Empreendedorismo: As ideias dos universitários que fazem nascer empresas

Fevereiro 8, 2011 by  
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Projectos e ‘start-ups’ que surgiram com os concursos de ideias de negócios. A nova tendência nas universidades portuguesas.

O que importa é participar, como em qualquer jogo. Os concursos de ideias de negócios das universidades são um ponto de partida para muitos jovens empreendedores, num tempo difícil para as empresas e, especialmente, para as ‘start-ups’. “A vitória no concurso foi mais um factor extra na decisão de criar uma empresa” para João Matos e Ricardo Abreu, que criaram a Built-in depois de ganharem o concurso Empreende+, da Universidade de Aveiro. Quando ganharam o concurso “Ideias em Caixa”, da Universidade do Algarve, em 2007, Jorge Dias e Luís Conceição sentiram sobretudo que “o reconhecimento de que as ideias geradas pelas nossas actividades de investigação podiam ter uma aplicação em termos de negócio”.

No entanto, os concursos são muito diferentes. Há os que se centram mais na formação e no apoio aos primeiros passos dos jovens empreendedores e outros cujos prémios monetário ultrapassam as centenas de milhares de euros e contam com ligações internacionais. Um destes últimos casos foi a primeira edição do concurso ISCTE-MIT, do qual a Around Knowledge, representada por Suzy Vasconcelos, foi uma das vencedoras. “Não podemos deixar de referir o prémio monetário, que irá ser uma grande ajuda nesta fase do projecto”, enumera Suzy, que conta ainda que o concurso representou para a empresa “uma rampa de lançamento internacional, pois ganhámos um nome que nos permite conquistar novos clientes, podendo oferecer uma solução inovadora que já foi avaliada por um júri de renome internacional”. O concurso ISCTE-MIT Portugal Venture Competition “diferencia-se do típico concurso plano de negócios uma vez que se trata de criação de empresas e não de um mero exercício académico”, diz o seu coordenador Gonçalo Amorim.

Os primeiros passos da criança
Por outro lado, o concurso pode ser apenas um primeiro passo de uma empresa. “Vencer o concurso winUBI foi o ponto de partida para a evolução do projecto Waynergy, pois permitiu obter o investimento para desenvolver os protótipos seguintes e registar a patente nacional”, diz Francisco Duarte, da empresa Waydip. Para João Tedim, “mais importante do que ganhar o concurso foi a participação”. O jovem ganhou, com o projecto SmallTek, a última edição do Empreende+ e já partiu para a criação do seu negócio.

Algo que nem sempre é possível. Shakib Shahidian, professor do Departamento de Engenharia Rural da Universidade de Évora e vencedor do prémio Atrevo-me 2009 não criou uma empresa depois do concurso “porque os prémios eram um pouco virtuais, não se reflectindo em ajudas reais ao estabelecimento de uma actividade comercial no Alentejo”.

Andar e depois correr
Mas pode não ser exactamente para isso que um concurso de ideias serve, alerta Paulo Pinho, responsável pela área de empreendedorismo na Universidade Nova de Lisboa. “Se o objectivo do concurso for fazer acompanhar o concurso não só de um processo formativo, sobre como realizar um plano de negócios, sobre como analisar o mercado antes de entrar, e, além disso, receberem ‘feedback’ periódico em sucessivas sessões do plano de negócios, então eu diria que o propósito do concurso é dar-lhes as ferramentas para que eles, não necessariamente quando acaba o concurso, montem o seu próprio negócio”, considera Paulo Pinho. Também para Vítor Gonçalves, vice-reitor da Universidade Técnica de Lisboa, estes concurso de ideias de negócios “têm um efeito incentivador para os jovens porque ao verem a sua ideia aceite como um projecto potencial começam a acreditar nas suas capacidades, mas também têm um objectivo formativo”.

João Vilaça, da iSurgical3D, explica que “a criação do negócio não foi imediata” após ter ganho a ideia de negócio do SpinUM, da Universidade do Minho, em 2009. “Seguiu-se a elaboração do plano de negócios” e depois “a participação no concurso nacional de empreendedorismo do prémio Start” do qual também saíram vencedores. Com os prémios juntos, conseguiram financiar as etapas seguintes.

