Inovação: No inovar é que está o ganho
Março 26, 2011 by Inovação & Marketing
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Portugal é o décimo quinto país mais inovador da Europa a 27, segundo os dados provenientes do European Innovation Scoreboard de 2010. Suécia, Dinamarca, Finlândia e Alemanha continuam a liderar o “ranking” apresentado pela Comissão Europeia no início de Fevereiro. “A inovação é o resultado de uma cultura e de uma atitude – não se inova ‘por decreto'”, explica Daniel Bessa, director-geral da COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação. Para o director, a inovação não nasce de geração espontânea, exige processos adequados, com impacto na avaliação de desempenho e na remuneração de todos os colaboradores. Só assim é possível ter sucesso.
Em Março de 2010, a União Europeia lançou o programa Estratégia Europa 2020, para assegurar a saída da crise e preparar a economia para a próxima década. Entre os vários objectivos a que se propõe, pretendem investir pelo menos 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em I&D (Investigação & Desenvolvimento). Um estudo levado a cabo pela Alma Consulting veio confirmar que 61% das empresas portuguesas inquiridas consideraram que a inovação é a primeira prioridade estratégica para sair da crise, apesar do contexto económico desfavorável. Querem, sobretudo, reduzir o tempo de lançamento de novos produtos ou serviços (49%), encontrar bons parceiros tecnológicos (46%) e encontrar os melhores financiamentos (42%). O Barómetro do Financiamento da Inovação, que já vai na sexta edição, contou com a participação de 819 responsáveis de empresas provenientes de cinco países europeus.
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“A inovação tem risco, tanto mais elevado (se tudo bater certo) quanto maior for o proveito que promete”, diz Daniel Bessa. Quem estiver mais submetido à concorrência, inovará mais e melhor. “Dificilmente poderá brotar inovação no seio de ‘instalados’.” Segundo as contas do Barómetro da Inovação, lançado pela COTEC em Dezembro do ano passado, Portugal encontra-se abaixo da média da União Europeia. Numa listagem de 52 países, ocupa o 29º lugar, estando melhor posicionado entre os países da Europa do Sul.
Para Isabel Caetano, coordenadora do barómetro, este posicionamento não é de estranhar. “As empresas portuguesas ainda têm de dar passos decisivos.” A responsável destaca a necessidade de manter a forte aposta na formação e qualificação dos recursos humanos, maior participação em projectos colaborativos e na aplicação e conversão do conhecimento em resultados económicos e “respostas” sociais inovadoras. O facto de Portugal ocupar a 23ª posição na dimensão “Efeitos Económicos”, do European Innovation Scoreboard”, constitui um estímulo ao “trabalho persistente e focado, que não nos pode deixar acomodados”, segundo Isabel Caetano. Uma coisa é certa: as organizações já perceberam que a inovação é condição indispensável à melhoria do seu desempenho, diferenciação e internacionalização.
Passo a passo
Primeiro, é preciso conhecer a empresa. “O exercício de ‘innovation scoring’ constitui, por isso, uma etapa indispensável à caracterização do estádio de desenvolvimento e de maturidade da organização”, revela Isabel Caetano. Depois, deve surgir um plano para identificar as áreas de melhoria e de prioridade de acção.
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As empresas devem focar-se nos resultados, reforçar a gestão das actividades e desenvolver parcerias. Torná-las mais inovadoras supõe o desenvolvimento da capacidade de observação, interacção e de aprendizagem com outros actores da cadeia de valor. Objectivo: que se envolvam em colaborações, numa lógica de inovação em rede.
As organizações “estarão potencialmente tanto melhor quanto mais operarem nos mercados externos”, afirma Daniel Bessa. Devem evitar os clientes que não pagam e níveis de endividamento elevados, pois não se sabe até que ponto chegam as restrições impostas pelo sistema financeiro português. “Ao menor descuido, podemos estar perante a ‘morte do artista'”, diz. Mas não só. Devem procurar ser organizadas e ter uma estrutura flexível. Jorge Martins acrescenta que é importante desenvolver novas estratégias de actuação e novos conceitos que tenham por base a satisfação das necessidades do mercado, que estão em constante mutação. “Inovar é tão só acompanhar este desafio”, diz.
