Inovação: Escola da inovação

Março 28, 2011 by  
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Um desfibrilador que custa um décimo do convencional, um destilador que transforma água do mar em água potável e um sismógrafo de apenas 38 reais são os destaques da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior do gênero no país, que começou nesta terça-feira (22) em uma tenda montada no estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Em sua nona edição, a feira reúne alunos do ensino fundamental, médio e técnico de todas as regiões brasileiras com projetos em todas as áreas do conhecimento. Os 670 participantes são vencedores de etapas regionais e os 274 projetos concorrem a 9 vagas para participar da feira internacional de ciências, a maior do mundo, realizada nos EUA uma vez por ano.

Projetos divulgados na Febrace já viraram realidade, mesmo vindo de alunos que ainda não completaram o ensino básico. Em 2006, por exemplo, as estudantes Laís Delbianco e Laís Peixoto, de Limeira, no interior de São Paulo, desenvolveram uma forma de utilizar resíduos da produção de estanho para a fabricação de pigmentos para cerâmica. A ideia recebeu apoio financeiro da Votorantim, e a dupla abriu uma empresa em 2010 para tocar o projeto comercialmente.

Desfibrilador de 800 reais – No Brasil, 270 mil pessoas são vítimas de morte súbita provocada por arritmia cardíaca por ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. A arritmia cardíaca é provocada por uma série de alterações elétricas que desregulam o ritmo do coração. Pode ser corrigida pela descarga elétrica de um desfibrilador, mas o equipamento tem que chegar rápido à vítima. “O desfibrilador é um equipamento caro — cerca de 10.000 reais — e de difícil manuseio”, diz Felipe Hime, estudante fluminense de 17 anos. “Apenas especialistas podem utilizá-lo.” O avô de Felipe morreu de arritmia. Marcado pela perda, o aluno do Colégio de Aplicação Emmanuel Leontsinis, em Campo Grande (Rio de Janeiro), reuniu outros dois colegas de turma — Ana Rodrigues e Charles Cleivin — e, juntos, desenvolveram um desfibrilador com custo médio de 800 reais e de simples manuseio. “Basta colocá-lo sobre a pessoa, e o aparelho verifica se há uma arritmia e se é necessária a descarga elétrica”, explica Charles. A ideia já foi patenteada, e os alunos agora procuram investidores.

Sismógrafo de 38 reais  – Com pedaços de madeira, uma placa de alumínio, uma caneta laser e um mouse ótico, as estudantes Fernanda Costa e Hélida Helena de Souza, da Fundação Liberato, em Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul), construíram um sismógrafo (aparelho que mede tremores de terra) com apenas 38 reais. O equipamento é sensível o suficiente para detectar os sutis tremores do solo brasileiro e chamou a atenção de estudantes de geofísica que visitaram a feira — eles prometeram mostrá-lo para os professores da USP. Os sismógrafos convencionais podem custar até 15.000 reais.

InovaçãoOs desafios lançados dentro da sala de aula também motivaram projetos na feira. Durante uma aula de geografia no Colégio Damas, em Recife, o professor das alunas Maria Esther Marinho e Bianca Guerra Tavares, da terceira série do ensino médio, fez a seguinte pergunta: “Por que o mundo sofre com a falta de água se estamos cercados pelo mar?”. O questionamento do professor foi o incentivo para construção de um sistema de destilamento de 30 reais, capaz de transformar dois litros de água do mar em um litro de água potável em duas horas e meia. Orientadas pela professora de biologia Daniela Gomes, as duas alunas colocaram uma panela de pressão ligada a uma serpentina de cobre e um recipiente. A água do mar é fervida na panela de pressão e o vapor é convertido em água novamente na serpentina de cobre, até chegar ao recipiente. “A água é limpa, e o gosto é o mesmo da que estamos acostumados a beber”, garante Bianca.

São as ideias simples, com a utilização inteligente e inovadora de recursos, que destacam a feira, na opinião de Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral da Febrace. Desde a primeira edição, em 2003, a Febrace mais que triplicou o número de participantes. Há 8 anos, foram 190 participantes e em 2011, são 670. A coordenadora afirma que a maioria das instituições são públicas e filantrópicas. No sábado (25), os alunos conhecerão os 9 projetos vencedores, que vão concorrer a vagas para participar da feira internacional. ”É um espaço de visibilidade para alunos e professores mostrarem que a inovação científica está no DNA dos jovens brasileiros”, avalia Roseli.

Fonte: Veja



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