Marketing: Google e Amazon, eles querem tomar conta das moradas da net

Junho 20, 2012 by  
Filed under Notícias

O mapa de moradas da internet vai mudar e o Google e a Amazon tentam expandir o seu poder sobre a rede a partir do controlo de domínios como .book, .music, .movie, .film, .news, .shop, .free ou .live. As duas companhias apresentaram mais candidaturas do que qualquer outra ao concurso para novos reinos na internet lançado pelo ICANN, o organismo norte-americano que tem poder de decisão sobre o assunto a nível mundial.

O ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers) decidiu no ano passado alargar os domínios de topo da internet (as extensões que surgem a seguir ao ponto), até agora limitadas a apenas 21 extensões genéricas, como .com, .org, .net ou .gov. Quem quisesse candidatar-se tinha de pagar 185 mil dólares (cerca de 150 mil euros) por pedido. A data limite era 13 de junho e o ICANN divulgou agora os 1930 pedidos que recebeu.

Portugal tem duas candidaturas e ambas são da PT, uma para .meo e outra para .sapo. Ao todo há pedidos de 60 países, mas a lista é dominada na esmagadora maioria pelos Estados Unidos. E pelos gigantes da internet e do comércio online.

A empresa que apresentou mais pedidos, um total de 101, é a Charleston Road Registry Inc, que o faz em nome da Google. Segue-se a Amazon, através da sua subsidiária no Luxemburgo, que se candidata a 76 nomes. O terceiro na lista é uma empresa chamada Top Level Domain Holdings, que fez 70 pedidos.

Há de tudo na lista. Desde nomes de empresas ou produtos a extensões mais genéricas como .kids, .mom, .dad, .sex, .lol, .wow ou .wtf. Também há pela primeira vez candidaturas a domínios em caracteres não latinos, nomeadamente árabes, japoneses ou chineses.

E há vários pedidos repetidos. O nome mais requisito foi .app, requerido por 13 entidades diferentes, incluindo a Google e a Amazon. A seguir surgem .home e .inc, cada uma com 11, depois .art, com 10, e ainda .book, .blog, .llc e .shop, todos com nove.

Não pode haver partilha de domínios, pelo que para os pedidos múltiplos vai ter que haver agora uma seleção. Se os candidatos não se entenderem entre si, em último caso haverá lugar a um leilão.

Os pedidos também podem ser contestados. A partir de agora há um período de 60 dias aberto a discussão, e outro de sete meses em que podem ser apresentadas objeções formais. O ICANN espera que os primeiros novos domínios estejam online no início de 2013.

O preço para cada pedido afastou logo à partida candidatos mais modestos. Mas o ICANN, uma entidade sem fins lucrativos, defende que aquele era o valor necessário para fazer face aos custos de montar e fiscalizar a operação. «Se sobrar dinheiro será a comunidade a decidir o que fazer com ele», diz Rod Beckstrom, presidente do organismo, que classificou este momento como «histórico para a internet».

As implicações desta mudança de paradigma podem ser enormes, mas para já há muitas incertezas. Não se sabe, para já, quais destes novos domínios vingarão. E, para os que conseguirem, o que acontecerá? Se uma empresa passar a controlar um domínio tão genérico como .book, .music ou .film, a concorrência ficará à partida dependente dela para poder registar-se no seu domínio.

Há vários movimentos críticos do processo. Nos Estados Unidos a Federação Nacional de Retalho defendeu que a supervisão de domínios tão genéricos fosse dada a entidades imparciais. Defendem, por exemplo, que as próprias pessoas podem não perceber que estão dentro de um domínio privado. «Os consumidores que foram a esse domínio podem não perceber que estão a fazer todas as compras a uma empresa e não num mercado concorrencial aberto», diz Mallory Duncan, representante dos retalhistas, citada pelo «Washington Post».

Em defesa deste movimento, o ICANN garante que terá vários mecanismos de controlo do processo, que podem ir até à retirada do domínio a uma entidade se houver abuso significativo.

Fonte: Agência Financeira



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