Aposta no empreendedorismo
“Os primeiros anos da maioria dos negócios de uma ‘spin-off’ são difíceis, todos o apoio que permita reduzir despesas é importante”, lembra Miguel Carvalho, que ganhou um prémio do SpinUM e seguiu para vencer uma edição do MIT-ISCTE Venture Competition com a empresa Weadapt. Os concursos permitem ter o apoio gratuito dos gabinetes de empreendedorismo da universidades para incubar a empresa, como acontece na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), segundo o vice-reitor da instituição Fontainhas Fernandes. “A nossa aposta é enquadrar as questões de empreendedorismo nas disciplinas”, frisa o vice-reitor da UTAD.

Em anos de crise, esta pode ser uma aposta fundamental. “Os concursos de ideias são uma das ferramentas mais úteis no apoio a empreendedores no processo de criação de empresas”, resume João Amaro, coordenador executivo da divisão de Empreendedorismo e Tranferência de Tecnologia da Universidade do Algarve. Com estes concursos, “os jovens empreendedores ganham notoriedade para os seus projectos “, acrescenta Deolinda Estevinho, da Divisão de Inovação e Transferências do Saber da Universidade de Coimbra.

Ideias de sucesso

Smart Medicines
“Um novo medicamento para o tratamento do cancro da mama”, através da utilização de nanotecnologia, é o projecto que conquistou a edição de 2009 do Arrisca Coimbra. Vera Moura, Sérgio Simões e joão Moreira trabalham agora “para a concretização de um projecto de negócio a partir da ideia” apresentada a concurso. “Neste contexto, é de salientar o apoio que nos tem sido prestado pela Universidade de Coimbra”, salienta Moreira.

Waydip
Ganharam primeiro o concurso de ideias da Universidade da Beira Interior, o que permitiu desenvolver e patentear a ideia, e depois o ISCTE-MIT Venture Competition. Hoje, Francisco Duarte e os colegas dedicam-se “a 100%” a desenvolver o Waynergy, um projecto que permite “para gerar energia eléctrica no pavimento, a partir do movimento de pessoas e veículos sobre a sua superfície”, energia que pode ser guarada e utilizada onde se quiser.

iSurgical3D
Uma prótese personalizada, criada em três dimensões, que permite reduzir o tempo de uma operação em cerca de um terço e o tempo médio de internamento de oito para cinco dias para doentes com “uma deformidade torácica”. Este é o projecto que está a desenvolver a iSurgical3D, criada depois de ter ganho o concurso de ideias da Universidade do Minho. João Vilaça, responsável pela investigação e desenvolvimento da empresa, diz que o próximo passo é a internacionalização.

WeAdapt
“O momento é difícil para todas as empresas, especialmente difícil para as start-ups e para os novos empreendedores”, diz o porta-voz da empresa WeAdapt Miguel Carvalho. O projecto, de produtos inclusivos para pessoas com deficiência, venceu primeiro o concurso de planos de negócio da 1ª edição do SpinUM, da Universidade do Minho, e depois a categoria produtos e serviços do ISCTE-MIT Venture Challenge. Agora, aguarda um parceiro “com capital para investir em conjunto”.

Sparos
Na área da nutrição em aquacultura, a Sparos resultou da investigação e tornou-se numa nova empresa depois de ter ganho o Ideias em Caixa em 2007, na Universidade do Algarve. O mais importante nesta vitória foi “o reconhecimento de que as ideias geradas pelas nossas actividades de investigação poderiam ter uma aplicação em termos de negócio”, sublinham os sócios-gerentes Jorge Dias e Luís Conceição. Criaram a empresa porque viram que seria “um negócio viável”.

Built-in
“Aumento da segurança rodoviária, maior fluidez de tráfego, diminuição do tempo de trajecto, cobranças electrónicas e difusão de informações úteis ao condutor relacionadas com os tópicos anteriores”. Estes serão os serviços diponibilizados pela Built-in, uma empresa criada depois de João Matos e Ricardo Abreu ganharem o prémio de empreendedorismo de base tecnológica do concurso de ideias de negócios da Universidade de Aveiro, em 2010.

Fonte: Económico



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