sócios do ‘franchising’, ou ocorre um divórcio do casal que está à frente do negócio; ou então a localização escolhida para a abertura da loja não foi a mais adequada. Além disso, notamos que por vezes as pessoas não estão preparadas para gerir um negócio e denotam dificuldades de conhecimento na gestão da tesouraria e da liquidez”, explica a directora geral do IIF. Por tudo isto, Andreia Jotta aconselha os interessados em apostar neste ramo a fazerem bem o trabalho de casa: devem fazer uma filtragem dos negócios que querem apostar, falar com os franchisadores para analisarem a que tipo de condições e de apoios estarão sujeitos e contactar com alguns franchisados da mesma marca para perceberem como funciona o negócio.

Se está a equacionar em enveredar por este sector, saiba que este fim-de-semana tem em Lisboa uma oportunidade de ouro para conhecer (num único espaço) 80 marcas que operam em modelo de franchise: a Expo Franchise abre as portas hoje e até Domingo é possível visitar os vários stands da feira.E mesmo que esteja desempregado e não tenha grandes poupanças para investir na abertura de um negócio próprio, isso não significa que as portas lhe estejam fechadas. Andreia Jotta refere que oIIF tem neste momento uma parceria com o IEFP(Instituto de Emprego e Formação Profissional) justamente para ajudar as pessoas desempregadas a abrirem o seu próprio negócio. Além de promoverem ‘roadshows’ pelo país, as duas entidades trabalham também na disponibilização de soluções de financiamento para a abertura de negócios próprios. Conheça no texto da página 4 os vários tipos de apoio que existem.

Conselhos a reter:

– Será que este modelo de negócio adequado ao seu perfil? É que nem todas as pessoas têm perfil para montar um negócio franchisado. “Ao aderir a este modelo, o empreendedor compromete-se a cumprir com um conjunto de regras da marca. Por isso, a pessoas tem que ser inovadoras mas q.b. porque se estiver a pisar constantemente as regras, o melhor é apostar num negócio próprio”, refere Andreia Jotta.

– Antes de decidir faça o trabalho de casa. Escolha um negócio com o qual tenha algum grau de empatia e que esteja de acordo com as suas possibilidades financeiras. Não vale a pena investir num ‘franchising’ que lhe exige um investimento muito elevado, se ficar numa situação de endividamento excessivo para com a banca.

– Conheça bem os custos associados a este modelo de negócio. Além do investimento inicial (que não é mais do que o direito de entrar numa marca, de utilizá-la e de ter acesso a formação ), terá ainda que contar com o pagamento ao franchisador de ‘royalties’ (uma percentagem mensal da facturação da loja) e ainda com o pagamento de uma taxa de publicidade que reverte a favor de todos os franchisados da marca.

– Os números mostram que é durante os primeiros dois anos de abertura de um negócio que ocorre é mais frequente o encerramento de uma empresa. Por isso mesmo, é aconselhada a criação de um fundo de maneio que possa suportar o pagamento das despesas e dos custos fixos, até que o seu negócio gere facturação suficiente.

– Escolha uma boa localização. Este é um factor crítico de sucesso. Andreia Jotta do IIF avança com um exemplo: “Não faz muito sentido abrir um estabelecimento de ocupação de tempos livres para crianças numa localidade onde há muita população envelhecida”.

Fonte: Económico



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