Estratégia transversal e efectiva
Novos produtos e serviços, novos processos e novos métodos de gestão. São estas as ferramentas disponíveis para inovar. Daniel Bessa afirma que todos estes meios só podem ser considerados verdadeiramente inovadores se, mais cedo ou mais tarde, se reflectirem na chamada “última linha” da conta de resultados das empresas. “Cada caso é um caso. Só aos órgãos próprios, dentro de casa empresa, cabe decidir quais as áreas em que devem apostar prioritariamente”, diz.
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Jorge Martins, director-geral da NET – Business and Innovation Center do Porto, explica que as empresas devem diferenciar-se, procurar as suas áreas de excelência, tornar-se melhores entre as melhores. Só desta forma poderão crescer economicamente de forma sustentada. “Os contextos de crise são precisamente os mais profícuos para empresas que consigam diferenciar-se pela inovação, já que os mercados têm tendência para alocar os recursos onde está maior valor acrescentado.”
A estratégia de inovação que resolvam implementar deve ser transversal e efectiva em todos os níveis. Uma empresa inovadora é flexível na criação, partilha e retenção de conhecimento. Como quem detém o conhecimento são as pessoas, então as organizações devem apostar nos seus recursos humanos, dotando-os de ferramentas que lhes permitam desenvolver competências nas suas áreas de trabalho. “Irão vencer as empresas que conseguirem envolver e comprometer emocionalmente os seus colaboradores”, diz o director da NET. Por isso, devem apostar não só na inovação, mas também na criatividade. “Devem ser resilientes, pois só assim, com a conjugação de todos estes factores conseguem ser competitivas”, adianta.
Para Sara Medina, administradora da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), é importante que as organizações se foquem na optimização dos processos, no desenvolvimento de novos produtos e na abordagem de novos mercados. O mercado português é diversificado, mas a administradora acredita que as atenções devem virar-se para os produtos de consumo com valor acrescentado, que satisfaçam o bem-estar do consumidor. Os produtos com pouco teor de gorduras, são um exemplo disso. Além de serem apetecíveis, registam uma maior procura. “O consumidor tem sempre necessidade de experimentar coisas novas”, diz.
Os empresários devem inovar no processo de fabrico, mas também na forma como apresentam o produto ao cliente final. Isso também é possível na área tecnológica. “Ao adquirir um produto, o consumidor tem de perceber que vai ter valor acrescentado e que se tiver algum problema, sabe como resolvê-lo. O serviço pós-venda é essencial”, comenta Sara Medina.
Reestruturar as actividades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação é meio caminho andado para o sucesso. “Penso que é cada vez mais importante ter uma estrutura que se dedica exclusivamente ao desenvolvimento de inovação” diz. Desta forma, é possível estruturar a organização, criar uma carteira de projectos inovadores e ter índices que possam ser quantificados. “Antigamente, as empresas procuravam a certificação em qualidade, mas agora também querem certificar-se em Inovação.”
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Nuno Nazaré, Innovation Manager da Alma Consulting Group, explica que o desenvolvimento de projectos de Inovação e de I&D, especificamente num âmbito tecnológico, está essencialmente associado aos sectores produtivos das empresas, quer ao nível da inovação de produto (obter um produto inovador, com características únicas) ou de processo (criar uma forma mais eficiente de produzir o mesmo produto).
“Constatando que o mercado nacional é reduzido e, actualmente, com uma tendência agressiva, importa pensar os produtos numa óptica internacional”, diz. No mercado globalizado, há mais informação, maior facilidade nas deslocações e é possível detectar oportunidades ou nichos de mercado. Quanto ao custo que isto acarreta, Nuno Nazaré considera que deve ser uma questão secundária. “Não se trata de uma mera despesa, mas sim de uma aposta no futuro da empresa”, diz.
Existem vários apoios públicos para apoiar projectos de Inovação e de I&D. O QREN SI INOVAÇÃO é um dos instrumentos possíveis. Permite obter um empréstimo que pode rondar metade do investimento necessário para iniciar o projecto, sem taxa de juro. Parte deste crédito pode ser convertido em fundo perdido mediante o cumprimento de certos indicadores de execução.
