Marketing: Negócios que vivem da crise
Outubro 13, 2011 by Inovação & Marketing
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Foi para contornar a sua própria crise que José Teixeira começou a tratar da crise dos outros. Licenciado em Gestão, em 2010 assumiu a loja de Almada da PlanoViável, empresa de aconselhamento financeiro, depois da demissão em bloco da empresa farmacêutica onde era director financeiro o ter afastado de um ordenado certo. Tratar das dívidas dos outros é agora um trabalho parcial que dá para pagar as despesas e perspectiva lucros a longo prazo, “logo que haja retoma”, garante.
Leilões de carros, casas e mobília antiga sucedem-se a bom ritmo; a compra de ouro e peças de arte dispara; as casas de aconselhamento financeiro afinam técnicas e as empresas de gestão e recuperação de crédito duplicaram em quatro anos. Todos garantem que o mercado está em recessão, mas a oportunidade espreita.
GERIR A DÍVIDA
Apesar de a taxa de incumprimento das família ser alta, José Teixeira, 40 anos, garante que “30% dos casos tem solução”. Na PlanoViável, a primeira consulta é gratuita, a partir daí, estudado caso a caso, o cliente paga “um valor mínimo que ronda os 250 euros para tratamento de renegociação da dívidas” e mais algum para dar continuidade ao processo. “Vamos sempre falando com as pessoas para ver se podem pagar. Elaboramos um plano financeiro e tentamos renegociar a dívida junto dos credores. Há casos em que a única solução é a insolvência, mas há outros que correm bem, claro”, assegura.
Sem ilusões, José Teixeira assume que “este negócio dura enquanto a crise existe. Sei que isto não é para toda a vida, mas acredito que ainda pode continuar por algum tempo, daí que nos tenhamos posicionado como o ‘consultório da família’ e não do endividamento. Pois, apesar de agora estar a gerar bastante procura, quando houver retoma este negócio já não é rentável. Aí vão surgir outras situações e também temos soluções de crédito para, nessa altura, funcionarmos como intermediários”.
MERCADO EXTERIOR
Na estrada de Sintra, em véspera de feriado, o leilão da BCA regista uma afluência constante. A oferta é chamativa: um Volkswagen Polo de 1998 a 300 euros ou um Citroën C6, seminovo, por 20 mil euros, são apenas alguns dos veículos que chamam a atenção dos compradores, que num minuto arrematam com a maior das discrições. Rapidez e olhar atento são indispensáveis neste ramo e Ayrton Xavier, dono de um stand em Oeiras, encontra neste local a fonte do seu negócio.
“Só compro aqui e quando faço um remate já tenho alguém interessado. Neste momento não compensa fazer stock, só se vendem os veículos baratos, ‘carro de liso [falido]’”, diz, com sotaque brasileiro. “Tudo o que custa mais de cinco mil euros é difícil de escoar. Mas hoje até fiz uma ‘asneira’, comprei um jipe Cherokee, para mim, pois estava a bom preço”.
Desde as 11h00 até ao fim da tarde são muitos e apenas os profissionais do sector automóvel que compram nos três leilões semanais de veículos usados que esta multinacional realiza em Portugal. O leilão on-line está em crescimento, mas são os remates no local que continuam a ser mais procurados.
Manuel Assis Teixeira, administrador, destaca que este negócio, mais do que uma escapatória para vender artigos quando as pessoas pretendem realizar dinheiro, “é um canal de venda em massa para quem tem muitas viaturas para vender”. Segundo dados da BCA, em 2011 50,73% dos carros leiloados vieram de empresas de leasing, 30% de financeiras e franchise dealers e apenas 1,5% de particulares.
Em 2010, ainda o negócio estava em expansão, a empresa facturou 178 milhões de euros, com a venda de 22 928 viaturas, mais 500 do que em 2009. Com um decréscimo de 20% na procura interna, a oportunidade surge no Leste e na América Latina. “Estamos a apostar noutro mercado, em clientes que exportam viaturas, maquinarias e equipamento”.
VALOR NO ESTRANGEIRO
Crescer para Espanha, México e França foi a aposta da Valores, empresa sediada no Porto que começou como um negócio da família Chesters no ouro em segunda-mão. Hoje, “com tudo o que envolve a marca, desde compra e venda de valores, jóias, obras de arte, mobiliário antigo, e grande predominância na prata e no ouro, registámos um volume de negócio de 60 milhões de euros em 2010 e em 2011 deveremos fechar com uma facturação de 100 milhões de euros”, frisa André Pinto, administrador.
“A gama alta de peças continua a ter procura, nacional e internacional. Em Portugal há peças boas, pois temos grande cultura de design e de incorporação de valor”. Os produtos de qualidade escoam facilmente através da loja on-line e de uma outra loja no Porto, refere.
