Inovação: Especialista vê tecnologia digital como esperança para o cinema português

Março 6, 2011 by  
Filed under Notícias

No país a convite da organização do festival Fantasporto, Ian Haydn Smith, também argumentista, crítico e editor do International Film Guide, anuário de referência sobre produção cinematográfica e festivais de cinema instituído em 1963, salienta que uma das “grandes esperanças” da produção cinematográfica do nosso país pode passar pela “inovação no uso de tecnologia digital”.

“Estamos a assistir a uma nova geração de realizadores, que conseguem filmar na rua e editar em casa, onde têm os próprios estúdios nos seus computadores. Creio que é uma revolução no cinema e acho que é algo assinalável”, atestou.

Em declarações à Lusa, Ian Smith advertiu que não basta um orçamento de 20 milhões para conseguir um novo realizador de forma instantânea, sendo necessário desenvolver esse talento.

“Isso é o mais importante, não basta olhar para um realizador e acreditar que a indústria arrisca uma produção com ele. É necessário enraizar hábitos culturais nos quais uma nova geração de realizadores desenvolvam o seu talento”, afirmou.

Realizadores que depois “podem mudar-se, se for o seu desejo”, para a produção de longas-metragens, compreendo “as subtilezas” da escrita de guiões, realização, iluminação, interpretação, direcção de fotografia, na criação de “toda uma indústria, ao longo de uma geração, que se possa desenvolver em dez ou 20 anos”.

O editor acredita que as circunstâncias económicas em diversos países vão “impedir” o relançamento de indústria de cinema, “mas havendo procura internacional e nacional para filmes feitos de forma económica e digital, o dinheiro gerado poderá alimentar a indústria e as pessoas poderão sentir-se compelidas a arriscar e a gastar mais”.

“Há outras coisas muito mais importantes, mas os filmes, mesmo em altura de crise, incrementam qualidade à vida das pessoas. Não deixa de ser curioso notar que sempre que houve uma grande depressão, o cinema ganhou importância, por ser um escape à vida real”, garante Ian Smith.

Apesar dos “actuais problemas com o financiamento”, o especialista em cinema espera que a indústria “recupere de forma rápida” e que as pessoas “continuem a ir aos cinemas e que, em resultado disso, haja mais dinheiro para produzir novos filmes”.

Ao longo de 400 páginas e através de 80 colaboradores, ‘International Film Guide’ revela tendências das filmografias de 92 países nos últimos 12 meses.

Apesar da menção ao Curtas de Vila do Conde e ao DocLisboa, em Portugal, o Fantasporto é o único evento de referência do anuário, surgindo ao lado de festivais de cinema internacionais de grande impacto, e o seu autor considera-o um festival “mesmo muito bom”.

“O motivo pelo qual gosto tanto do Fantasporto é que apesar de ser um festival de fantasia, de horror e de ficção científica, os organizadores e programadores sempre se preocuparam em incluir cinema de qualidade na mesma proporção”, garante Ian Smith, assinalando o facto de ser possível ver um filme de terror sul-coreano às 19h00 e às 21:00 assistir a um filme “sério e premiado” de Cannes ou Veneza.

É por isso que o considera uma “excelente” plataforma, não “apenas para um tipo de cinema específico, mas para o cinema em geral”.

Fonte: Público



Enter Google AdSense Code Here

Tell us what you're thinking...
and oh, if you want a pic to show with your comment, go get a gravatar!