Inovação: 10 tendências para 2012
Janeiro 2, 2012 by Inovação & Marketing
Filed under Notícias
O Negócios fez 10 trabalhos sobre outras tantas tendências para 2012, e a forma como vão condicionar a política, a economia e a sociedade portuguesa. Na edição de segunda-feira será publicada a última destas análises, sobre as funções do Estado. Hoje, damos-lhe os factos mais relevantes de cada uma das tendências
Soberania
CEE, Maastricht e euro: marcos de perda de poder
A adesão à CEE é um marcado na história económica e política nacional. Ao passar a integrar um espaço comum, Portugal passa a aceitar ceder o seu poder de decisão em numerosas áreas para um directório, formado pelos seus parceiros comunitários. Na área económica, o levantamento das restrições alfandegárias e a liberalização dos movimento de capitais, numa primeira fase, e a assinatura do Tratado de Maastricht, numa segunda, são marcos importantes. Maastricht traz consigo as sementes do euro, e das instituições que o governam, subtraindo aos países a possibilidade de terem política monetária própria. A política cambial fica também completamente manietada a partir de 1999. Restou aos Estados a política fiscal e a orçamental.
Troika colocou Portugal com rédea curta…
Desde Maio de 2011, altura em que assinou o memorando com o FMI/BCE/Comissão Europeia, que Portugal prescindiu dos dois instrumentos de política económica que lhe restavam: a política fiscal está nas mãos da troika, tal como a política orçamental, ambos subju-gados ao propósito da consolidação.
… E o eixo franco-alemão pode apertá-la
O futuro depende das soluções que forem encontradas pelos líderes europeus para a crise do euro. Mas, caso as propostas avançadas pelo eixo franco-alemão avancem, Portugal verá a sua capacidade para decidir onde e como aplicar os impostos dos seus cidadãos a encolher significativamente.
Emigração
“Boom” da emigração igual ao dos anos 60
Os especialistas em migrações não têm dúvidas de que a “sangria” de portugueses para o estrangeiro irá acentuar-se a partir de 2012.
Jovens qualificados na porta do embarque
A emigração iletrada dos anos da ditadura dará lugar a uma massa de portugueses licenciados, que não encontram empregos qualificados.
Saída do país com carácter permanente
O pensamento de uma emigração transitória que marcou o séc. XX (ainda que depois “eternizada” na prática) dá lugar a planos de saída mais permanentes de jovens com menos ligação familiar.
Angola e Brasil no horizonte
João Peixoto, do Observatório daEmigração, nota a tradicional buscade novos destinos. Depois do Brasil,França, Luxemburgo, Suíça, MédioOriente e Alemanha, os “novos”viram-se agora para Angola e Brasil.
Incentivo inédito do governo
Três governantes arriscaram sugerir aos compatriotas qualificados que encontrem lá fora os empregos que a economia nacional não lhes oferece.
Novas oportunidades
Ciências da vida e saúde em crescimento
As novas oportunidades de negócio estão a aparecer nas ciências de vida e de saúde, não apenas pela evolução tecnológica, mas pela necessidade de se endereçar o aumento da esperança de vida e pelas restrições orçamentais que obrigam a corte de custos.
Novas competências na saúde
Dada a associação das tecnologias à saúde começa-se a criar a necessidade de haver equipas multidisciplinares a trabalhar nesta área de investigação e empresarial.
Sectores ligados às tecnologias
A evolução tecnológica está a trazer novas formas de trabalhar e de viver. E surgem oportunidades ligadas às tecnologias nas mais diversas áreas. O que implicará recursos qualificados nesta área.
Mais profissionais não qualificados
Apesar das tendências descritas acima, continuará a haver procura por profissionais não qualificados, nomeadamente ligados aos comércio e serviços, assim como na indústria transformadora, minas e construção civil, isto tendo em conta as ofertas nos centros de emprego.
Regulação financeira
Reforço da regulação do sector financeiro
Os reguladores internacionais vão continuar a mover-se com o objectivo de tornar mais sólidas as instituições financeiras, procurando evitar que voltem a ter de ser resgatadas com dinheiro dos contribuintes.
Separação na banca
Os reguladores dos EUA, do Reino Unido e da Europa Continental estão a promover a separação entre o investimento nos mercados e a gestão das poupanças dos cidadãos e empresas.
Harmonização das regras
Um dos principais obstáculos está relacionado com as diferenças que existem entre os principais blocos económicos mundiais. Os países do G20 têm conseguido consensos importantes, mas continuam a permitir oportunidades de arbitragem regulatória.
Europa
Euro resiste, resta saber com quem
A maior parte dos analistas políticos, casas de investimento e até agências de “rating” continua a cifrar em mais de 50% a probabilidade de a união monetária europeia resistir à crise. A emergência de um núcleo duro dentro do euro, em torno da Alemanha e dos que partilham a sua tradição orçamental, é uma hipótese (sempre) em cima da mesa. A questão decisiva prende-se com o encaixe da França. É preciso esperar pelas eleições presidenciais de Maio de 2012.
UE flexível a entradas e às primeiras saídas
Já hoje a União Europeia se desenvolve em torno de eixos distintos para acomodar essencialmente o Reino Unido, que não quer fazer parte do euro nemdo espaço de livre circulação de pessoas. Poderá tornar-se num modelo mais flexível para acomodar novas adesões (sobretudo quando se pensa, a prazo, numa Ucrânia). Já quanto à ruptura como Reino Unido ninguém acredita que resulte num abandono da UE.