“Transaccionar tudo o que é vendável” é o negócio da Luso-Roux, multinacional holandesa que opera em Portugal há 20 anos e que daqui se expandiu a Espanha, Brasil e PALOP. “Fazemos avaliações, gestão de imóveis, avaliação de imobiliário e regularização de sinistros. No caso dos bens, colocamos à venda através de leilões”, explica Ana Luísa Ferro, directora-geral.
Em 2010, a empresa realizou 21 leilões, em 2011 já vai nos 31. “O imobiliário é o segmento mais visível do nosso negócio e actualmente capta mais atenção, mas é uma actividade que exercemos desde 2004”. Em Setembro, num leilão de imóveis realizado em Lisboa, as vendas da empresa situaram–se nos 75 milhões de euros, para bens em licitação no valor total de 107 milhões.
“A Banca continua a ser o grande vendedor de casas em leilão, mas os particulares também mostram cada vez maior interesse e muitas vezes a casa pode ser leiloada também com o recheio, ou porque a pessoa se quer desfazer dele ou por necessidade de realizar liquidez. Mas onde temos também muita procura é nos leilões de salvados, de tudo o que resta de um incêndio ou sinistro”, nota Ana Luísa Ferro.
Quem estaciona na Grande Lisboa encontra, em poucos minutos, oportunidade para vender o veículo. Mesmo que velho. ‘Raminhos’ é apenas um dos negociantes que distribui folhetos pelas ruas da capital. Ao contacto telefónico responde Maria Leonor, feirante, que assegura “comprar todos os carros, mesmo em mau estado. Temos sempre comprador”. O negócio é presencial, no local à escolha do vendedor, e pago em dinheiro.
Para muitos profissionais do sector, a oferta fácil acarreta riscos. O mercado das peças é um destino provável, mas perder o rasto ao carro é outro.
INVESTIR NO RISCO
“É em épocas de crise, em ciclos de baixa da economia, que se fazem bons investimentos”, destaca Tiago Ribeiro Pereira, gestor de activos do Banco Carregosa. No entanto, avisa: “Isto não significa que este seja o momento para comprar, porque a crise pode durar mais seis meses, um ano ou mais dois anos”.
O gestor não arrisca em apontar um investimento seguro, mas dá pistas: “Há quem já esteja a investir em moeda, investidores que desde há alguns meses acreditam na queda do euro e na valorização do dólar. Acredito que não seja uma decisão errada. É preciso escolher activos em dólares e, de preferência, apostar em activos seguros. Quem acredita na valorização do dólar pode investir na moeda, na dívida pública dos EUA e nas próprias acções, uma vez que a valorização cambial ‘anula’ ou ‘absorve’ uma eventual queda do preço do activo”. No entanto, alerta, “neste momento não há investimentos isentos de risco”.
O que também parece um negócio de alto risco está afinal a crescer. As empresas de recuperação e gestão de crédito – representadas pela APERC – mais que duplicaram o número de funcionários entre 2007 e 2010 (de 614 para 1432) e o valor do crédito recuperado também cresceu de 350 milhões de euros para 539 milhões, explica António Gaspar, director executivo da APERC, associação que representa o sector.
O aumento do nível do endividamento das famílias portuguesas – que de 2009 para 2010 cresceu 900 milhões – e do montante em incumprimento (cerca de três mil milhões de euros) “levou os bancos e as empresas financeiras a contratar serviços profissionais, pois não tinham activos suficientes e bem treinados para exercer esta actividade”, frisa António Gaspar. O Estado, acredita, pode vir a ser um próximo cliente. “No memorando com a troika está claramente explicitado que o endividamento tem de ser recuperado e isso exige trabalho profissional, porque o Estado não está a conseguir cobrar”, diz.
À PROCURA DO NEGÓCIO
É como mediador entre sobreendividados e credores que actua a empresa de multi-serviços Bolsa do Investidor ou Parceria Segura, conforme o nome se leia na tabuleta da entrada ou nos folhetos distribuídos. “De há um ano para cá notámos um crescer deste tipo de problemas e nos últimos seis meses agarrámo-nos a este trabalho”, diz Jorge Martinho.
Aos 70 anos, acumula a experiência de ter sido dono de várias agências imobiliárias, director de um jornal para emigrantes e profissional de medicina natural para agora aplicar métodos e panaceias diferentes: “Dou informação personalizada, olhos nos olhos, e digo às pessoas o que lhes pode acontecer. Uns estão nessa situação porque não perceberam o que lhes foi dito, mas outros fingem que não percebem”.
