Marketing: Portugal com mais de €5 mil milhões de incobráveis

Maio 27, 2011 by  
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O último relatório do Índice de Pagamentos Europeus (EPI) efectuado pela Intrum Justitia revela que as empresas e os consumidores agravaram o atraso nos seus pagamentos nos primeiros meses deste ano.

Portugal, que neste estudo tradicionalmente aparece na cauda da Europa no que respeita ao índice de risco de pagamentos, ocupa nesta edição a penúltima posição imediatamente antes da Grécia. O estudo revela ainda que no caso das empresas portuguesas o atraso nos pagamentos é de 41 dias e no caso dos particulares é de 34.

No que respeita aos pagamentos em atraso, o estudo indica que a percentagem de pagamentos recebidos a mais de 90 dias foi de 31% (21%), o que comparativamente a 2010 significa um agravamento de 48%. Para além disso, revela ainda que quanto mais tempo as facturas ficam por pagar, maior será a dificuldade em cobrar a totalidade da dívida.

Incobráveis continuam a aumentar

 

A percentagem de incobráveis continua a aumentar em Portugal atingindo os 3.2% no inquérito de 2011, bem acima da média europeia. Também aqui temos verificado algumas alterações, nomeadamente em relação à percentagem média de incobráveis que tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, nos países da Europa: 1.9% em 2007, 2% em 2008, 2.4% em 2009, 2.6% no inquérito de 2010 e 2.7% este ano.

Em Portugal, segundo este estudo, 64% dos inquiridos acredita que os riscos de pagamento vão aumentar nos próximos 12 meses, enquanto 9% acredita que irá diminuir.

Em relação às empresas inquiridas, 67% (63% em 2010) prevêem perdas de rendimentos devido a atrasos de pagamentos ou incobráveis e 78% (73% em 2010) receiam pela liquidez das suas empresas. Destas empresas, 63% afirmam que os pagamentos em atraso estão a impedir o crescimento de toda a sua estrutura.

Este ano, também foi colocada aos Directores uma questão sobre o que acreditavam ser as principais causas para os seus clientes pagarem com atrasos e 95% (91% em 2010) argumentaram que se devia a dificuldades financeiras. Em muitos países, isto transformou-se num ciclo vicioso – recebe-se com atraso, paga-se com atraso.

Atrasos nos pagamentos vão manter-se

 

Das empresas participantes, 27% (36% em 2010) consideram que os riscos de atrasos nos pagamentos da parte de clientes irão manter-se, enquanto 64% (55% em 2010) pensam que irão aumentar. O sentimento das empresas não é positivo.

O estudo revelou ainda que 57% dos inquiridos disse que a recessão global afectou negativamente as suas vendas e 47% disseram que se encontravam com liquidez negativa.

As diversas economias europeias, revelam-nos, neste estudo diferentes histórias. A maior economia europeia, a Alemã, mostra já alguns sinais de crescimento económico e no que respeita ao valor de incobráveis, verificou-se em 2010 uma descida de 8%. Por outro lado, na Inglaterra, a terceira maior economia europeia, os incobráveis subiram 33%.

O estudo revela ainda que na Europa cerca de 65% das empresas esperam em média 92 dias (contra 85 dias em 2010) antes de recorrerem a empresas de gestão de cobranças. Relativamente a Portugal, 53% (30% em 2010) dos inquiridos aguardam uma média de 137 dias (159 dias em 2010) antes de recorrerem a entidades externas.

Perda de €9,3 milhões por dia

 

No que respeita aos credores na Europa, o estudo indica que estão a perder diariamente cerca de 9.3 milhões de euros, em valores que não conseguem receber pelos bens e serviços fornecidos. As dívidas incobráveis atingiram 312 mil milhões de euros e no decorrer dos últimos cinco anos atingiram 1.300 mil milhões de euros.

De acordo com Luis Salvaterra, Director Geral da Intrum Justitia Portugal, “Um dos efeitos negativos da depressão económica no nosso país é o aumento no número de dias que os consumidores e as empresas estão a demorar para pagar as facturas em atraso. E, consideramos que esta situação vai piorar, uma vez que vão ser implementadas várias medidas de austeridade, incluindo cortes nos salários do sector público e aumento do IVA, entre outros“.

O mesmo responsável acrescenta ainda que, “A realidade relativamente às dívidas resultantes de pagamentos com atrasos ou não pagamentos de facturas de bens e serviços fornecidos subiu agora para níveis perigosos em toda a Europa, sendo uma ameaça real a longo prazo para várias economias nacionais“.

No que respeita ao nosso país, Portugal apresenta um quadro preocupante, e não apenas devido aos atrasos nos prazos de pagamento. Grande parte dos inquiridos (45%) afirma que as suas empresas investiram menos em inovação e investigação devido à desaceleração económica. Esta situação vai comprometer a nossa competitividade“, afirma Luis Salvaterra.

Fonte: Expresso



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