Investigação: Nova ciência de estudo do cérebro facilita compreensão das escolhas económicas

Maio 24, 2010 by  
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As decisões económicas são imprevisíveis porque a racionalidade é limitada, mas a neuroeconomia pode ajudar a compreender melhor o que está na base de determinados comportamentos e tendências, estudando os mecanismos cerebrais.

Esta ciência está ainda a dar os primeiros passos, mas pode vir a tornar-se uma ferramenta muito útil, defendeu o investigador e autor do livro “Neuroeconomia – Ensaio sobre a sociobiologia do comportamento”, José Eduardo Carvalho, em entrevista à Lusa.

Os estudos neuroeconómicos revelam o papel das emoções nas escolhas estratégicas e podem contribuir para ajustar os modelos económicos a uma nova realidade.

Recorrendo a áreas científicas como a cromotografia, a microeletrónica e a nanotecnologia, os neurocientistas dispõem de “um conjunto de instrumentos que permitem ver em tempo real como é que as pessoas reagem, em termos hormonais, se forem estimuladas”.

“O que as pessoas dizem nem sempre corresponde à realidade”, sublinhou o professor universitário. “Hoje, é possível ver isso e estes instrumentos podem optimizar a informação de que os economistas hoje dispõem”.

No entanto, a nova ciência está a ser mais aproveitada pelos “homens do marketing” do que pelos economistas.

A neurociência descobriu que há zonas do cérebro que são estimuladas quando uma pessoa é confrontada com um dado objecto, mas nem sempre funcionam de forma racional.

“A estimulação é visível numa determinada zona e depois há outra zona que faz a aferição do preço, por exemplo, mas se houver uma deficiência do funcionamento cerebral, essa zona não se “acende” e o indivíduo pode endividar-se para comprar um bem de que não necessita”.

A explicação para o sobreendividamento pode ter também a ver com outra descoberta: “Temos uma componente genética que nos pode fazer desenvolver uma certa propensão para o consumo, mas também há uma componente cultural, que resulta de uma aprendizagem e que se transmite através de gerações”, explicou o economista.

Os comportamentos económicos reflectem crenças e valores, salientou.

Ao contrário do que acontecia há décadas, em que os pobres se resignavam e não ambicionavam chegar a uma classe superior, hoje as pessoas com menores rendimentos “são constantemente estimuladas para o consumo, pelos anúncios e pelas telenovelas e vão interiorizando estes padrões”.

José Eduardo Carvalho defende que “as tradições e a política contribuem cada vez menos para a formação da identidade” e que esse papel tem vindo a ser assumido pelo consumo.

Fonte: Económico



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