E exemplifica com o caso de um cliente que “recebe 500 euros de ordenado e tem cinco créditos, que somam 900 euros de despesa mensal. E viveu sempre assim. Neste momento a Banca não está flexível e aconselhamos a pessoa a tirar os bens de seu nome, pois aí vão aceitar renegociar a dívida. As pessoas não têm cabeça, mas os bancos também facilitaram”.
Feita a triagem de cada caso, numa primeira consulta gratuita, a empresa de Jorge Martinho cobra cerca de 400 euros para elaborar um plano de pagamento, cujos custos se adaptam à dificuldade do caso. “Se temos de ir a nove bancos negociar isso dá mais despesa do que se formos só a um local. É mais por carolice que estamos aqui, mas não quer dizer que não apareça um negócio no meio. Um indivíduo quer vender a casa e nós até a compramos. Ainda não tive compensações, mas poderá aparecer um negócio”.
AJUDA GRATUITA
Na DECO, o apoio ao sobreendividado é feito a custo zero, para sócios e não-sócios. Natália Nunes, jurista, alerta que “há empresas que actuam e outras que se aproveitam, colocam anúncios a oferecer crédito e, após um pagamento inicial, dizem que o pedido não tem viabilidade ou desaparecem do mercado. Infelizmente, isto é algo que já se verifica há algum tempo, pois é facilitado pela ausência de regulamentação”.
Os crescentes pedidos de insolvência por famílias e particulares também preocupam a jurista. “Isso é igual a abrir falência, mas neste caso as pessoas vão a tribunal, onde lhes é apresentado um plano de pagamentos, que o devedor terá de cumprir. A dificuldade é que, por vezes, são muitos credores envolvidos e o valor do crédito também é elevado, o que impossibilita que haja viabilidade nesse plano”.
Neste caso, “a lei prevê a possibilidade de exoneração do passivo restante, mas só em determinadas situações. Durante cinco anos, aquele devedor fica obrigado a destinar parte do seu rendimento ao pagamento das dívidas e decorrido esse tempo fica liberto das dividas, independentemente delas terem sido ou não pagas”. Muitas vezes a insolvência surge como a única possibilidade de “as pessoas verem a luz ao fundo do túnel, mas tem de se avaliar se aquela família pode beneficiar dessa exoneração”.
MERCADO DO OURO CONTINUA A CRESCER
Com a cotação do ouro fino a superar 42 euros o grama, o negócio de compra e venda continua em alta. Cristóvão Basílio, da Ouroinvest, nota que dos 12 franchisados abertos em 2008, a marca passou para 106, em todo País. “Há quem venda por necessidade e quem rentabilize agora o investimento feito há anos”. Às lojas chegam peças de todo o tipo, que depois são fundidas e colocadas num brooker internacional. China e Alemanha são os grandes compradores de ouro em barra.
Fonte: Correio da Manha
Marketing: Receita de lojas de aplicativos móveis atingirá 8,8 bilhões de euros em 2015
Outubro 13, 2011 by Inovação & Marketing
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A receita das lojas de aplicativos, oriunda da venda ou assinatura dos aplicativos móveis, crescerá 450%, ou seja, mais do que quintuplicará entre 2010 e 2015, saltando do 1,6 bilhão de euros registrado no ano passado para 8,8 bilhões de euros em 2015, de acordo com projeção da Berg Insight. Isso significa que este mercado apurará uma taxa de expansão anual de 40,7% no período.
O número de aplicativos móveis baixados no período seguirá o mesmo ritmo e crescerá 56,6% ao ano entre 2010 e 2015, quando totalizará volume de 98 milhões de downloads de aplicativos.
Segundo a consultoria, a App Store, loja da Apple, manterá a liderança na monetização das lojas de aplicativos em 2015, com as lojas do Android, do Google, e do Windows Phone, da Microsoft, ocupando a segunda e terceira posições, respectivamente.
Fonte: Exame
Marketing: Milhões de empregos podem sair da China e voltar aos EUA
Outubro 13, 2011 by Inovação & Marketing
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Até três milhões de postos de trabalho podem sair da China e voltar aos Estados Unidos até o fim desta década, segundo um estudo realizado pelo Boston Consulting Group.
Segundo a consultora, o aumento do custo da mão-de-obra na China fará com que empresas norte-americanas reduzam suas operações no país e aumentem a produção doméstica, avança a BBC.
O relatório prevê que até 2020, 15% dos bens actualmente produzidos na China e exportados para os Estados Unidos voltem a ser produzidos em solo americano.
Este quadro optimista irá agradar a Casa Branca, que elegeu a indústria como peça fundamental nos planos de recuperação económica para o país.
Fonte: Agência Financeira