Se a organização tiver projectos de I&D, pode recorrer ao QREN SI I&DT e ao SIFIDE. No primeiro, a empresa pode usufruir de uma taxa de incentivo entre 25 e 50%, tendo como base as despesas com recursos humanos e investimentos, com um limite máximo de um milhão de euros. Caso a empresa já tenha desenvolvido um projecto nesta área, pode beneficiar do SIFIDE, um incentivo fiscal que permite recuperar até 82,5% do investimento feito nos projectos.
Fomentar a invenção
Fazer com que os colaboradores partilhem os resultados da inovação. Só assim se mantêm as equipas despertas para a importância do tema, segundo Daniel Bessa. “Do mesmo modo que, nas empresas, só considero inovadoras práticas que acabem por se reflectir na sua conta de resultados, melhorando-a.” O director da COTEC acredita firmemente na virtualidade de sistemas de remuneração, em que as pessoas ganham mais ou menos em função da parte dos resultados da actividade que lhes é atribuída. A isto, deve acrescer os resultados do contributo individual para o carácter inovador da organização que integram.
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Jorge Martins acredita que deve ser fomentada a partilha de conhecimento, o trabalho em equipa, a criatividade, liderança e a resiliência. E tudo isto deve ser acompanhado com métodos de medição e avaliação da performance. Se o desenvolvimento de novas ideias, conceitos e processos for transversal, ajudará a fomentar a capacidade inovadora da empresa.
“O dialogo é essencial”, diz Sara Medina. É importante que as chefias estimulem a troca de ideias e experiências. Uma das técnicas que podem utilizar são os concursos entre colaboradores. Mais: podem organizar eventos fora da empresa com vista ao “brainstorming” (criatividade em equipa). “Os colaboradores devem sentir que fazem parte da organização” e que, como tal, participam no processo criativo, no lançamento de novas ideias e produtos. Os líderes têm um papel fundamental, ao proporcionarem as condições necessárias para que haja uma maior dinâmica dentro da empresa. “Ás vezes, as melhores ideias vêm de pessoas que estão num nível mais baixo”, diz Sara Medina. Se essas pessoas se sentirem à vontade para partilhar, a empresa só tem a ganhar.
Aprender com os melhores
Inovar nos negócios tradicionais não é só possível, como é necessário e desejável. “Mais do que isso, é obrigatório”, diz Jorge Martins. Segundo o director da NET, só a inovação vai permitir manter e aumentar a competitividade. “Os negócios tradicionais não fogem à necessidade de procurar novas formas de actuação, sob pena de não sobreviverem.” As indústrias tradicionais portuguesas, como a do calçado, cortiça, vinícola, devem aliar o desenvolvimento da tecnologia ao know-how específico de cada um destes sectores, abordando novos mercados e novos modelos de negócio.
“A Inovação e a I&D não dependem necessariamente da área de actividade da empresa, embora haja uma tendência para que ocorram mais em sectores ligados à produção de bens”, diz Nuno Nazaré. Uma organização que fabrique objectos de barro, por exemplo, poderá desenvolver um projecto de I&D para tornar o processo de cozedura mais rápido, criando um forno com características desenvolvidas para aquela actividade. “O fundamental é que as empresas tenham uma perspectiva crítica sobre o seu negócio, identificando o que há a melhorar e desenvolvendo ferramentas que lhes permitam fazê-lo”, acrescenta.
Em Portugal, existem vários exemplos de sucesso. Daniel Bessa destaca a empresa Salsa Jeans, que já foi premiada com o Prémio Produto Inovação COTEC – Unicer. Em causa estavam as inovadoras calças Wonder, “que lhe proporcionaram uma enorme vantagem competitiva e se revelaram um sucesso de vendas”. Tudo por causa do seu efeito “push-up”. Outra empresa na mira do director da COTEC é a Derovo, ligada à produção de ovos. Esta teve um percurso ligado à inovação, que se revelou crucial para a sua afirmação quer no mercado nacional quer no internacional. O projecto idealizado por 70 avicultores, ganhou o prémio de Melhor Empresa de Ovoprodutos do Mundo em 2002, sendo que em 2008, recebeu o prémio Inovação COTEC BPI. A Inovação & Desenvolvimento tem sido um dos principais eixos estratégicos do grupo, que fez evoluir a sua oferta para novas formas de comercialização do ovo, como o ovo em spray, o ovo cozido e a Fullprotein, bebida de proteínas. Hoje, o grupo tem várias fábricas em Portugal e em Espanha.
