Inovação: Quem são os maiores inventores do Brasil

Agosto 1, 2011 by  
Filed under Notícias

Conseguir uma patente é garantir a propriedade intelectual de uma inovação. Não precisa ser um novo produto: contam também as melhorias e as formas inéditas de usar o que já existe. Por isso, o número de patentes deveria ser um bom indicador de quanto cria uma sociedade ou organização. Mas, no Brasil, as companhias de todos os tamanhos ainda usam pouco a proteção legal da patente. Essa é uma das conclusões do mais recente levantamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) com as 50 instituições que mais fizeram pedidos de patente no Brasil entre 2004 e 2008. “Basta olhar para o que as empresas vêm fazendo e o número de patentes. Existem um descompasso muito grande”, afirma Jorge Ávila, presidente do INPI. Foram registradas no Brasil 27.050 patentes em 2008, o que representa crescimento de 18% na comparação com 2004. No primeiro semestre de 2011, uma contagem parcial indica 15.192 registros.

É a segunda edição da lista, publicada pela primeira vez em 2006, com dados do período de 1999 a 2003 (o atraso acontece porque os pedidos demoram ao menos 18 meses em análise). O ranking lista as instituições campeãs, todas com sede no Brasil, e o número de patentes que elas depositaram durante os quatro anos. Na interpretação do presidente do INPI, as empresas estão inovando mais do que patenteando.

Há várias explicações para isso. Entre as empresas menores pesa a falta de conhecimento de como e o que patentear. Entre os que têm conhecimento, as justificativas são outras. “Os empresários reclamam da lentidão, do custo do processo, do trabalho que dá que especificar a patente. Também reclamam que os concorrentes podem ver e copiar”, diz Alfonso Abrami, especialista em inovação na consultoria Pieraccini. O trabalho de Abrami é ajudar as empresas a inovar e a proteger suas criações. A falta de incentivo também está entre as reclamações. “Não existe a cultura de patentear no Brasil. Nós recebemos 15 prêmios de inovação no exterior. Ganhamos outros aqui, mas nenhum com a mesma importância, o mesmo reconhecimento”, afirma Régis Sá, gerente de novos negócios da Novelprint. O dono da empresa, o italiano Giuseppe Arippol, é a pessoa física que aparece em melhor colocação no ranking 2004 a 2008, na 16ª posição, com 51 patentes. Matheus Rodrigues, fundador da Máquinas Man, aparece na 37ª posição no período 2004 a 2008, com 30 patentes, mas é a pessoa física mais bem colocada num levantamento mais amplo, de 2000 a 2008 — seu número de patentes sobe para 74.

O topo da lista é dividido entre grandes companhias e universidades. Petrobras e Whirlpool ficaram com a 1ª e a 4ª colocações, respectivamente. São empresas já com tradição de inovar – a Whirlpool em eletrodomésticos, a Petrobras na busca de petróleo abaixo do leito oceânico. Entre as criações da Whirlpool que renderam patentes está um forno que libera vapor d’água, para deixar o assado úmido. Na Petrobras, uma das invenções mais celebradas é uma ferramenta que permite expandir, no subsolo oceânico, a área de extração de petróleo ao redor de um poço já perfurado, sem aumentar o risco de vazamento. Antes, a empresa precisava usar os serviços de empresas que têm ferramentas equivalentes.

Unicamp, USP e UFMG completam o grupo de elite. Para as universidades, contou muito o incentivo dado pela Lei de Inovação, de 2004. Ela obrigou as instituições a criar uma agência de inovação para incentivar os professores a fazer parcerias com empresas e a proteger as invenções.

O cenário em que empresas e universidades avançam afastadas umas das outras não é o ideal. A agência Inova, da Unicamp, vem aproximando os dois lados. Ela consegue por ano, em média, cinco contratos de licenciamento de patentes para empresas. É apenas 10% do número de patentes que a universidade costuma pedir, um pequeno avanço diante dos resultados pífios dos anos anteriores a 2004. O pesquisador Nélson Durán, do Instituto de Química da Unicamp, diz que as companhias brasileiras ainda têm medo de procurar as universidades. “Falta para a indústria entender que os pesquisadores podem criar coisas boas para o mercado”, afirma. Um terço das patentes da Unicamp vem do departamento de química, que fez 217 pedidos até 2010. “Com as patentes, as universidads ganham poder de barganha para negociar com as empresas. Mas o ideal é que a parceria aconteça desde a concepção da ideia”, afirma o economista americano Walter Park, especialista em propriedade intelectual e inovação. Do lado das empresas também parece haver interesse. “É importante que as universidades façam pesquisas centradas nas necessidades contemporâneas, com resultados mais imediatos na vida das pessoas”, diz Mario Fioretti, gerente de inovação e design da Whirlpool na América Latina. Hoje as parcerias já acontecem, mas em frequência ainda muito baixa perto do potencial.

Relação dos 50 principais titulares de pedidos de patente depositados no Brasil, no período de 1999 a 2008, com prioridade brasileira

Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Intelectual

*Multibrás e Embraco se uniram e foram incorporadas à Whirlpool em 2006. Alguns registros do grupo ainda estavam no nome da Multibrás.

Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Intelectual

*Os 18 pedidos em nome de duas pessoas são os mesmos. José Luiz Parreira Fiúza e Marcio Antonio Bandeira Lopes são co-depositantes
Fonte: Revista Epoca


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One Comment on "Inovação: Quem são os maiores inventores do Brasil"

  1. antónio saias on Dom, 7th Ago 2011 4:13 pm 

    seria interessante que o INPI português publicasse listas correspondentes.
    Universidades e particulares ficariam esclarecidos sobre o que se passa a nível nacional

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