Inovação: Brasil tem receita recorde com royalties em janeiro

Março 13, 2011 by  
Filed under Notícias

Apesar do volume ainda pequeno, as receitas do Brasil com royalties e licenças atingiram o maior valor da história em janeiro. Segundo dados do Banco Central, as entradas somaram US$ 71 milhões no mês (aproximadamente R$ 118 milhões), quase o dobro do valor registrado em dezembro (US$ 36,9 milhões).

“Os valores ainda são modestos, mas as taxas de crescimento não são nada modestas”, diz Jorge Ávila, presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para ele, os números evidenciam um “importante movimento de inovação no Brasil e um aumento significativo da presença do País nos mercados diferenciados do mundo, em tecnologia”.

O crescimento das receitas com royalties e licenças é resultado direto do aumento dos registros de patentes. O INPI, órgão responsável por analisar as solicitações de patentes no Brasil, concedeu 3.620 registros em 2010, número 15% maior em relação ao ano anterior. Os novos pedidos de registro no País devem chegar a 30 mil em 2010, sendo 9 mil solicitações de brasileiros, segundo dados preliminares do INPI.

No exterior, as empresas e pesquisadores brasileiros entraram com um total de 476 pedidos de patentes no ano passado – o número preliminar divulgado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) considera as solicitações feitas por meio do acordo internacional PCT. O volume total de pedidos de patente no mundo está estimado em 163 mil para 2010.

“Estou otimista, porque os dados indicam uma tendência inequívoca de crescimento para o setor”, afirma o presidente do INPI. Segundo Ávila, o País está superando “barreiras culturais importantes”. “Primeiro, o brasileiro não está acostumado a requerer patentes, nem mesmo no Brasil, e também não tem a cultura de proteger suas inovações nos mercados internacionais. Mas isso está mudando”, diz.

O prazo para análise de pedidos de patente no Brasil – em média, oito anos – deve cair pela metade até 2014, o que deve contribuir para ampliar o número de solicitações. A meta do INPI é conseguir analisar os pedidos feitos em 2010 em um prazo máximo de quatro anos, semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos. Um acordo que será assinado pelo presidente americano Barack Obama durante sua visita ao Brasil na próxima semana deve contribuir para acelerar o exame de patentes.

Para Gustavo Morais, sócio do escritório de advocacia Dannemann Siemsen, a rapidez no processo de análise de patentes é cada vez mais necessária, já que dá mais segurança aos empresários e pesquisadores na hora de investir em inovação. “Quem vende commodity nesse mundo globalizado está sempre em risco, porque qualquer pessoa pode fazer isso. Para ter sucesso é preciso vender um produto com marca de prestígio, qualidade e recursos diferenciados, e isso envolve registrar patentes”, diz Morais.

‘Inversão de Royalties’

Nos últimos anos, as receitas com royalties e licenças têm crescido a uma taxa superior que a saída de recursos para o pagamento desses itens. Entre 2006 e 2010, a receita avançou 164,3%, enquanto a despesa teve alta de 71,3%, segundo dados do Banco Central.

“Esse tipo de inversão é reflexo da inserção cada vez maior do Brasil nos mercados internacionais”, diz Celso de Toledo, diretor da consultoria LCA. Para Ávila, do INPI, “o movimento é muito interessante”, pois demonstra o crescimento do Brasil em tecnologia e inovação.

Em janeiro, as despesas do Brasil com royalties e licenças somaram US$ 210,4 milhões, um recuo de 31,5% em comparação com dezembro. “Pagar royalties não é ruim em si, porque mostra o uso de tecnologia e ativo estratégico, o que é bom”, diz Ávila.

Fonte: iG



Enter Google AdSense Code Here

Tell us what you're thinking...
and oh, if you want a pic to show with your comment, go get a gravatar!