Marketing: A bolha da vez, momento atual tem indícios de excesso no crescimento de empresas de internet

Maio 18, 2011 by  
Filed under Notícias

A compra do Skype pela Microsoft por US$ 8,5 bilhões, na semana passada, acendeu a luz amarela entre investidores e analistas do setor em todo o mundo. A forte valorização das empresas de internet – lista que inclui Facebook, Twitter, LinkedIn e Groupon – tem preocupado especialistas, que veem nessa alta de preços os primeiros sinais de uma nova bolha da internet. O motivo do alerta remete à crise que as companhias pontocom enfrentaram em 2000: crescimento acelerado, executivos cada vez mais bem pagos e uma enxurrada de recursos financeiros, informa a reportagem de Bruno Rosa, Bruno Villas Bôas e Fernanda Godoy.

Apesar do temor, os dois momentos guardam diferenças. No fim dos anos 90, as companhias do setor ainda atravessavam a fronteira entre os mundos físico e virtual, com pesados investimentos em infraestrutura, exigindo alto nível de endividamento, e sem garantias de receita futura. Hoje, o modelo de computação na nuvem e softwares abertos exigem menos gastos, a publicidade on-line está mais madura e o tráfego de usuários é infinitamente maior.

Ainda assim, Eric Schmidt, presidente do Conselho de Administração da Google, afirmou, em fevereiro, que há fortes sinais de que uma bolha está se formando, em resposta à valorização do rival Facebook. Em oito meses, o valor estimado pelo mercado para a rede social mais popular do mundo saltou de US$ 34 bilhões para US$ 100 bilhões. O Groupon, site de compras coletivas que prepara o lançamento de suas ações na Bolsa, teve valorização de US$ 1,3 bilhão para US$ 15 bilhões em um ano. O LinkedIn quase duplicou sua expectativa de captação, para US$ 315 milhões.

– A valorização de empresas de internet preocupa porque o retorno sobre o investimento e a receita futura são incertos – diz Carlos Affonso, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio.

Segundo ele, o risco também está no fato de a maior parte dos usuários desses sites ser aficionada por inovação. Ou seja, se a empresa não oferecer novidades o tempo todo, pode perder boa parte dos clientes.

– Quantos sites já não surgiram e acabaram? A compra do Skype pela Microsoft é interessante, pois a empresa não é lucrativa, e o valor foi acima de todas as expectativas do mercado – afirma Affonso.

Em vez de uma, várias bolhas

O assunto ganha força. Chegou a ser tema de capa da última edição da britânica “Economist”, prestigiada revista de negócios. Na reportagem, destaca-se que o Vale do Silício, sede de empresas de tecnologia, vive um momento oposto ao resto da economia americana, que ainda não conseguiu se recuperar da crise financeira de 2008.

Alguns analistas acreditam que a bolha é, por enquanto, concentrada em empresas de mídia social e compras coletivas. São companhias que têm sido assediadas por fundos de private equity, ansiosos por descobrir um novo Facebook ou Twitter. Existem, portanto, várias pequenas bolhas no mercado, afirma Paulo Veras, autor do livro “Por dentro da bolha”, sobre a crise da internet na década passada.

– Existem semelhanças entre o movimento da bolha passada e o atual, como o excesso de liquidez no mercado para empresas de internet. Elas estão recebendo muito dinheiro de investidores e isso aumenta o seu valor, mesmo que não tenham um modelo de negócio bem estabelecido. No fim dos anos 90, tínhamos a clara expectativa que uma hora a casa ia cair e a bolha estouraria. A geração de caixa pelas empresas era uma discussão muito distante – diz Veras.

Desde agosto de 2010, empresas sobreviventes da primeira bolha passaram por uma corrida na Nasdaq, a bolsa de valores que reúne companhias de tecnologia dos EUA. As ações da Apple, por exemplo, subiram 43,1% até a última sexta-feira. Também avançaram Yahoo! (25,9%) e Google (17,4%). Microsoft teve ganho de 6,56%.

O índice Nasdaq, no entanto, nunca se recuperou totalmente da bolha. Chegou a marcar mais de 5 mil pontos, em março de 2000, no auge do otimismo. Hoje, está na faixa de 2.800, mesmo patamar em que se encontrava antes da crise financeira de 2008. De olho nesses números, diz Cezar Taurion, gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil, grandes investidores passaram a diluir seus riscos, apostando em empresas diferentes.

Fonte: O Globo



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