Sua empresa não tem uma “calha de inovação”?

Março 14, 2011 by  
Filed under Notícias

De que maneira o pensamento e a ação dos líderes inovadores são diferentes? Antes de mais nada, eles claramente pensam além dos projetos e programas

Por Hitendra Patel*

Geralmente, os projetos traçados pelas organizações incluem revisões periódicas e sequenciamento na programação, certo? Difícil (para não dizer impossível) é causar impacto fazendo o “feijão com arroz”, ou seja, limitando-se à geração de novos produtos visando ao próximo catálogo. Por isso, dois dos maiores  diferenciais competitivos são o crescimento sustentável e a antecipação aos movimentos da concorrência. No universo da inovação, os líderes e os vencedores exploram um campo extremamente fértil de possibilidades. O pensamento não se resume a projetos específicos, mas à preparação de uma fonte contínua de novidades. São elas que irão conduzir as empresas a uma expansão em múltiplas dimensões de valor real.

Mas, de que maneira o pensamento e a ação dos líderes inovadores são diferentes? Antes de mais nada, eles claramente pensam além dos projetos e programas. Quase todos nós observamos prazos e orçamentos conforme os cronogramas. São eles que nos mantêm em linha. Os líderes, no entanto, focam no crescimento generalizado e na chamada calha – ou o pipeline – de inovação. Eles não se limitam ao desenvolvimento de produtos e tecnologias. Tampouco ao cronograma de lançamento. Via de regra, seus olhares recaem sobre a calha de crescimento e inovação da empresa como um todo, uma visão que engloba P&D, manufatura, marketing. Inclui, ainda, processo de fusões, parcerias, aquisições e novos modelos de negócios. Os líderes inovadores fazem mais do que cumprir prazos e observar orçamentos. O direcionamento deles é feito para o desenvolvimento de novas opções. A calha de inovação lembra um tubo de Venturi, pelo qual as ideias entram, são avaliadas e ganham prioridades. A partir daí, elas são transformadas em múltiplos produtos, serviços e iniciativas. Normalmente, são efetivadas depois da avaliação do valor das iniciativas do pipeline – tomadas individual ou coletivamente, considerando-se todos os fatores de risco.

A Pfizer, por exemplo, é líder no mercado farmacêutico, segmento que sempre utilizou o conceito de pipelines. A maioria dos consumidores associam a empresa a drogas de grande impacto comercial, como o Viagra e o Lipitor. Mas a calha de inovação não está centrada nesses remédios. Na prática, a multinacional se vale desse conceito para gerenciar todas as suas atividades: drogas proprietárias, genéricos e novos negócios. A calha de crescimento e inovação, no caso, é usada para determinar a melhor maneira de controlar aquisições – como a da Wyeth, feita recentemente – e gerenciar parcerias. Seus executivos costumam fazer comparações frequentes de cenários, tomando decisões sobre o ritmo de projetos presentes e futuros.

É a calha de inovação que dá maior flexibilidade para acelerar ou mudar de rumo conforme as oportunidades. Vejamos o caso do Viagra: o remédio foi desenvolvido inicialmente para o tratamento de doenças cardíacas. Na maioria das empresas, efeitos colaterais são sinais de alerta: se há resultados inesperados na fase de experimentação, a tendência é suspender o desenvolvimento. A disfunção erétil poderia parecer fora do escopo. Mas não para a Pfizer, que há 25 anos observa como as drogas podem atender às necessidades da base de clientes.

Portanto, o conceito de pipeline é fator crítico de sucesso no segmento farmacêutico. Prova disso é que a Pfizer soube usá-lo na criação de drogas secundárias, de modelos de negócios novos e de clientes líderes. Na compra da Wyeth, por exemplo, foram otimizados os resultados de curto prazo (por meio de eficiências criadas no processo de fusão), assim como no médio prazo (pela aquisição de uma grande linha de produtos em diversos estágios de desenvolvimento na Wyeth). Ganhos assim podem ser usados para enfrentar o desafio que se apresenta no longo prazo a todos os participantes do mercado farmacêutico: o declínio de drogas altamente populares. Uma das frentes que a Pfizer já abriu é a expansão de sua calha de desenvolvimento, passando a incluir, entre outras coisas, genéricos e biotecnologia.

Tendo em mente a história da Pfizer, pergunte-se o seguinte:

• Temos efetivamente uma definição ampla de pipeline envolvendo conceito e cliente?
• Estamos acompanhando todos os nossos diversos investimentos?
• Estamos orientando nossas decisões com o cálculo do valor presente líquido, considerando-se fatores de risco?
• Estamos colhendo o maior retorno e alavancagem possíveis de nossos investimentos no pipeline?
• Há responsabilidades e métricas claras?

*Hitendra Patel é diretor do Center for Innovation,  Excellence and Leadership, em Cambridge (EUA)  e autor do livro 101 Inovações Revolucionárias



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One Comment on "Sua empresa não tem uma “calha de inovação”?"

  1. Adão Rodrigues on Ter, 15th Mar 2011 3:06 pm 

    Ótimo texto.
    Tudo isso é Inovação de Valor. O que a empresa oferece para o cliente além de preço,produto e serviços? A resposta é o diferencial, é a Inovação, e por sua vez, altamente abstrato. É a nossa commodity principal, nossas idéias. O mercado jamais estará em crise. As empresas é que poderão estar.

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