Sara Medina destaca a Tinamar, em Barcelos, e a Playvest, em Braga, empresas do sector têxtil que conseguiram implementar novos modelos de negócio. Em causa estava a procura de novos tecidos, com funcionalidades específicas, para nichos de mercado. “As lojas Parfois são outro exemplo de sucesso, bem como a Vitaminas & Companhia”, diz. E deixa o alerta: as agências de viagem são uma área de negócio que deve começar a pensar em trazer valor acrescentado ao cliente, agora que qualquer consumidor pode comprar viagens pela internet.
A inovação não estanca aqui. Os pequenos negócios de família não podem descurar a sua actividade. Devem procurar chegar a cada vez mais consumidores, reformular estruturas organizacionais e manter rentáveis os seus negócios. Devem concentrar-se em desenvolver a sua actividade, pensando já no próximo produto que vão oferecer. Os processos de inovação têm que ser intrínsecos. “A receita não é igual para todos, a inovação nasce dentro da empresa, dos seus processos, das competências dos seus recursos. O exemplo a seguir é a abertura à inovação e a permanente procura de melhoria contínua”, diz Jorge Martins.
Cinco dicas para inovar com sucesso
1. Partilha de ideias
Interiorizar a metodologia e a cultura de inovação, envolvendo os colaboradores nos processos criativos e promovendo a partilha de ideias dentro da empresa.
2. Optimização dos recursos
Apostar em recursos humanos qualificados e na optimização do conhecimento interno.
3. Parcerias tecnológicas
Maturar e planificar os processos de inovação, sem esquecer a importância das parceiros. As empresas devem saber gerir o potencial dos parceiros.
4. Novas competências
Apostar na formação contínua e desenvolvimento de novas competências dos seus colaboradores.
5. Financiamento adequado
Implementar projectos com controlo de prazos e de custos. Saber observar e estar abertos a novos desafios.
Como estimular a inovação
Construa uma cultura organizacional
As empresas devem encarar a experimentação e falhas como aspectos essenciais para a criatividade. A partilha de conhecimento deve ser promovida através de meios de comunicação formais e informais. Devem incluir a inovação nos seus valores corporativos, tornando-os visíveis através de “clippings” de notícias ou de placards. Integre o tema no Manual de Acolhimento da empresa.
Assegure que a gestão de topo assume um papel impulsionador
Comece por envolver toda a gestão de topo na reflexão, análise e monitorização das iniciativas ou programas de inovação. Promova a adaptação à mudança nas estruturas de liderança, bem como o lançamento de novos líderes para o desenvolvimento de actividades de inovação. Estes devem apoiar as iniciativas da empresa, como as caixas e concursos de ideias. Os espaços comuns da organização devem ser aproveitados pela gestão de topo para a apresentação de mensagens de cariz inovador.
Defina uma estratégia de inovação transversal à organização
Crie um plano de acção para a inovação, que permita a concretização de uma estratégia, sua respectiva medição e desempenho. Alerte o marketing para a importância do tema e promova reuniões periódicas de análise estratégica transversais às áreas funcionais da organização. Podem recorrer a modelos de incentivo à criatividade, envolver os colaboradores na análise das condições da envolvente e das competências da empresa e fomentar a comunicação em torno da estratégia da inovação.
Fonte: Jornal de Negócios
antonio saias on Seg, 28th Mar 2011 12:41 pm
tenho ideias – como julgo toda a gente – sobre coisas que me fariam jeito e não existem no Mercado. 72 anos de idade, a viver sózinho, última necessidade que superei, de maneira fácil, foi adaptar um tapete sintético, áspero ligeiramente, entre os azulejos do banheiro, à altura exata de encostar/esfregar as costas. Inspirado de visita a uma vacaria de gado leiteiro.
Funciona perfeitamente, substitui, com vantagens óbvias, as clássicas escovas de cabo comprido – para esse efeito.
qualquer FÁBRICA de material para Casas-de-Banho, com design adequado (textura, cores) ganharia preferência com a disponibilização deste produto.
ainda à semelhança do que acontece nas VACARIAS, um rolo rotativo – género da lavagem automática de automóveis – acionável sob pressão das costas, mais sofisticado mas tb mais caro, não deixaria de ser sucesso de procura
muita inspiração – bons resultados