Guerra cambial contra a globalização
Proteccionismo, na forma menos ostensiva mas não menos corrosiva da guerra cambial, é uma tendência forte para 2012. Porque igualmente forte é a probabilidade de regresso a um quadro recessivo de toda Europa e até dos EUA, onde Barack Obama procurará ser reeleito em Novembro. A China voltará a ser o principal alvo. Porque a valorização do yuan será fundamental para os “velhos ricos” recuperarem alguma competitividade.
Direitos e deveres
Menos emprego
Com cerca de 700 mil pessoas oficialmente identificadas como desempregadas, a taxa de desemprego está no máximo histórico de 12,4%. Todas as previsões apontam para um agravamento da situação nos próximos anos. A Segurança Social assume que a taxa ficará acima dos 10% até 2015.
Mais trabalho
O tempo de trabalho vai aumentar em duas horas e meia por semana, no privado, sem acréscimo de retribuição. A redução da compensação por horas extraordinárias vai cair e serão introduzidos regimes de flexibilidade. Por outro lado, em muitas empresas há menos pessoas, pelo que cada uma terá de se esforçar mais.
Menor salário
Os funcionários públicos vão perder parte, ou a totalidade, do subsídio de férias e de Natal. O aumento do trabalho no sector privado, aliado à redução de férias e de feriados, implica um corte indirecto no sector próximo dos 10%. O salário mínimo não vai subir e o alcance dos aumentos negociados em contratação colectiva será limitado pelo Governo, que já anunciou que não vai publicar portarias de extensão. As horas extraordinárias sofrem um corte e há muitas empresas que fazem acordos ilegais para a redução de salários. As prestações sociais serão menos generosas e os impostos sobre o rendimento vão subir.
Viver sem crédito
Contas caucionadas diminuídas nas PME
Um dos instrumentos de tesouraria para as PME são as contas a descoberto, mas estas vão continuar a ser cortadas.
EP Têm de conter endividamento
Os alertas já foram dados. As necessidades de financiamento das empresas públicas estão a cortar crédito à economia. Em 2012, os limites ao endividamento das empresas vão apertar. Terão de o fazer, em muitos casos, junto do próprio Estado.
Famílias terão de viver com menos créditos
A tendência deste ano da banca de reduzir créditos às famílias vai continuar. Os particulares vão ter de pedir menos dinheiro emprestado aos bancos e assistirão, simultaneamente, ao agravamento das condições contratuais.
Banca tem de reforçar
rácios de capital As restrições de crédito à economia têm uma origem. A própria banca tem de reduzir a carteira de crédito, em percentagem dos depósitos.
Poder
Mais troika, menos estado
O programa de ajuda a que Portugal está submetido diminui o espaço de manobra do Governo, na exacta proporção em que aumenta os poderes da troika que fiscaliza as contas públicas e a execução do calendário de reformas.
Estrangeiros no lugar de nacionais
A crise económica e financeira em Portugal gera uma necessidade de liquidez aproveitada por investidores estrangeiros de diversas nacionalidades, com destaque para os angolanos, brasileiros e, mais recentemente, chineses.
Privados de olhos
nas “jóias da coroa” A onda de privatizações, desencadeada pela necessidade do Estado em realizar receita, abre a porta aos privados em sectores como as águas, aviação, correios, televisão, ou transportes públicos.
Capital forte para dívida fraca
Quem tem capital vê o seu poder relativo na escala do poder aumentar em proporção da fraqueza dos endividados, num contexto em que o preço da dívida ficou mais caro e obrigou ao reforço de garantias na sequência da detrioração da qualidade dos créditos.
País mais pobre
Corte nos rendimentos e aumento dos custos
O leque de medidas que o Governo, estimulado pela troika, tomou, vai conduzir a uma redução dos rendimentos, por um lado, e a um agravamento dos preços dos bens e serviços, por outro.
Portugueses perdem poder de compra
Salários e pensões mais baixos, bem como prestações sociais menos generosas e acessíveis, vão deixar os portugueses com menos dinheiro. Por outro lado, os preços cobrados pelos bens e serviços vão aumentar. Com isso, reduzem-se as importações e diminui-se o défice comercial. O aumento da receita fiscal, combinado com a quebra na despesa pública, endireita o défice público. A quebra do consumo reduz margens das empresas e agrava o desemprego.
As funções do Estado
Menos empresas públicas
O Estado vai diminuir a sua presença no sector empresarial, com a extinção já anunciada de algumas empresas. Mas a agenda implica um plano de privatizações, deixando o Estado de estar na energia, nas comunicações, na aviação e parcialmente nas águas. Nas autarquias, espera-se também a redução de empresas municipais.
Reforço da regulação
O Governo tem falado na necessidade de reforçar a regulação, conferindo aos reguladores mais autonomia e independência. Está, para isso, a realizar um estudo sobre todos os reguladores.
Menos investimento público
O investimento promovido pelo Estado continuará a encolher, chegando aos dois dígitos de contracção no próximo ano (-13%).
Racionalização de estruturas
Está prevista extinção e fusão de organismos públicos nos ministérios. O Governo diz que reduzirá 40% das organismos, um conceito que pode abarcar tanto direcções-gerais, como comissões de estudo. A poupança prevista é de 100 milhões de euros em 2012.
Serviços públicos mais caros
Serviços como a saúde vão aumentar para a generalidade dos cidadãos, com a subida das taxas moderadoras no acesso a consulta e urgências, mas também com a redução das comparticipações pela via fiscal.
Fonte: Jornal de Negócios
Tell us what you're thinking...
and oh, if you want a pic to show with your comment, go get a gravatar!