Marketing: Mercado de genéricos vai triplicar até 2015

Maio 26, 2010 by  
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As necessidades de poupança na factura da saúde obrigam Estado, utentes e empresas a apostar mais nos genéricos.

Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Esta máxima resume o arranque do mercado de genéricos em Portugal há cerca de 20 anos. Numa primeira fase, a desconfiança dos médicos e utentes aliada a alguma má publicidade ditaram um início pouco auspicioso para as fabricantes de medicamentos genéricos. Até ao ano 2000 o volume de vendas deste segmento era quase inexistente. Mas depois de se ter chegado à evidência científica de que os genéricos tinham resultados iguais aos de marca “já não se pode dizer que não são bons”, como afirma o presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (APOGEN). Paulo Lilaia diz que se tivermos em conta a tendência demográfica de envelhecimento da população portuguesa, é inevitável que, para se tratar as pessoas todas bem, a única hipótese é comprar um volume maior de medicamentos por um preço unitário mais baixo que, neste caso, oscila entre os 30% e os 35% a menos.

Na União Europeia a quota de mercado em embalagens já ultrapassou a fasquia dos 50%, pelo que, em Portugal, ainda há potencial de crescimento nos próximos cinco anos e mesmo espaço para triplicar a actual quota.

Nesta fase são cerca de trinta as empresas – portuguesas e multinacionais – que operam no segmento de genéricos, e cujas estratégias passam por aproveitar esta onda de crescimento no sector. É o caso da Bluepharma, que aspira a estar entre as empresas mais representativas do sector. Paulo Barradas, director geral da empresa, referiu que em 2010 o objectivo é atingir um volume de negócios de 25 milhões de euros face aos 13,7 milhões de 2009. O responsável explicou que já disponibiliza “medicamentos correspondentes a cerca de 40 princípios activos que cobrem a generalidade das necessidades terapêuticas.” Hoje está presente em mais de 35 países, sendo que conseguiu a certificação de qualidade FDA que abriu portas para o mercado exigente dos Estados Unidos da América.

Miguel Ruas, administrador do grupo Tecnimede, salientou que o segmento dos genéricos é inevitável e que sem ele “não poderão existir sistemas de saúde baseados na comparticipação do Estado.” O grupo não negligencia esta oportunidade e já disponibiliza mais de 80 moléculas distribuídas por nove áreas terapêuticas. A estratégia é transpor da 12ª posição do ranking global e estar no top 10 deste mercado. Para tal, está preparada para lançar por ano entre dez a 14 novas moléculas, aposta que consome cerca de 17% da facturação da empresa.

Se há 20 anos tudo se fazia para descredibilizar o mercado de genéricos, hoje este negócio tornou-se tão apetecível que mesmo as empresas farmacêuticas dedicadas aos chamados medicamentos originadores criaram também marcas neste segmento. Pfizer, grupo Novartis com a Sandoz, a Sanofi Aventis são algumas das grandes farmacêuticas que já estão a dar os primeiros passos no mercado de genéricos, havendo ainda notícias de um eventual interesse da Astra Zeneca em criar uma marca para alguns países onde está presente. A Associação Nacional das Farmácias (ANF) vê esta aposta como uma “reorientação estratégica”, já que hoje os genéricos deixaram de ser considerados medicamentos menores. Para Paulo Duarte, secretário-geral da associação, a lógica era de “vamos continuar a controlar o mercado onde actuamos, impedindo que se construam empresas de genéricos fortes que tenham capacidade económica para concorrer connosco.”

A introdução de nova legislação que incentivava o consumo, a partir de 2001, a par da comparticipação extra de 10% e uma forte campanha publicitária ajudaram a impulsionar o mercado. O segmento dos genéricos em Portugal tem vindo a ganhar volume de vendas, sendo que em 2009 atingiu uma quota de mercado de cerca de 17,79% em valor e 15,93% em unidades. Ainda no ano passado o sector sofreu um corte de 30% no preço o que fez com que mesmo que o mercado continue a crescer em unidades, em valor ainda estagna ou cai. Na venda a PVP o mercado de genéricos caiu 5%, mas o crescimento em unidades foi de 18,5%.

Perante este desempenho, o secretário-geral da ANF estima que um aumento em 20% na quota de mercado destes medicamentos implicaria uma poupança global de 70 milhões de euros, sendo 43 milhões para os doentes e 27 milhões para o Estado.

Empresas que mudaram a estratégia

1 – Pfizer
A meta da Pfizer nos genéricos é disputar a liderança do mercado. A farmacêutica tem vindo a alargar o portfólio tendo já mais de 100 genéricos disponíveis na América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia. Portugal não é excepção, onde através da marca Parke Davis e da sua solução de anti-depressivos quer estar nas primeiras três empresas do segmento.

2 – Novartis
Para o grupo farmacêutico “inovação e genéricos não são incompatíveis”, afirma Luís Rocha, director de relações externas e acesso ao medicamento da Novartis. Por isso, apostaram na Sandoz que desempenha um papel importante na estratégia da empresa ao oferecer uma vasta gama de genéricos de alta qualidade a preços acessíveis.

3 – Sanofi Aventis
A estratégia de diversificação do negócio e de crescimento nos países emergentes levou o grupo a apostar na aquisição de empresas fabricantes de genéricos. O portfólio das empresas Zentiva, Medley e Kendrick estão a contribuir para concretizar este objectivo. Esta aposta da Sanofi Aventis fez com que já seja líder de mercado neste segmento na América Latina e Central e Europa de Leste.

Fonte: Económico



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